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IA.

Diárío das Sessões do Senado

Eis a razão por que o general Sr. Vieira da Rocha, que é um grande militar, dedicado republicano, que ó um cidadão prestigioso, não acompanha actualmente o Ministério.

O Sr. Ribeiro de Melo (em aparte):— j Mas é um péssimo comandante!

O Orador: — V. Ex.a não tem o direito de fazer essa afirmação. Muitos não apoiados.

O Sr. Artur Costa (em aparte):—V. Ex.a não sabe nada de assuntos militares, e é sempre muito grave fazer acusações no ar, em assuntos tam melindrosos como este.

O. Sr. Ribeiro de Melo:— É a minha opinião.

O Sr. Artur Costa:—Guarde-a.

O Orador:—Creio poder repetir, sem receio de desmentido, que o Governo constituído numa hora de incerteza, mais uma vez demonstrou que. não iludiu o País, quando na sua declaração ministerial declarou que seria um Governo mais de factos, de actos, do que de palavras.

Foi intransigente com a revolta e a desordem, depois do ter sido imparcial e justo sempre que dentro dos bons princípios se l'i e dirigiram.

E esta a orientação que o Governo continuará a t-eguir.

Mas, Sr. Presidente, ainda alguma ccusa há a fazer para que os factos se não repitam.

Há providencias que é preciso tomar.

E assim eu peço a V. Ex.a para, de acordo com os leaders dos diferentes grupos do Senado, ver se consegue que uma proposta por mini apresentada na outra Câmara, tenha também a sua aprovação nesta casa do Parlamento.

A aprovação dessa proposta de lei mostrará que o Governo merece a confiança do Senado, e se porventura a rejeitarem, é porque entende que ao Governo não devem ser dados aqueles poderes de que ele necessita nesta hora para assegurar a tranquilidade pública e a ordem social.

Tenho "dito.

O orador não reviu.

O Sr. Ribeiro de Melo: — Sr. Presidente: pedi a palavra no momento em que o Sr. Presidente do Ministério mais uma vez deu provas do seu grande coração e deu provas de que sabe ser um camarada exemplar, um colega dedicado e sabe aquilo que deve ao seu lugar de cheíe do Governo.

Exaltou-se o Sr. Presidente do Ministério por eu ter dito que o Sr. general Vieira da Eocha, que foi Ministro da Guerra até à eclosão do movimento revolucionário, era um péssimo comandante.

Os não apoiados de todos os lados da Câmara não me í azem deminuir a satisfação com que eu declarei que era um péssimo comandante, nem sequer modificaram a minha atitude.

Permito-me, Sr. Presidente, analisar os acontecimentos que se deram no dia 17 de Abril e no dia 18.

Vou fazô-lo com serenidade, pondo nessas revelações — porque muitas cousas são revelações — todo o meu sentimento de republicano, toda a minha alma de revolucionário.

O Sr. 33. Tomás de Vilhena (aparte): — O senhor também é revolucionário.. .

O Orador: — Sou revolucionário, Sr. D. Tomás de Vilhena, porque há muito tempo tenho criticado todos os erros cometidos por alguns dos Ministros da Ee-pública; sou revolucionário, Sr. D. Tomás de Vilhena, porque não quero na minha consciência de republicano, nem como ci-dadãc portuguôs, que uin Governo presidido pelo Sr. Vitorino Guimarães seja substituído por um Governo que no seu feitio, nos seus processos seja uma segunda edição do sidonismo.

Creio que V. Ex.a já deve estar satisfeito.

G Sr. D. Tomás de Vilhena (aparte)'.— Vá andando . . .

O Grador: — A revolução que teve início no dia 18 de manhã estava há muito-tempo anunciada.