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31 DE MARÇO DE 1956 785

(...) der das ideias falsas e lhe dar uma concepção verdadeira da vida.

Os rapazes não tom lugar marcado na organização ordinária do centro familiar; mas se a agente familiar tiver alma e coração para estender até eles a sua acção educativa, também para os rapazes se poderá arranjar um lugar.

Em horas diferentes das das raparigas, pelo menos uma vez por semana, o centro poderia abrir as suas portas aos rapazes para actividades educativas e de recreio: trabalhos manuais, canto coral, hora do «conto», frequência da biblioteca e discreta formação moral.
Tratando-se de rapazes acima da idade escolar, é indispensável a presença de um ou mais colaboradores masculinos, com boa formação moral e aptidões para o ensino de pequenos actos e ofícios úteis para a vida familiar e que começarão por ser, na aprendizagem, um entretenimento agradável.
Mas será assim tão difícil - sobretudo se o centro funcionar numa Casa do Povo - encontrar um homem ou um rapaz que queira dar a sua colaboração?!
Sendo a auxiliar rural ainda jovem, conviria também que alguma senhora da terra lhe desse o amparo moral da sua presença nas reuniões dos rapazes.
Evidentemente que, se existir um centro social, é a este, e não ao centro familiar, que compete a assistência aos rapazes.

28. Sugere ainda a Câmara que para empresa de tamanha envergadura, como é levar a todo Portugal a educação familiar doméstica, se faça apelo a todas as boas vontades para que onde não existam, nas Cosas do Povo, centros familiares rurais estes surjam de iniciativa particular, quer pela quotização de uma ou mais freguesias vizinhas, quer pela iniciativa própria e à responsabilidade das casas agrícolas que tenham ao seu serviço normal elevado número de pessoas. Conviria fazer campanha nesse sentido, fornecer elementos de orientação e facilitar a presença de uma assistente familiar para a organização desses centros e até subsidiar os centros criados e mantidos em parte por particulares ou entidades locais.
Parece indicado seguir-se o espirito do Estatuto da Assistência Social: utilizar e favorecer as iniciativas particulares e, na falta ou insuficiência destas, o Estado promover e sustentar as obras que as necessidades reclamarem.

Cursos Itinerantes e serviços de divulgação

29. Mas deverá a educação familiar rural realizar-se unicamente através dos centros, quando noutros países se realiza de mil modos?
Os cursos itinerantes parecem-nos uma modalidade particularmente apropriada ao caso português; com eles se poderia chegar a toda a parte onde a criação de centros rurais não seja possível.
Foi com os cursos itinerantes que se começou em quase todos os países e a sua utilidade tem sido de tal modo reconhecida que, apesar de se abrirem escolas e se organizarem cursos fixos de toda a espécie, eles continuam a carreira, sempre apreciados.
«É que este sistema permite, com um mínimo de pessoal e de despesa, atingir o máximo número de almas».
Na França, onde circulam vinte e sete cursos itinerantes, existem, para estes, trabalhadoras sociais com preparação polivalente: além do curso de educação familiar, é-lhes pedido um certificado de enfermeira por uma escola do Estado e um certificado de especialização rural.
Em Portugal, não existindo assistentes com estas múltiplas especializações, os cursos itinerantes teriam de ser formados por um grupo: uma diplomada com o curso de engenheiro agrónomo, uma assistente familiar e uma enfermeira puericultora.
Esta equipa, transportar-se-ia à aldeia onde devesse actuar, numa furgoneta conduzindo todo o material necessário. (Na Suíça o material vai acomodado em caixas especiais que, vazias, servem de mesas e armários).
Cada curso teria a duração de um mês (ou mais tempo se se julgasse necessário), podendo ser também prolongada a estada numa terra quando, permanecendo no mesmo local, houvesse possibilidade de atingir vários povoados.
Aceitar-se-iam inscrições gratuitas de mulheres ou raparigas de qualquer condição social.
Sempre que possível, o curso colaboraria com as Casas do Povo, entendendo-se também com as autoridades civis e religiosas da povoação e aproveitaria as boas vontades locais que pudessem garantir uma continuidade de acção.
Durante a sua estada na aldeia, a brigada do curso itinerante, se tiver amor pela sua missão, poderá suscitar vocações sociais de colaboradoras benévolas e lançar a ideia de obras locais.
Os cursos itinerantes andariam de terra em terra durante oito meses. Dos quatro restantes, um seria para férias do pessoal e os outros três destinar-se-iam à organização de centros familiares rurais permanentes nas terras onde se tivessem encontrado possibilidades de os fundar ou à vulgarização de ensinamentos domésticos e agrários (como mais adiante diremos).
O ensino seria dado principalmente por exemplos práticos, por demonstrações feitas perante os olhos das alunas. Uma máquina portátil de projecções completaria, pela imagem, o ensino de carácter prático.
Folhetos ou opúsculos muito ilustrados, com texto literário reduzido ao mínimo, serviriam para orientar o ensino de cada disciplina e para oferecer às alunas instruídas.
Programa: economia doméstica; culinária; costura; higiene; enfermagem caseira; puericultura; pequenas indústrias rurais; noções de agricultura; moral e religião.
A par deste programa poderiam, conforme as possibilidades, organizar-se outras actividades subsidiárias:

Cuidando um pouco das crianças, em colaboração com os professores locais, pelo ensino de canções, jogos educativos e outros meios;
Fazendo às mães palestras sobre higiene e puericultura e, conjuntamente aos pais e às mães, sobre educação;
Actuando junto dos homens, com a colaboração do médico, do regente técnico, do professor e de quaisquer outras entidades competentes;
Estimulando o desenvolvimento de pequenos artesa- ' natos em decadência ou abandonados;
Recolhendo canções regionais e quaisquer outras curiosidades do folclore local e elementos etnográficos.

30. É sabido como os serviços de vulgarização doméstica e agrária estão tomando incremento em todo o mundo.
Sem já falar dos Estados Unidos, o número de vulgarizadoras ou conselheiras -como em alguns países lhes chamam - é avultado: Holanda, 39; Suíça, 40; Noruega, 45; Suécia, 90; Dinamarca, 100; Áustria, 144; Alemanha, 150, etc. Na França têm em projecto uma vasta rede de vulgarização com 40 lugares de direcção, 314 professores e 252 monitoras.
Em Portugal, a Campanha de Educação de Adultos já vai na XIX missão cultural, equipa itinerante que leva às populações ensinamentos sobre matérias de educação sanitária e familiar; do mesmo modo, têm sido