1236 ACTAS DA CÂMARA CORPORATIVA N.º 123
Até 1944 tinham sido construídas dezasseis novas barragens e melhoradas cinco já existentes, cujas albufeiras cobrem mais de 71 000 ha. No ano económico de 1942-1943 a venda de energia eléctrica atingiu o valor de 31,5 milhões de dólares, que correspondeu a um lucro de 13 milhões, deduzidos os encargos financeiros, de exploração e de amortização.
As disponibilidades energéticas fizeram baixar as tarifas e aumentar o consumo de energia eléctrica para usos domésticos e agrícolas. A média das tarifas de consumo doméstico passou de 5,52 cêntimos em 1933 para 3,67 em 1942, ao passo que a capitação subiu de 400 kWh/habitante para 2400kWh/habitante no mesmo período. Como reflexo, verificou-se a descida das tarifas praticadas por algumas empresas privadas nos estados vizinhos da zona da T. V. A.
A regularização de cheias e a recuperação do solo permitiram o estabelecimento do novas herdades, cujo número total ascende a 225 000 em 1944, ocupando 1,35 milhões de habitantes.
Simultaneamente, os técnicos da T. V. A. procuraram adquirir a confiança das populações locais, principalmente dos lavradores, para conduzi-los à compreensão e adopção de novos métodos, de trabalho, de defesa do solo e de valorização agrícola. Para este efeito, além da assistência técnica, os interessados recebiam adubos gratuitamente e eram discutidos com eles os problemas locais de mecanização agrícola.
Logo de início, 20 000 herdades aceitaram a orientação da T. V. A., tendo constituído os melhores propagandistas das novas técnicas de exploração agrícola. O êxito foi completo, porquanto nestas, em pouco tempo, a produção já tinha aumentado entre 30 e 60 por cento, enquanto nas empresas não assistidas directamente esse aumento se situou entre 13 e 33 por cento.
Instituíram-se cooperativas agrícolas, assim como cooperativas distribuidoras de electricidade rural, uma delas com 7500 membros e o investimento de 60 000 contos.
A par da valorização agrícola, procedeu-sse ao povoamento florestal; em 1944 a área arborizada abrangia 44 por cento da região no total de 5,7 milhões de hectares, e dos quais 40 por cento pertencem às herdades. A indústria da madeira desenvolveu-se concomitantemente, passando a dar trabalho a um em cada doze trabalhadores do vale e representando um volume anual de negócios de 112 milhões de dólares.
Mercê da regularização e canalização fluviais, o tráfego de mercadorias por esta via passa, entre 1933 e 1942, de 51 para 259 milhões de toneladas-quilómetro.
A indústria teve desenvolvimento paralelo, principalmente no campo dos adubos e do alumínio, tendo chegado a produzir metade deste metal necessário para a aviação dos Estados Unidos na última guerra.
A actuação da T. V. A. baseou-se essencialmente no planeamento, na coordenação e no incentivo de todas as actividades económicas, tendo tido apenas intervenção directa no estabelecimento e na construção das infra-estruturas indispensáveis à revalorização regional. Tratando-se de um organismo federal, procurou e obteve a colaboração das entidades privadas a das autoridades estaduais e locais. Encorajou e coligou o mais possível todos os esforços e meios: o capital privado e os fundos e actividades do Estado, as comunidades locais, clubes, escolas, associações, cooperativas, institutos de investigação, engenharia militar, guarda costeira, obras públicas, Departamento de Agricultura, Ministério do Interior, serviços geológicos e de minas, repartições de caça e pesca, serviços meteorológicos e geodésicos, isto é, praticamente todos os órgãos do Estado.
A seriedade dos objectivos a atingir, o êxito das realizações e a persuasão foram as notas dominantes de toda a actuação, que, tendo encontrado ambiente hostil de início, acabou por conduzir toda a colectividade a colaborar entusiasticamente na consecução do objectivo comum de melhoria do nível económico-social de toda a região.
10. Em França, depois da última guerra, foram postos em execução três planos de fomento, denominados planos de modernização e equipamento; o primeiro, o Plano Monnet, para vigorar de 1947 a 1953, assegurou a renovação dos sectores básicos e a ampliação dos meios de produção. O segundo vigorou de 1954 a 1957 e tinha como finalidade promover a expansão geral e equilibrada da economia francesa, dentro da estabilidade dos preços e da moeda.
Durante a execução do segundo plano, porém, a procura de bens e serviços provenientes da produção e da importação cresceu mais depressa do que o permitiam os recursos nacionais; não tendo sido feitos oportunamente os reajustamentos necessários, o plano deu origem a uma progressão espectacular da produção, mas conduziu à crise financeira de 1957, consequência de um profundo desequilíbrio económico interno e externo.
Desta forma, o terceiro plano de modernização e equipamento, para 1958-1961, considera seriamente a correcção dessas anomalias; os objectivos são mais gerais e complexos, podendo resumir-se em três tarefas imperativas: estabelecer o equilíbrio duradouro das trocas externas; melhorar a produtividade para permitir a expansão económica tendo em vista o Mercado Comum e a evolução das relações com o ultramar; assegurar a formação escolar e profissional da população jovem, preparando a sua integração na vida económica e social da Nação.
Um dos factores de desequilíbrio económico em França reside na grande disparidade de desenvolvimento das diversas regiões: ao norte da linha Caen-Grenoble há vitalidade e progresso, ao passo que ao sul existe uma estrutura fraca e estagnada. Metade da população está concentrada em um quarto do território e absorve dois terços do consumo total de energia do País.
A principal anomalia, reside na excessiva concentração de actividades na região parisiense, que comporta mais de 7 milhões de habitantes. Ali se acumulam, ainda hoje, muitos dos sectores industriais em expansão, 27 por cento do pessoal assalariado da indústria francesa, 40 por cento dos salários declarados por. estabelecimentos industriais e comerciais, 20 por cento dos médicos e dentistas e 43 por cento dos estudantes universitários.
11. Durante a execução dos dois primeiros planos de fomento franceses começou a exercer-se a influência do Estado para atenuar estas distorções (regionais, por meio de um sistema complexo de medidas que abrangem a indústria, à agricultura e a habitação.
Uma das medidas iniciais foi a criação dos serviços de ordenamento do território, que tinham por missão fazer os estudos geo-económicos das diversas regiões do território metropolitano; em virtude de ter sido sujeita a licença prévia a construção ou alteração de imóveis, incluindo as instalações industriais, aqueles serviços passaram a influir no sentido de impedir a sua convergência sobre Paris.
Pode dizer-se que até 1954 o desenvolvimento económico se operou em maior escala por iniciativa privada do que por acção dos serviços públicos. Os planos passaram, a partir dessa altura, a considerar com maior importância a necessidade de serem remodeladas