O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

Sessão de 14 de Novembro de 1924

9

* Qual é actualmente a sua situação?

Não tive ainda qualquer informação que me elucidasse a esto respeito. Não compreendo quê ôsse funcionário .tivesse vindo a Portugal, onde se encontra, por seu livre alvedrio, por sua espontânea vontade, e que não tivesse sido justamente'so-. licitado para isso por imposição do Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros que, porventura, pretende retirá-lo da nossa representação em Berlim para que, durante a sua ausência, haja unf pouco de luz e higiene naquela legação.

Creio que o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros me irá elucidar sobre estes dois pontos que concretizo novamente.

-Primeiro:

Segundo:.,; Qual a situação em que se encontra em Portugal o Sr. Veiga Simões ?

^Foi ele chamado porventura para se defender e para prestar quaisquer declarações na sindicância que lhe ' está sendo feita, estando por conseguinte na situação de todos os funcionários que se encontram debaixo da alçada de uma sindicância ?

Há um outro ponto de que também me quero ocupar, e que é de maneira a ferir bastante o nosso sentimento patriótico.

Este ponto é também melindroso e escabroso. Compreendo todos esses melindres, melindres até de ordem pessoal, melindres de ordem política, melindres porventura, até mesmo, eu sei lá! de ordem internacional.

Trata-se de uma figura eminente da Ee-pública, trata-se de uma personalidade que a Eepública quási divinizou, como fazendo até depender porventura o seu futuro da acção «patriótica», «enérgica» e «inte-

ligente» emfim com todos os adjectivos e superlativos, que a nossa língua possui.

Eesumindo. Era uma personalidade que realizou uma daquelas situações a que um publicista num interessante livro apresentava O super-homem.

Eefiro-me ao Sr. Norton de Matos.

Deste lugar ouvi. quando se constituiu o actual Governo, e quando o Sr. Eodri-gues Gaspar veio fazer a sua apresentação ao Senado, S. Ex.a dizer que tinha encontrado uma situação e que perante ela nada podia fazer.

Disse-me também S. Ex.a que o Sr. Norton de Matos não era já para ele aquele aventureiro a que se referiu, com aquela finíssima ironia que todos lhe conhecem, quando era simplesmente Deputado, e que já não era aquela vítima de uma doença moral, que tinha encontrado em Londres um sanatório como o melhor lugar emfim para o tratamento dessa mesma doença.

Achei muito estranho que depois do que se disse, e do que se escreveu e afirmou, e o que é mais, do que se documentou em livros e jornais, e que depois daquela célebre interpelação do Sr. Cunha Leal na Câmara dos Deputados, o Sr. Norton de Matos continuasse à frente da nossa legação em Londres, pois julguei que ele não era o homem de maior categoria e de dignidade oficial para nos representar perante uma Nação, que é um colosso, uma nação que marca no concerto do mundo, emfim uma nação que para nós tem a situação muito especial de ser, desde velha data, nossa aliada.

O Sr. Presidente :—Deu a hora de se passar à ordem do dia. Consulto a Câmara sobre se permite que S. Ex.a continue no uso da palavra.

Vozes: — Fale, fale. Concedido.

O Orador : — Agradeço à Câmara a sua gentileza.

Como cristão não me alegro com a desgraça dos outros, e se dependesse de rnim salvar do abismo o meu maior 'inimigo, fá-lo-ia, ainda que ficasse de mal com os meus amigos.