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Diário das Sessões do Senado-

eni nome de toda a guarnição militar de Lisboa impor a S. Ex.a o Sr. Presidente da República a demissão imediata do Governo, isto sem programa definido porque o grande programa da revolução limitava-se a que «era preciso endireitar isto».

É preciso também fazer destacar que em' todos os outros movimentos revolucionários, por maior discordância que com eles tenhamos, devemos fazer-lhes a justiça de que apareceram sempre com princípios, sempre com medidas, dizendo o que queriam, para onde iam; no actual nada se dizia.

O manifesto que por Gles foi distribuído, esse programa de redenção do país, era esse:

Leu.

Sr. Presidente: quem vem com esses grandes princípios do honra, vem fazer uma imposição ao Chefe do Estado para que se desonre.

Embora seja um facto de pouca importância, necessário é acentuá-lo pelo que revela uma falta de gentileza e de cortesia que pode sempre manter-se entre todos os homens sejam quais forem os princípios que defendam, sejam quais forem os campos em que se encontrem.

E que o ultimutum entregue ao Sr. Presidente da Eepública vinha escrito num quarto de papel o não era assinado por ninguém.

Esse uUimatum dizia efectivamente cue as forças exigiam a queda do Governo e a constituição imediata dum outro Governo presidido pelo comandante Sr. FÍ!D-meno da Câmara.

E mais não dizia, mas acrescentou depois o enviado, Sr. Sinel de Cordes, que ainda uma outra condição havia e que dela faziam questão os revolucionários: era de que o Ministro da Guerra seria ele, general Sinel de Cordes.

O Sr. Presidente da República, quando ou lhe dava conhecimento desta intima-cão como V. Ex.as já conhecem, era mesmo escusado conhecerem as qualidades e as virtudes do ilustro Chefe do Estado, sabem perfeitamente que outra não seria em caso algum a atitude de S. Ex.a

Muitos apoiados.

S. Ex*a disse-me que estranhava muito tal intimação, quo a não podia aceitar nem responder do forma alguma, visto que ao aceitar o cargo de Presidente da

República sabia a responsabilidade que ia assumir, que ao ser investido nas funções de Cheio do Estado tinha pronunciado do alto da tribuna do Congresso, perante o País, o juramento de honra de-defesa da Constituição, juramento que-manteria em toda a sua vida, fosso qual fosso a situação, fossem quais fossem os-perigos com que o ameaçassem.

Sr. Presidente: linha decidido o Go-vGrno o essa ordem tinha sido por mim redigida cni nome do Governo fazer a, entrega ao Sr. comandante da divisão das operações a realizar, devo dizer que o fiz com a consciência amargurada, porque de meus camaradas se tratava pois não posso esquecer-me que sou militar, essa or-dom, quer da minha parte quer da parto de todo o Governo, íoi dada com toda a, presença de espírito o serenidade, para quo depois de feitas as necessárias intimações começassem as hostilidades contra os revoltosos.

Logo quo se verificou que não havia mais intimações a fazer e que portanto as-hostilidades se deviam começar, verificou--se que só passadas 3 horas essas hostilidades tiveram início, o que é facilmente-compreendido por todos o principalmente por aquelos que são militares c conhecem as dificuldades que se antolham na escolha de posições para a artilharia de forma quo o fogo pudesse ser eficaz, poupando o mais possível a cidade, o quo se conseguiu devido à dedicação o grande perícia dos oficiais encarregados do ataque..

Apesar de um bombardeamento inten-síssimo como foi o da madrugada do 18, e aqueles que estiveram na Grande Guerra durante longos anos acostumados no ruído dos grandes bombardeamentos não podem deixar do o conhecer, os estragos foram quási nulos.

Sr. Presidente: deu ordem o Governo para que o movimento fosse debelado apenas com as forças militares e assim se fez, porquo o Governo tinha toda a confiança nessas forças.

Queria o Governo mostrar bem que as forças fiéis tinham toda a sua confiança e seria-m suficientes para sufocar a rebelião.