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Sessão de 21 de Janeiro de 192õ

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fervor, desde a sua mocidade, que eu tenho apreciado S. Ex.n e me acostumei a admirá-lo desde os tempos de Coimbra.

Mas, como Ministro, santo Deus, isso .nunca.

Kstá absolutamente deslocado nesse lugar e, para felicidade sua, convenço-me bem do que curta será a sua passagem pelas bancadas do Poder, como igualmente o foi da outra vez quando S. Ex.a sobraçou a pasta da Instrução Pública.

Dentro em breve ir-se há embora do Ministério, aborrecido com tudo e com todos e mais uma vez convencido de que ó inútil toda a boa vontade o bom desojo de servir o País perante o imprevisto e a constante intriga dos bastidores da política. .

O carácter do Sr. João de Deus liamos .não se compadece com as tricas partidárias, nem com as pugnas de galináceos entre «bonzos» e «canhotos»... que lhe tolherão por completo a iniciativa no que de interessante e útil'poderia fazer dentro do seu Ministério.

Ir-se-há embora dentro eui breve, embora tenha do ;deixar ainda por algum, tempo no Poder o Sr. José Domingues dos Santos.

Aí fica o vaticínio, que é fácil de fazer. Para isso basta , atentar em que o Dr. João de Deus Ramos, sendo republicano de sempre, podia ter sido muita cousa já neste País e nesta República, na sua grande generalidade do pigmeus querendo passar por grandes homens.

Podia ter-se cumulado já, a 14 anos de regime redentor... de misérias para tanto revolucionário civil e dedicado defensor, de grossas benesses, que a cada passo o Estado republicano despeja no regaço-dos seus filhos dilectos.

João de Deus Ramos nem sequer arranjou uni banco para se sentar .à lauta mesa do Orçamento.

Tem sido sempre um homem modesto, de simples aspirações e com uma instintiva repugnância pelas cousas da política. Apenas foi Ministro uma vez para não aquecer o lugar como por acaso tornou agora a sê-Io para voltar, dentro de pouco tempo, para a tranquilidade da sua casa e para os seus habituais labores em que mais útil pode ser ao País.

São esses, pelo menos, os votos que

faço cm atenção à velha amizade e estima que tributo ao meu antigo condiscípulo.

Vejamos agora qual é a situação do (íovôrno perante o proclamado apoio da maioria.

A esse respeito algumas considerações me sugere o discurso do Sr. ilerculano Gralhardo, que levou duas sessões a dizer que decididamente ali estava para apoiar o Governo e com um apoio leal, franco <_ p='p' sincero.='sincero.'>

Tanta insistência do ilustre Senador da maioria, deve "certamente atribuir-se ao receio em que está de que não lhe tomem tais afirmações muito ao pé da letra . . .

Realmente nunca vi em outras situações ministeriais anteriores, e igualmente organizadas com elementos do Partido Democrático, tam clangorosa dedicação como a que agora o Sr. Galhardo oferece a .este Governo.

É caso para. fazer desconfiar o Sr. Presidente do Ministério. . .

Se S. Ex.a conta caminhar com o auxílio de tal. muleta, está .bem. servido.

Em breve irá ao chão.

Não esqueça o Sr. Presidente do Ministério que logo no início do seu discurso o Sr. Herculano Galhardo íoi dizendo que o -Governo não ora do seu Partido, mas sim do bloco, como querendo-significar que o programa ministerial, afinal, não é o. do Partido Republicano Português e, não o sendo, tem o ilustre Senador os seus movimentos livres, não tendo compromissos a respeitar e não sendo, portanto, obrigado a dar-lhe aquele «incondicional apoio» a que se presta sempre uma sólida e compacta maioria.

Deve ainda lembrar-se o Sr. José Domingues dos Santos do que o seu t dedicado» correligionário, segundo as suas próprias palavras, «se descolou» abinitio do encargo de defender e apoiar certas passagens e afirmações da declaração, ministerial, o que é,, sem dúvida, a porta de saída para uma boa dose de pancadaria., quando seja oportuna.