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Sessão de 10 dê fevereiro de 1920

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sassmio das principais individualidades da República, e que isso se faz impunemente sem intervenção da autoridade, com o consentimento dela nas próprias barbas do Sr. Presidente do Ministério—que as não tem — assim pode o Governo dizer que a ordem é mantida porque'para baixo disto não será fácil ir. Tenho dito.

O Sr. Silva Barreto: — Sr. Presidente: nesta altura da sessão eu não tomaria a palavra senão para definir o que é em matéria de educação a escola liberal.

Segundo os jornais, na última sessão da Câmara dos Deputados houve alguém que fez a apologia .do ensino jesuítico.

A 14 anos de República nunca supus que dentro de um partido republicano se fizesse a apologia da educação jesuítica.

Muitos apoiados.

Sr. Presidente: eu compreendo que faça a apologia do ensino jesuítico quem dele nada conheça, mas em consciência eu tenho a dizer, como professor que sou, da escola donde saem os educadores da mocidade, que tenho o dever de levantar aqui o meu protesto.

Muitos apoiados.

Sr. Presidente: eu conheço o suficiente da educação jesuítica para não admitir que ela seja elogiada dento da República e muito menos da Democracia.

O ensino jesuítico é aquele que desenvolva na criança o sentimento da espionagem e da delação. •

Não sou eu quem fala: são os grandes clássicos dos séculos, xvn e xvm que foram discípulos dos jesuítas, e os próprios padres seculares e congreganistas; é t> terrível libelo acusatório feito perante Roma pelo grande Marquês de Pombal.

Sr.1 Presidente: poderia eu argumentar com Q monita secreto encontrado no espólio das congregações, mas não o faço visto que eles declaram que esse documento é apócrifo ou não lhes pertencia; mas posso fazê-lo com outros elementos que constituíam um verdadeiro . tema~pedagó-gico e que leva os seus discípulos à delação e à espionagem.

A educação jesuítica em Portugal fez, realmente, escola entre as classe superiores, mas nunca conseguiu ganhar raízes nas camadas populares.

Todos sabem que o ensino jesuítico tinha por sistema a catequese, a obediência passiva, pondo de parte o raciocínio e a inteligência; e eu pregunto se pode ser considerado um educador aquele que tem como tema da sua instrução a passividade absoluta, a obediência completa às ordens superiores.

Se não quisesse cansar a Câmara, citaria algumas obras de autênticos jesuítas, como, por exemplo, a de Soares.

Nessa obra, que os jesuítas não podem renegar porque ó pertença da própria seita, fazem-se afirmações, como esta:

«Quando vires que é branco, mas o teu superior disser que é negro, embora em tua consciência tenhas a certeza de que é branco, concorda com ele de que é negro.»

Outra afirmação:

«Se algum superior que te mandar for louco, não te importes cem Jsso, acata as ordens dele, porque, se é louco, é-o por vontade de Deus».

E muitas outras afirmações desta natureza, que são perfeitos dogmas das ordens religiosas e portanto princípios que se impõem sem o mais .leve exame a todos os que seguem as suas doutrinas.

Sr. Presidente: em tempos, José Dias Ferreira, sendo censurado por consentir que alguém da sua família fosse internado no colégio dos jesuítas, respondeu: é porque os colégios dos jesuítas são os melhores do mundo.

Só pode diser isto quem não conhece a organização jesuítica. A organização jesuítica baseia-se nos seguintes princípios: aborrecimento da família e amor à ordem.