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Sessão de 23, 2 i e 20 de Abril de 1925

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possível, não contra a República como eles diziam, mas para afastar do Governo o Partido Democrático—e nesta afirmação não há parcialidade porque há alguns meses já que me afastei do Partido Republicano Português.

Era um movimento contra um partido republicano, contra um partido constitucional, contra o maior partido da República.

Havia de se fazer este movimen'o, não per estar na Presidência do Governo o Sr. Vitorino Guimarães porque tanto a sua vida particular como pública é digna de exemplo, do nosso respeito e consideração, mas porque o Partido Democrático assambarca o Poder há muitos anos para cá, e tinham necessidade—diziam eles — de o derrubar do Poder.

Ora, Sr. Presidente, para derrubar o Partido Republicano Português do Poder é necessário que se anteponham forças organizadas que pelas eleições possam vencer esse partido..

A alma republicana de Lisboa, não a militar, mas a civil, andada sobressaltada, porque sabia que, de verdade, se não atentava só contra o Partido Republicano Português, mas também contra todas as correntes liberais que não tinham sido submetidas por Sidónio Pais e Pimenta de Castro.

Então, fez uma espécie de polícia por sua conta, seguindo pas?o a passo os re-- volucionários; e esses homens tiveram depois a glória de comunicar o movimento ao Governo.

Com mágoa declaro que, tendo esses dedicados republicanos ido dizer ao Governo o que se passava horas antes de rebentar o movimento, afirmando que a sua eclosão estava para breve, o Governo não acreditou: uma parte dos seus membros julgava que era simples boatada.

O próprio Sr. Ministro do Interior, pregimtando-lhe o Sr. governador, civil o havia, respondeu que tinha o« sogro doente e que o que se dizia eram boatos e mais boatos.

Os republicanos, aumentados com muitos correligionários seus, que da província tinham vindo assistir ao Congresso do Partido Republicano Português,'estavam confiados na autoridade.

j Pais as autoridades não sabiam nada, ignoravam e desconheciam o movimento que estava de há muito preparado!

E, Sr. Presidente, as autoridades continuam a ter a confiança do Sr. Minibtro do Interior e não dos republicanos, e en-contramo-nos ainda confiados a essa mesma guarda e vigilância.

O Sr. Ministro da Guerra tinha a dupla condição de ser comandante geral da guarda republicana e de chefe do Exército Português, e não quero agora saber da folha de serviços do Sr. general Vieira da Rocha.

Não quero saber da sua folha de serviços, não estou mesmo para folhear esse livro glorioso de largos anos de serviço no exército colonial e continental, o que eu sei dizer ó que o general Sr. Vieira da Rocha fraquejou, não teve-aquela decisão firme e clara para peremptoriamente debelar a revolução, se o podia fazer.

Não o fez, e o Sr. Presidente do Ministério veio aqui dizer-nos que, contra todos os direitos da mais íntima solidariedade 'ministerial, S. Ex.a levou à presença do egrégio Chefe do Estado os paiiamentá-rios dos revolucionários.

Mas, Sr. Presidente, mesmo que o general Sr. Vieira da Rocha não tivesse cometido essa deslealdade, mesmo que o general Sr. Vieira da Rocha tivesse sido solidário com o Governo, Apensaria o Sr. Presidente do Ministério e V. Ex.a, Sr. Presidente da Câmara, que é um velho general, que a consciência republicana ficava satisfeita ou o galardoava por esse facto?

Não, porque a maior parte dos lealíssi-mos republicanos não ficava satisfeita nem contente com a presença, de S. Ex.a no Ministério, porque V. Ex.a. Sr. Presidente do Ministério Apensa que, debelada a revolução V. Ex.a pode debolar a revolução que ainda vinga no espírito dos republicanos por deixar ficar no comando da guarda republicana o general Sr. Vieira, da Rocha?

E a interrogação que eu deixo à consciência do Sr., Presidente do Ministério.