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Sessão de 10 de Dezembro de 1924

que queria manter a pureza da lei da separação da igreja do estado?

4 Abdicou S. Ex.a da extinção da legação que nós temos junto do Vaticano ?

Isso é preciso sabê-lo, tanto mais que está no Ministério um candidato que foi a essa legação. S. Ex.a o dirá.

E nesta liberdade que S. Ex.a sujeita ao cumprimento da lei, ó que eu tenho muito receio, porque V". Ex.a sabe que quando foi das acusações que nos fizeram de nós termos ainda a escravutura em S. Tomé e Príncipe, os ingleses, liberalíssi-mos. tinham na lei o serviço militar voluntário.

Mas dava-se o caso de que todos tinham de cumprir a lei, e ela dizia que os- que não sentassem praça voluntariamente eram chicoteados.

Cumprimento da lei, £ qual será a lei?

Era bom que S. Ex.a também o justificasse.

Tem S. Ex.a bem junto de si o Sr. Ministro da Justiça, pessoa que tem vastos conhecimentos, sabe bem as deficiências e. as necessidades da nossa organização judiciária, e que portanto o poderá auxiliar nesta obra, de forma a nós só termos a agradecer o trabalho de S. Ex.a por nos vermos assim livres de injustiças e despesas sempre desagradáveis, devidas à chicana que a maior parte das vezes se faz nos nossos tribunais à roda duma questão.

Pena é que o Sr. Presidente do Ministério, que já esteve na pasta da Justiça, não tivesse, nessa altura, encarado o problema e avocasse a si a honra de termos 'uma reforma judiciária como agora nos é anunciada.

E aqui estão analisadas, pouco mais ou menos, Sr. Presidente, as declarações que o Sr. Presidente do Ministério leu à Câmara com uma voz bem timbrada, com a eloquência grande dum orador sagrado — perdão, eu não queria dizer assim, eu desejava dizer um sagrado orador—, com aquela voz natural dos homens duma terra, como S. Ex.a diz, da beira-mar, que são fortes, serenos o audaciosos.

Sou dum povo que tem como trio — e oxalá ele viva sempre — o sonho, o heroísmo, a virtude que são para o espírito o que o sangue, o ar e a luz são para a vida,, e só faço votos para que S. Ex.a viva dentro«da Constituição

— porque se dela se afastar para nós virão horas amargas — e peço que S. Ex.a só veja, nesta forma como eu mo exprimi — sem perífrases, sem ilusões, sinceramente—, a lealdade como traduzo o sentir °da maioria daqueles que aqui estão, que se o não disseram foi por virtude de conveniências políticas a que eu não sou obrigado, o que me dá a liberdade de falar como acabei de o fazer.

Tenho dito, Sr. Presidente.

O orador não reviu.

O Sr. D. Tomás de Vilhena: — Sr. Presidente : £ o que será feito daquele lindo cravo rubro que o Sr. Presidente do Ministério ostentava com tanta galhardia na botoeira do seu fraque?

Esse cravo fez com que eu várias vezes implicasse com S. Ex.a, porque.,na realidade tinha às vezes aspectos verdadeiramente impertinentes.

Agora vejo que o cravo se desfolhou, e o que vejo é emergir da algibeira do seu fraque — que já tem todo o talhe dum fraque conselheiral, porque da tribuna da propaganda para a tribuna ministerial há uns balances que trazem modificações — aparece aí agora uma pontinha de lenço branco, e, como S. Ex.a muito bem sabe, branco é a cor da paz.

(jTerá esse lenço a significação Pax hominibus bónus voluntatis?

Ora há aqui uma questão grave: é saber quais são os hominibus bónus voluntatis.

De resto estou convencido que S.Ex.a, o antigo tribuno da propaganda, o homem que no Congresso do Porto produziu afirmações verdadeiramente ultra-rubrae, estou convencido que S. Ex.a está entrando num caminho de moderação, e está vendo que nem sempre quem governa pode ir atrás dessas aspirações que, saem um bocadinho do cadinho daquilo