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Diário das Sessões do Senado

atmosfera que foi criada, e também DOS conciliábulos políticos, apesar dos desmentidos feitos, pois qne das afirmações que se fizeram alguma cousa fica.

Parece, Sr. Presidente, na verdade, inacreditável que aqueles que andam continuamente apregoando a ordem, nias que só da desordem querem viver, que aqueles qne andam pregando a trnnquilidaele, que aqueles que levantam a bandeira da ordem e da honra, procuram por todos os meios ao seu alcance provocar o mal--estar e não encontrem outro meio de solucionar o conflito, senão o de impor ao Cheie do Estado um Governo escolui-do por algumas pessoas que se dizem homens de honra, mas que queriam que o mais alto magistrado da República a ela faltassem, que queriam impor dentro das instituições republicanas um poder militar.

Como V. Ex.as sabem, no dia em qce rebentava o movimento militar apareceu num jornal de grande circulação um artigo em que se dizia que tinha acabado a hora dos veterinários e havia chegado o momento de entrarem em acção os cirurgiões.

Sr. Presidente: o que uns preconizaram d outros habilmente exploraram teve a sua eclosão no dia 17.

Essa revolta militar foi especialmente feita por oficiais subalternos, pois das unidades quo nela tomaram parte apenas uma apareceu com o seu comandante.

Sr. Presidente: de há muito que o Governo vinha sendo informado desse movimento que se preparava, que já por várias vezes estivera para ter a sua eclosão, tendo o Governo conhecimento de que a ordem dada era para que as forças actuassem, no sentido revolucionário, no dia 25 do corrente. Contra-ordens foram dadas e o movimento foi precipitado. O Governo começou a ter as primeiras informações desse facto pelas 10 horas da noite: ao princípio, informações vagas, imprecisas, mas que fizeram com que o Governo começasse a providenciar, tanto mais que a hora em que devia rebentar não «stava determinada.

O Governo estava confiado, e nisso não se enganou, de que podia contar com â grande maioria da guarnição de Lis-•bpa para debelar qualquer movimento qne se desse, e esse facto, para satisfa-

ção nossa e honra do exército português, confirmou-se plenamente.

Sr. Presidente: sabe V. Ex.a e a Câmara que o movimento foi iniciado pela saída de uma unidade militar do seu quartel.

Refiro-me ao grupo de artilharia de campanha, e ó bom lembrar que foi devido ao facto de estar afastado de Lisboa e não haver facilidade de comunicação que fizesse o seu comandante chegar a tempo que essa unidade pôde sair revoltada.

Essa unidade nem trouxe a dirigi-la o seu comandante, nem os seus comandantes de bataria; trouxe apenas oficiais subalternos, e subalternos que acidentalmente ali estavam prestando serviço.

É escusado lembrar. Sr. Presidente, porque de todos é conhecido, qual foi a atitude digna de todo o elogio do comandante dessa unidade, Sr. tenente-coronel Malho.ros.

Sr. Presidente: há um facto que é curioso e interessante fazer destacar.

Uma das principais acusações constan-temente feitas e propaladas por aqueles que se dizem serem os homens da ordem e da disciplina, acusações que agitam o combate contra os republicanos, é a aliança dos civis com as forças militares, por ocasião de movimentos revolucionários.

j Pois a primeira força que saiu revolucionada, e queria estabelecer a ordem, a disciplina, vinha apoiada por elementos civis!

O Sr. Ribeiro de Melo : — Apoiado! Até com bombas!

O Orador: — Em virtude, talvez, de combinações anteriores, duas outras unidades compareciam a tomar parte no movimento.

Foi o 1.° grupo de metralhadoras, que apareceu comandado por um capitão; não apareceram à sua frente nem o seu comandante, nem o seu 2.° comandante.

A ausência do comandante foi verificada por doeiça que tinha retido desde há dias S. Ex.a em casa, e doença de muita gravidade.