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Sessão d& 4 de Março de 1925

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lucilo; mas como a minha consciência me dizia que não podia .isoladamente ser útil à colectividade-e sobretudo à orientação do agrupamento de que faço parte, é evidente que não podia aceitar tal encargo sem ouvir a opinião do meu partido e só depois dele me ter dado, por assim dizer, essa autorização e a certeza de que encontraria todo o apoio e boa vontade nas démarches que -se seguissem, aceitei.

Entendo que devia fazer estás afirmações, que destroem em grande parte muitas das que se,têm feito, entre as quais a de que o ilustre Chefe do Estado não tinha andado em todos os seus actos com aquela lealdade que é .própria das suas altas funções e de um homem da grandeza moral de'S. Ex.a

Respondendo agora às considerações feitas sobre a declaração ministerial, tenho a dizer ao Sr. Catanho de Meneses, que falou em nome da representação do Partido Republicano Português nesta Câmara, que sei bem quanto me cumpre zelar os interesses do Estado e o crédito do País. Suponho que todos me fazem a justiça de acreditar que ponho sempre o bom nome do País e o crédito do Estado acima de tudo. ' ' —

Já aqui tive ensejo de dizer que, efectivamente, os homens são diferentes nas suas modalidades, mas não me repugna dizer que nas suas linhas gerais, no seu objectivo principal, p Governo nada tem que pôr de parte da orientação financeira anteriormente seguida. • Falou também o ilustre Senador Sr. Catanho de Meneses da função conciliadora que o Governo terá de exercer.

Não tenham dúvidas V. Ex.as e o Senado. Por parte de todo o Governo serão feitos todos os esforços para que efectivamente a conciliação se estabeleça, para que uma maior harmonia haja entre às diversas classes da sociedade portuguesa. Mas ó bom entendê-lo, Sr. Presi^ dente, sem que isso represente, de maneira nenhuma^ transigência do Estado, sem que represente abdicação de princípios, sem que represente menos dignidade, dos homens que ,se sentam nas cadeiras do Poder. E é tam fácil que essa conciliação se estabeleça que me parece não ser necessário chegar aos extremos a que. S. Ex.a se referiu.

Tratem todos de cumprir a lei, tratem de ter o respeito. 'e consideração pelos outros que querem 'para si próprios, que é muito fácil depois estabelecer a desejada conciliação.

Sei que é difícil a situação; não .sei bem quem são os maiores desrespeitado-res da~ lei, tantos são os que procuram achincalhar os que têm nas suas mãos as rédeas do Governo. E portanto bom que nos entendamos e parece que ó fácil en-tendermo-nos. Dentro dos nossos princípios de respeito mútuo não encontrarão outro Governo mais conciliador do que este. Fora deles, o Governo saberá cumprir o seu dever, porque todos os que o compõem, quando assumiram os seus altos lugares, sabiam bem o momento grave que atravessamos e qual a posição que iam tomar. Não queremos a luta, mas se no-la declararem temos do a aceitar, ficando com a nossa consciência tranquila por a culpa não ser nossa.

Sr. Presidente: querendo, como disse, fa^er uma obra de conciliação, não nos move nenhuma má vontade contra qualquer classe.

Achamos que efectivamente é necessário que todas as classes, todos os organismos se unam para que se complete, por assim dizer, o todo qiíe forma a nação. Mas, Sr. Presidente, também é bom não esquecer, e eu gosto de dizer as cousas com toda a clareza, para que bem nos compreendamos, que, acima de tudo, a principal força que domina na sociedade é o trabalho.

Vejo'chamar nos jornais a determinadas classes «forças vivas». Chego mesmo a preguntar a mim próprio se o trabalho é uma força morta.

Apoiados.

É preciso que as classes intituladas", «forças vivas» não se esqueçam de que são classes secundárias. Se amanhã, num ierreno produtivo, pusermos um -homem, na força da vida, completamente abandonado, ele pode "viver ; se no • meio dum deserto pusermos um homem coberto de ouro ele morrerá no fim de poucos dias.

E por isso, Sr. Presidente, que eu tive ocasião de dizer numa declaração que fiz, ao tomar posse do Governo, que a riqueza só por si é improdutiva e que o trabalho sem a riqueza apenas produz menos.