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Diário das Sessões do èenado

me fez, transmitirei ao Sr. Ministro do Trabalho as considerações de V. Ex.a

Tenho dito.

O orador não reviu.

O Sr. Silva Barreto: — Felicito-mo por ter abordado esta questão de que me serviu de guia a imprensa, visto que não assisti à sessão.

Sr. Presidente: eu nunca pus em dúvida que o ensino fosse nesse tempo e nesses colégios ministrado por homens de elevada cultora literária e scientífica. Seria mesmo faltar à verdade se viesse dizer que os jesuítas eram ignorantes.

De forma nenhuma. O que ou disse e sustento é que a base do seu ensino assentava ern princípios condenados pelo espírito liberal.

O.Sr. D. Tomás de Vilhena:—Sr. Presidente : estimaria que se encontrasse aqui o Sr. Presidente do Ministério porque era principalmente a S. Ex.a que desejava dirigir-me.

Desejava que o Sr. Presidente do Ministério esclarecesse o Senado sobre palavras e factos que lhe foram atribuídos por ocasião duma manifestação bastante suspeita que se realizou sexta-fcira passada. Parece que a alturas tantas no meio duma vozearia quando ribombou unia bomba à porta do Banco de Portugal, houve uns tiros e o Sr. Presidente do Ministério duma janela do seu Ministério declarou aos que o ouviam que ia mancfar proceder a um inquérito .e que a força pública não tinha sido criada ou instituída para espingardear o povo.

Foi isto o que disseram os jornais, até mesmo aqueles que têm sido considerados até agora como órgãos oficiosos de S. Éx.a

Isto de fuzilar o povo simplesmente por manifestar as suas ideas, é na verdade um crime que nenhum de nós pode sancionar; mas" também é preciso saber se nós podemos estar aqui a carregar com uma verba enorme no Orçamento do Estado, pare, a guarda, republicana ou outra força pública ao estoirar uma bomba, aos vivas à revolução social e à Rússia Vermelha, vi--rar as costas, cruzar os braços 01 fugir r. correr para o seu quartel.

E por isso. Sr. Presidente, qtie eu desejava quo o Sr. Presidente do Ministério aqui estivesse para me esclarecer»

O Sr. Presidente: — O Sr. Presidente do Ministério manda dizpr que lhe é com-pletamonte impossível vir ao Senado, porque está assistindo na outra Câmara a um debate político.

O Orador:—Lamento muito, porque estimaria saber se es'&as palavras foram preferidas, porque eu, que mais ou menos acompanhei essa questão, não ouvi nada quo significasse qualquer apoio as Governo.

O que vi, foi a proclamação da Rússia Vermelha.

Os ^gritos eram os mais subversivos contra a ordem social.

Seguidamente, tive ocasião de assistir a parte do comício, onde ouvi cousas espantosas; a incitação ao assassínio político, aclamado por centenares de vozes, emfim tudo quanto há de mais repugnante.

j Assisti a tudo isto, e tudo se fez sem a intervenção da autoridade!

Ainda há pouco tempo, presidindo a uma reunião monárquica, pelos anos do Sr. D. Manuel, houve um dos presentes qae deu um viva ao Sr. D. Manuel; pois, Sr. Presidente, imediatamente apareceu um representante da autoridade.

Pois no outro dia, no Teireiro do Paço, tudo se passou bem a autoridade intervir.

£ Ora diga-me V. Ex.a, Sr. Presidente, se nós podemos estar tranquilos com um Governo que permite semelhantes licenças?

^ Diga-me V» Ex.a se o país pode estar contente, sossegado, quando se permitem actos tam extraordinariamente atentatórios da ordem social ?

Isto das manifestações espontâneas, que há um tempo para cá vêm tomando proporções verdadeiramente assustadoras, poderá produzir mais dia, menos dia, factos de uma gravidade tal, em que as primeiras vítimas serão aquelas que hoje estão fficultando, favorecendo, essas manifestações.

Nada pior do que favorecer a guerra entre classes, em vez de se conciliarem interesses, de se apaziguarem ódios.

Parece que há um gosto esquisito, doentio de levar uns contra os outros.