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Diário da» Sessões do Senado

As minhas reminiscências históricas dizem-me que latifúndios suo aqueles grandes territórios que os nobres nos séculos III e iv na Itália aproveitaram e conservaram.

Estou convencido quo a culpa destas palavras tem-na o Sr. Plínio da Silva.

E tem a culpa por causa de uma associação de ideas.'

Os seus colegas, contemplando-o, acharam-lhe vestígios romanos, e perante o seu nome romaníssimo, lembraram-se daquele grito do célebre Plínio o Velho, que é lactifundius Italiam perclidere.

A soa presença é que deu este resultado.

Doutra maneira, não sei.

Só há a preocupação de regulamentar os chamados terrenos baldics, ou incultos, de uma maneira equitativa, perfeitamente.

Agora, se com a mesma preocrpação romana, se quere voltar ao regime das lei's agrárias de Tibério Grraccho, Scipiao, Emiliano e Cácio Graccho, veja-se o (]ae lhes aconteceu, o que entretanto estou certo q cê não acontecerá pela pasta da Agricultura, a quem esta dirige, porque as gentes conservadoras não são de recoío.

Vamos, parece-me, entrar novamente no regime romano em que nãc era pprnri-tido a cada cidadão possuir mais de 500 geiras.

Outro ponto interessante ó o que respeita a liberdades.

E bem conhecida aquela definição de liberdade do aclaração dos Direitos do Hornenij nos artigos 4.° e 5.°

Ali se diz que só se pode impedir o que' seja nocivo à sociedade.

£. Está S. Ex.a disposto a manter o que foi preconizado no Porto, pelos seus amigos, quanto a restituir-se à sua pureza a lei de Separação da Igreja?

Então a liberdade para os católicos é nula.

Plena liberdade! Mas dentro da lei.

A lei não proíbe senão aquilo- que seja nocivo à sociedade.

k Então pode haver liberdade de associação para quem quer que seja, íoleram-se clubes onde se organizam listas de assassinatos, e não se podem juníar pessoas para tratar^dos feridos, dos pobres, para fazer obra de beneficência?

,jSão nocivos à sociedade homens que se juntam para ensinar criíinças?

Ò Sr. Ministro da Instrução Pública sabe bem e.poderá dizer alguma cousa acerca de serviços prestados pelos homens a que me refiro.

S. Ex.a foi um benemérito. Lembro-me de que S. Ex.a foi premiado com uma rnedalha, ao mesmo tempo que uma irmã dessa sociedade humanitária o foi também.

Vou terminar as minhas considerações.

Nada valeria estar- a divagar sobre cousas de que sempre se fala, mas que não são curapridas.

Limito-me a fazer os meus cumprimentos e estimarei que. a despeito de todas as. circunstâncias que venho "apontando, o Governo possa fazer muito bem ao País. Acima de tudo está a Pátria, e os homens que a servem merecem sempre o respeito e a consideração de todos. s

Ao Sr. Plínio — gosto muito dos Plí-nios — aconselho que tome para modelo o Sr. Plínio Júnior. Do homem que escreveu o melhor latim no tempo de Trajano, eu lembro estas máximas:

Não há maior felicidade do que a de fazer o bem que se deseja.

Não há maior grandeza de alma que o de faze. o bem que se pode fazer. -

Siga, pois. o Sr. Plínio o caminho, do seu homónimo. ;

Ele defendeu os cristãos da perseguição de Tra-jano, porque.já nesse tempo eram vítimas de muita calúnia, e ele convenceu Traja.no dn falta de verdade das acusações, conseguindo pôr termo à perseguição e entrando-se num regime daqueles que hoje nós poderíamos chamar de — liberdade religiosa.

Seja V. Ex.% pois, o modelo do seu homónimo e creia'que será feliz.

O orador não reviu.