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Diário das Sessões do Senado

Há ainda um outro ponto de vista que não quero deixar passar sem o meu reparo: ó que a maneira de apreciar estas iniciativas, pela forma' como o foram por alguns Srs. Senadores, prova a descrença e a falta de crédito nessas fontes de receita, que, de resto, são enormes.

Ora quem comparar o trajecto que se poda fazer do Estoril a Sintra, Cabo da Eoca e Cascais e. se lembrar do que aí se pode fazer de belo e de brilhante, com a formosa estrada da Turbie. . . que vai de Monte Cario a Nice, poderá verificar facilmente "que aquela região tem condições naturais mais belas e mais preciosas para .fazer dela um passeio incomparável, do que as que possui a região onde foi construída a estrada a que há pouco me referi, que é uma das maravilhas da Europa.

Certamente que nessa pequena região do nosso país há elementos naturais muito mais belos do que lá. fora, e sendo assim ^ porque se não há-de dar a essas iniciativas o pequeno amparo que elas pedem?

O Sr. Ernesto Navarro: — ; Mas não se pediu cousa nenhuma!

O Orador:—Está bem! Mas apresenta-se um projecto de lei nesse sentido, eu dou-lhe o meu voto, sem querer saber se alguma empresa pediu ou n£o' o auxílio do Estado.

, Eu não vou entrar na discussão dos ricos e dos pobres, o1 que entendo é que-empresas deste género favorecem mais os pobres dos que os ricos.

O Sr. Herculano Galhardo:— ;Não diga V. Ex.a isso!

O Orador: — Se se favorecer de algum modo o' preço das passagens, são certamente os pobres os que mais aproveitam com esses melhoramentos.

O Sr. Ribeiro de Melo : — j Lá vem o meio tostão da Companhia

O Orsáor: — Nós estamos cam distantes de atrair os turistas a Portuga], que O' que sucede é os piqufttos que trazem turistas em grande número e quo tocam

no porto de Lisboa, só por poucas horas aqui permanecem. •

O Sr. Herculano Galhardo : — j É porque não há jogo! " -

O Orador: — Devo dizer a V. Ex.a que não me repugna nada que se regulamente

0 jogo. Nas .estações francesas joga-se sob um regulamento que traz enormes proveitos para o Estado.

O Sr. D. Tomás de Vilhena (em aparte]:— Nesse capítulo não estou de acordo com V. Ex.a Eu sou uni adversário intransigente do jogo.

O Ordor:— Mas isso é u-má outra questão.

O que valia a pena, realmente, era aproveitar todos estes meios de aumentar a riqueza nacional e de explorar oma-cousa que ó tam interessante em Portugal: as condições naturais do nosso País.,

Os turistas1 passam porv Portugal e vão-se imediatamente embora'. Se houvessem estações coino os Estoris, verdadeiramente civilizadas, os turistas ficavam aqui uns dias, sobretudo no inverno, deixando em Portugal muitos milhares de libras. Assim chegam de manhã, vão-se embora à tarde, e vão dizendo de nós:

1 que povD este tam selvagem que não sabe aproveitar as suas riquezas naturais!

Aqui têm V. Ex.as porque dou o meu voto ao projecto, sem querer saber se1 ele aproveita a A ou a B.

O Sr. Ribeiro de Melo : — As considerações que fiz não visavam a provocar aquelas que o Sr. Augusto do Vasconce-:os acaba de produzir.

Não o chamei à barra, porque sou om dos seus mais sinceros admiradores, porque acredito piamente na sua sinceridade inconcussa, e porque sou também dos que não esquecem o seu trabalho' na propa--ganda do ideal republicano.