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Sessão de 10 de Fevereiro de 1926

O Sr. Ramos de Miranda:1—É para proguntar a V. Ex,a a que horas se entra na ordem do dia.

O Sr. Presidente; — Já devíamos ter entrado.

O Sr. Augusto de Vasconcelos:—

Registo o facto, porque não é assim que se tem procedido nos outros dias; só hoje ó que houve o cuidado de se lembrar a hora de entrarmos na ord^m do dia.

O Sr. Presidente : — Havendo alguns projectos na ordem do dia que não podem ser discutidos, visto não estarem'presentes os Srs. Ministros das. pastas a quê dizem respeito, eu consulto o Senado sobre se permite que use da palavra o Sr. Augusto de Vasconcelos.

Foi aprovado. • .

O Sr. Augusto de Vasconcelos : —Agradeço a V. Ex.a e à Câmara a sua interferência neste assunto.

Poucas palavras proferirei, visto não estar presente o Sr. Presidente do Ministério.

As considerações que eu apenas vou esboçar dizem respeito ao mesmo assunto sobre o qual já falou o Sr. Roberto Baptista.

Quási que teria de limitar-me a fazer minhas as palavras do Sr. Koberto Baptista, de tal modo elas-interpretaram os meus sentimentos e os do meu Partido sobre o assunto.

Em todo o caso' não deixarei de dizer mais alguma cousa.

O Sr. Presidente.do Ministério, quando se apresentou no Terreiro do Paço a tomar posse . do seu cargo, disse que as suas principais preocupações seriam dar a este País pão e liberdade.

Sobre o pão, já o Sr. Ministro da Agricultura nos deu a «grata» notícia que vai subir de preço, e sobre liberdade, a-Asso-ciação Comercial está sentindo os duros efeitos da promessa do Sr. Presidente do Ministério.

Também S. Ex.a declarou, tanto nesta casa do Parlamento como na outra, que manteria a ordem a despeito de tudo, contra tudo e contra todos.

Estamos' vendo; mas pareço-me útil

saber que espécie de ordem é que'o Sr. Presidente do Ministério, mantém, porque me parece que é uma ordem de funil, visto que uma associação de classe respeitável e considerada, como é a associação Comercial, vê as suas portas encerradas pelo facto • de ter protestado contra decretos do Governo, ao passo que outras associações, • que mais têm desrespeitado os seus estatutos, ficam incólumes das iras governamentais*

Ora quem perturba a ordem não'ó uma colectividade como a Associação Comercial; quem a perturba são os díscolos o desordeiros que lançam 'bombas e que promovem comícios onde se fazem as mais tremendas ameaças conjra os ho* mens do regime. ! .

A estes chama S, Ex.a os «seus amigos».

Este processo diferente de manter a ordem é que me parece qne não pode sor adoptado nem sancionado pelo Parlamento.

Apoiados da. direita. 'Eu estou inteiramente de.acôrdo, com o Sr. Ministro do Comércio quando S. Ex.a em resposta ao Sr. Roberto Baptista diz que o exército deve ser colocado fora de todas as questões políticas e mantido na situação de prestígio e respeito que lhe ó devido.

Estou perfeitamente de acordo, mas pré-gunto se foi o Parlamento . quem trouxe para a tela da discussão o exército ou só são os órgãos do Governo O Mundo e A Batalha. -

Foram estes órgãos do Governo que em palavras que não quero aqui repetir trouxeram o exército para a tela da discussão.

Espero que o Sr. Presidente do Ministério venha a esta Câmara dar-nos explicações a respeito de factos tam extraordinários que estão perturbando á vida da Nação e que nos estão levando para uni caminho que eu não sei qual será, mas quê certamente não' será o caminho da paz e tranquilidade de que a sociedade portuguesa tanto precisa.