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12 DE DEZEMBRO DE 1940 133

Infelizmente não será ainda incluído no orçamento de 1941. Formulo, porém, o voto de que o actual Ministro da Justiça tome sobre si o encargo de o lazer edificar, no que terá a gratidão da capital do norte, que tanto anseia por que esses serviços sejam condignamente instalados, para prestígio da justiça e comodidade dos que dela se tom de servir.

Efectivamente, embora a Câmara do Porto, a cuja vereação tenho a honra de pertencer, não se tenha poupado a despesas, quási insuportáveis, para instalar condignamente os diversos serviços, a verdade é que estão tam distantes uns dos outros que dificultam grandemente quem a eles tem de recorrer e quem, como os advogados, nêles tem de trabalhar.

Fica formulado o voto!

Das rápidas e ligeiras considerações que me permiti fazer à proposta se concluo que lhe dou o meu mais decidido aplauso.

Sr. Presidente: a saída de Salazar do Ministério das Finanças fez recordar ao País inteiro os trabalhos insanos, os esforços sobrehumanos com que teve de lutar para nos restituir o crédito perdido e a honra maculada!

Apoiados.

Através de todo o País, nesse momento histórico, per- passou, um frémito de reconhecimento e gratidão a Salazar e mais uma vez a Nação compreendeu e sublinhou que a ele devia a vitória da hora presente!

Vozes : - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não pretendo porque não estou à altura- fazer o elogio de Salazar. É tam grande a sua figura, tam vasta a sua acção, que se muito há a dizer, há sempre receio de dizer pouco, porque se fica sempre para aquém do valor do Homem e da amplitude da sua Obra.

Apoiados.

O que pretendo nesta emergência, em que se discute a lei de meios, que pela primeira vez nesta dúzia de anos não traz o referendum de Salazar, é pôr em relevo, é assinalar esse facto, que constituiu um acontecimento pelo muito que a Nação lhe deve, por essa obra que tornou possível o ressurgimento nacional!

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Em 1928, após ter tomado posse da pasta das Finanças, Salazar, discursando no quartel general do exército, perante os oficiais, disse que havia quatro problemas fundamentais a resolver: o financeiro, o económico, o social e o político.

Acrescentou êle que não era ao acaso que dava aquela ordem a esses problemas e que na base de todos eles, como espinha dorsal do corpo a formar, estava o primeiro.

Como era certo que «em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão , a solução do problema financeiro impunha-se como corolário indispensável à realização dos restantes.

Assistimos, então, maravilhados ao desaparecimento dos deficits, que de crónicos tinham adquirido a posse de estado de instituição nacional.

Assinalemos sempre com orgulho, com vaidade, que Salazar conseguiu o milagre sem auxílio externo, só com os nossos recursos, só com o nosso sangue: obra essencialmente, estruturalmente portuguesa!

Com sacrifício, é certo, com doloroso sacrifício por vezes, sem dúvida, se obtiveram os sucessivos superavits!

Mas, ao fim da batalha, podemos gritar que vencemos!

Salazar tinha anunciado esse sacrifício nas formosíssimas palavras que só êle, que também é um eminente cultor das letras pátrias, sabe dizer:

«È a ascensão dolorosa dum calvário. Repito: é a ascensão dolorosa dum calvário. ;No cimo podem morrer os homens, mas redimem-se as pátrias!».

Era a política de sacrifício de dedicação patriótica, tam admiravelmente exposta, que Salazar nos impunha e que doze anos mais tarde Pétain, em circunstancias bem diferentes, com a sua pátria a sangrar de pela pior das provações, havia de publicar também, como remédio para a salvação da França, que demasiadamente se entregara ao prazer, esquecendo o sacrifício que redime e resgata!

Sem a reorganização financeira não era possível o nosso ressurgimento!
Sem a solução do problema financeiro não se levavam a cabo os outros problemas!
A restauração financeira é pois a razão primária do sucesso da nova política.
E nós sabemos, porque o vivemos, que, equilibrado o orçamento, começou a executar-se o programa anunciado em 1928, cumprindo-se, sucessivamente, com segurança e firmeza.

No campo económico tem-se feito uma obra gigantesca em todos os seus aspectos e actividades: larga obra . de fomento, que levou a toda a parte melhoramentos de toda a ordem; progressos na agricultura, no comércio e na indústria, que à organização corporativa tanto devem já.
A nossa política económica vem sendo posta à prova com a guerra.

Quando quási todos os países estão em regime de racionamento, a nós nada nos falta, não temos escassez de géneros de consumo, e os preços, se têm sido alguns agravados pela razão de origem, o seu aumento é, no entanto, pouco sensível.

No campo social resolveu-se a questão entre o capital e o trabalho pelo entendimento que o Estado estabeleceu entre eles, estando na base da solução do problema a aceitação do conceito cristão da dignificação da pessoa humana.
Na ordem política criou-se um corpo de doutrinas que torna o nosso sistema único pela sua originalidade: criou-se o Estado cristão e é essa concepção que o informa em todos os aspectos
Criou-se a noção do Império, perdida há muito; fez-se a Concordata com a Santa Sé, que o maçonismo e o liberalismo arredaram!

Reintegração do presente no passado; reintegração de Portugal na sua tradição histórica!
A revolução portuguesa, que foi possível por uma solução do material, é essencialmente espiritualista!

Só essa revolução é que tornara possível empreender-se esse acontecimento, que não foi só nacional, porque o foi também mundial, das celebrações centenárias, entre as quais avultou a realização da Exposição do Mundo Português - essa síntese luminosa da nossa História! ressurreição maravilhosa do passado e realização magnífica do presente! esforço de uma raça ressurgida! -lição viva do que fomos e do que somos! -porque, para o levar a cabo, não bastava só a parte material, era necessário acima de tudo que em nós despertasse e radicasse o espírito nacionalista, há muito perdido ou esmorecido por doutrinas internacionalistas que embotaram o sentimento da Pátria, o culto do passado e a confiança no presente!

Sem a revolução que se operou não era possível a política externa de Salazar, que nos trouxe o prestígio de grande Nação e a paz em que vivemos -política que é a coroação de toda essa obra admirável de engenho e de arte de governar!