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Sessão de 4 de Março de 1925

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Falou depois o ilusfre Senador Sr. D. Tomás .de Vilhena, a quem agradeço as palavras de consideração pessoal que teve para comigo, que, de resto, jái^ão é a primeira vez que me dirige, pois o mesmo - fez quando já de outra ocasião tive a honra de ser Ministro das Finanças. . •

Agradeço também a S. Ex.a a justiça que me fez sobre o meu modo de^ ser político.

Sr. Presidente : disse o ilustre Senador Sr. D. Tomás do Vilhena haver antigos monárquicos que têm aderido à República.

Eu direi a S. Ex.a que, efectivamente, muitos têm aderido ê que servem a República com toda a dedicação e lealdade.

Acho que ó mais natural que passem conservadores para o lado dos radicais, do ,que o contrário.

É talvez a diferença do nosso modo de ver. Tenho visto os periódicos que defendem as ideas políticas de S. Ex.a entoar hinos àqueles que trocam pelas fileiras republicanas as monárquicas. £ Porque não havemos nós de fazer o mesmo quando se dá o facto contrário?

Ora o Sr. D. Tomás de Vilhena disse que devemos orientar-nos, antes de mais nada, pelos princípios de justiça e equidade que parece caberem bem tanto dentro da consciência de um republicano como na de um monárquico. Estamos de acordo e oxalá que todos procedessem sempre dentro dessa regra.

S. Ex.fl ficou muito admirado por eu ter declarado que seguia a orientação da obra financeira do Governo transacto. Se S. Ex.a tivesse sempre seguido o meu modo de ver e a minha orientação de Ministro das Finanças, não devia essa declaração causar-lhe grande espanto.

A obra financeira que se quere realizar neste País vem do tempo do Sr. Álvaro de Castro, mas não quero deixar de reivindicar um pouco para mim uma parte dessa obra, porque eu, em todas as propostas que tive a honra de apresentar no Parlamento e em todas as medidas que tive a honra de promulgar, nunca tive outra orientação nem outro critério que não fossem o estabelecimento de uma política profundamente radical, que, só não tinha o desenvolvimento social que eu desejava, era porque o meio mo não permitia.

• O Sr/ Silva Barreto:—^Pèço a palavra para um requerimento.

O Sr. Presidente:—Tem V. Exla á palavra. •

O -Sr. Silva Barreto: — Com a devida autorização do'Sr. Presidente do Ministério, que me permitiu que o interrompesse, requeiro a prorrogação da sessão até terminar esto debate.

Consultada' a Câmara, foi aprovado o requerimento.

O Orador:—Continuando as minhas considerações e a respeito da melhoria cambial a que se referiu o Sr. D. Tomás de Vilhena, de\o dizer que S. Ex.a fez considerações análogas às da declaração ministerial.

• Disse S. Ex.a que a-carestia da vida se manteve, apesar da melhoria cambial.

Efectivamente é um caso que o Governo já teve ocasião de salientar na declaração ministerial e para o qual procura a solução. Sabe S. Ex.a que, embora o facto seja de lastimar, não é contudo de admirar que tal fenómeno se tenha dado, porquanto ele se tem repetido noutros países.

Isto não é de maneira nenhuma defender o que se passa, porque, se assim fosse, não diria o Governo que ia empregar todos os seus esforços no sentido de que esse estado de cousas termine.

Quanto à questão do pão, poderá ela ser debatida em qualquer outra oportunidade, mas o que posso desde já dizer é que ela está resolvida. Houve demora na chegada do navio que trazia trigo para Lisboa e daí a falta de farinha.

Há, porém, unia afirmação nas palavras do Sr. D. Tomás de Vilhena que eu quero levantar.

Disse S. Ex.a que >a manifestação verdadeiramente imponente pelo número e respeitável pela ordem e correcção, que há clias foi a Belém, era composta de falsos trabalhadores.

Com certeza que tais palavras saíram dos lábios de S. Ex.a unicamente pelo calor da discussão e pela paixão que as ditou.

Eu tenho uma impressão completamente diversa da de S. Ex.a