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Sessão de 14 de Janeiro de 1925

Discursos proferidos na sessão n.° 3, de 9 de Dezembro de 1924, e agora integralmente publicados

O Sr. Procópw de Freitas: — Sr. Presidente : nestes últimos tempos tem a República perdido alguns dos seus Vultos mais importantes.

Ainda há pouco tempo tivemos de lamentar a morte de Boto Machado e Alves da Veiga, o hoje, infelizmente, temos de lamentar a morte do ilustre oficial que foi o coronel Malheiros, um dos revolucionários d& 31 de Janeiro,

E com o maior sentimento que eu me associo às palavras do Sr. Pereira Osório e do Sr. Presidente,*

O Sr. Procópio de Freitas :-^- Antes de iniciar as. considerações que pretendo fazer, cumpro o devor de cortesia de apresentar os meus cumprimentos ao Sr. Presidente do Ministério. e à, todos os seus colegas.

Noto que o Ministério está incompleto; falta-lhe o Ministro ^la Marinha.

Não sei quais foram as dificuldades que teriam havido para que essa pasta não fosse preenchida.

Não deixou de me causar estranheza o facto de o Sr. Pestana Júnior ter aceitado a pasta das Finanças, porquanto nunca me chegou ao conhecimento que S. Ex.a se tivesse dedicado a assuntos financei-, ros. . . - - - ;

Contudo, se aceitou é porque se julgava com aquela preparação necessária rpara poder desempenhar um'i cargo de tanta responsabilidade.

O Ministério que hoje aqui se apresenta traz' içada Uma bandeira que diz sor radical.

Eu não reconheço bandeira radical senão uma, que ó a do Partido Republicano Radical.

A bandeira que o Governo traz içada ó uma das bandeiras do Partido Republicano Português, isto é, do partido que se tem adaptado até hoje u todas as situações para poder governar sempre e para sempre poder dominar. É assim que eu interpreto a bandoirá; que ô Governo-diz trazer içada.

O próprio jornal O Mundo disse que o-Partido Republicano Português se tem.

adaptado a todos os programas dos partidos, no intuito de poder dominar sempre.

Dá-se agora uma situação interessante dentro do Partido Republicano Português í é que dentro dele se formaram dois partidos,'um que se diz das esquerdas, outro das direitas.

O Sr. Costa Júnior: —Como sabe isso?

O Orador: — Não tenho que dar satisfações a V. Ex.* São os factos que o comprovam.

'Eu estou convencido dê que, apesar do apoio que o Partido Republicano Português diz dar a este Governo, lhe há-de suceder a mesma cousa que aconteceu com o Governo do Sr. Rodrigues Gaspar.

Quanda o Sr. Rodrigues Gaspar formou Governo., imediatamente se tratou de: minar para o deitar a terra na primeira oportunidade. E agora estou convencido de que 'dentro do Partido Republicano Português já se está a pensar na forma de derrubar o Governo do Sr. Domiúr gnes dos Santos no primeiro momento.

Estamos, portanto, na seguinte situação: o Partido Republicano- Português-não governa, nem deixa governar.

' Sr. Presidente: como marinheiro qúé sou, não admira que faça-por vezes referências a cousas de marinha. Assim, diz : o direito internacional marítimo que o comandante dum navio de guerra, para garantir que a bandeira que içou não ó um estratagema, mas sim o que lhe pertence, a deve firmar, ao iça-la, por um tiro de canhão, o que corresponde à sua palavra de honra de que a bandeira representa de facto a nacionalidade do navio. - Evidentemente quê o Sr. Domingues dos:Santos não pode dar o tiro de canhão, riem eu vou pedir a S. Ex.* a sua palavra de honra, mas o que eu desejo è que os actos do Governo correspondam ao que ^ se diz no programa ministerial, porque «ó assim eu acreditarei que a bandeira que traz içada não é um estratagema. - -