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Diário das Sessões do Senado

digo : melher fora que se não tratasse deste assunto.

A Madeira criou uma indústria nos Açores, não é justo que ela agora a vá destruir.

O Sr. Vicente Ramos disse que a& bor-dadeiras gastam o que ganham em Itixo, em meias de seda.

Raparigas belas, da minb.ii terra, de olhos lindo», estão qnási tubsrculizadas na ânsia de ganhar alguma cousa de ondo tiram também para se vestir, nesrno para urnas meias de seda na modestíssima aspiração de parecer bem, ess£g criaturas estão a sacrificar a sua saúde aos bordados da Madeira porque eles o íoram lá introduzir.

Não é ;usto que se olhe para essa gente com olhos de fartura, para resolver a crise à custa da miséria dos outros.

O orador não reviu.

O Sr. Procópio de Freitas :— Sr. Presidente : a descrição muito detalhada do que é a indústria dos bordados, feita pelo Sr. Vicente Ramos, veio dar carradas d-3 razão à minha reclamação.

Disse o Sr. Vicente Ramos ene se empregava uma enorme quantidade de gente na indústria dos bordados e do tal maneira que ela, não cabendo já dentro dos limites da população madeirense, se estendia para os Açores.

Se de um momento para outro fahar o trabalho, é preciso avaliar bem o qne pode suceder a essa enorme população madeirense e açoreana também que se emprega em tal indústria.

E verdade que a indústria dos bordados veio fazer com que houvesse muita dificuldade em encontrar serviçais, mas isso não é razão para se querer mal a essa indústria.

É absolutamente legítimo que uma pessoa qualquer deixe de ser serviçal e passe a ganhar, na indústria dos bordados ou em qualquer outra, o que precisa para o seu sustento.

É também verdade que muitas pessoas, antes do desenvolvimento enorme da: uela indústria, não tinham dinheiro pr.ra usar meias de seda e chapéu, mas meiaii de seda podem usar todas as pessoas q::e têem pés e chapéu todas as pessoas que têm cabeça, e tenham dinheiro para comprar estes artigos.

Em resumo: é absolutamente necessário providenciar de modo que os milhares de pessoas que.vivem exclusivamente da indústria dos bordados não fiquem de um momento para o outro na miséria e sejam nuiis outras tantas pessoas que ficam sem trabalho nesta enorme crise que estamos atravessando.

O Sr. Ministro do Comércio e Comunicações (Plínio Silva):—Ouvi com imensa atenção as considerações feitas pelos Srs. Procópio de Freitas, Vicente Ramos e Medeiros Franco.

Essas consideraç&es constituíram uma elucidação tal que rapidamente deu a todos nós os elementos necessários para bem apreciar o assunto.

O Governo foi surpreendido pela reclamação do Sr. Procópio de Freitas. Isto, em parte, deve dar satisfação aos ilustres representantes dos Açores, porque mostra que o Governo não tem o propósito de modificar a situação actual e tinha o dever, se assim pensasse, de lealmente ouvir os dois Srs. Senadores que apoiam este Ministério.

ísto Governo, ou qualquer outro, não tem, do facto, o direito de restringir o desenvolvimento da indústria dos bordados ou a colocação dos seus produtos, tanto mais que foi a Madeira que apelou para os. . .

O Sr. Procópio de Freitas {interrompendo} :—A indústria dos bordados nos Açores continua a desenvolver-se. Agora o que não se deve é permitir quo venham os produtos da Madeira para os Açores.

Estabelece-se diálogo entre os Srs. Ministro do Comércio, Vicente Ramos e Procópio de Freitas.

O Orador: — Como V. Ex.a viu, os estabelecimentos instalados nos Açores eram sucursais da indústria não —chamemos--Ihe assim— da Madeira, e foi a Madeira que em dado momento foi pedir aos Açores auxílio e colaboração.

Os estabelecimentos dos Açores são pois sucursais e filiais da Madeira e nestas condições permita-me V. Ex.a que lhe digd que não percebo como é que o Governo pode ter interferência neste assunto.