O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

12 DE DEZEMBRO DE 1940 147

dade de melhorar a sua condição de vida individual e colectiva, tanto no ponto de vista moral como físico!
É que ninguém melhor do que os professores, na qualidade de guias de inteligência e de educadores, poderão ser o espelho vivo da nossa mocidade estudiosa; ninguém melhor do que tam idóneos directores espirituais serão capazes de, com o robustecimento da inteligência e da cultura, alicerçar em bases irremovíveis e de modelar a formação moral e física dos seus discípulos.
Mas, para que se consiga tal desideratum, a Associação Académica carece de ser melhorada e ampliada - a actual é pequena e pobre, não comporta as instalações que a vida associativa dos estudantes requere nem pode servir de apropriado alojamento do Orfeão e Tuna.
Por sua vez, há necessidade de construir-se um Campo de Jogos e respectivos balneário e piscina.
Pelo que respeita a Residências de Estudantes, devem elas ter diferente feição, conforme se trata de cada um dos sexos.
As raparigas precisam urgentemente de um Lar Feminino, em comum.
As Residências masculinas devem respeitar o tipo tradicional das «repúblicas» académicos, com alojamento para oito ou dez rapazes; creio que os lugares ideais para a sua implantação serão aqueles que rodeiam ou se avizinham dos edifícios universitários.

O Sr. Águedo Oliveira (interrompendo): - V. Ex.ª não acha insuficiente que, pura uma população de mais de 3:000 estudantes de Coimbra, sejam apenas previstas 10 residências de 10 estudantes cada uma?

O Orador:- Eu não me referi ao número de Residências a construir. Disse apenas que cada Residência devia dar guarida a 8 ou 10 estudantes. Contudo, entendo que devem ser construídas, pelo menos, 100 a 150 Residências.
Estou convencido, Sr. Presidente, de que estas realizações, pela influência decisiva que exercerão sôbre o desenvolvimento do espírito de solidariedade e de outros dotes morais ou físicos de tam grande número de estudantes coimbrões - os futuros esteios e dirigentes da Nação - hão-de concorrer de maneira eficiente para a reobtenção das antigas virtudes que fizeram dos portugueses obreiros incomparáveis da dilatação da Fé e do Império.
Eu não sei, Sr. Presidente, se as ideas que aponto correspondem inteiramente às da Comissão nomeada em 1934, e de que faziam parte o malogrado e saudoso Prof. Carrisso e Prof. Eugênio de Castro, Morais Sarmento e Mário de Figueiredo - nosso ilustre colega e insigne Ministro da Educação Nacional - e às da Comissão posteriormente constituída, em 1939, formada pelo elevado e prestigiosíssimo nome de V. Ex.ª, Sr. Presidente, e pêlos Profs. Morais Sarmento - preclaríssimo Reitor da Universidade- e Anselmo Ferraz de Carvalho e Amorim Girão, todos autênticos valores do pensamento português.
Lamento que não tenha tido possibilidade de apreciar minuciosamente tara notáveis relatórios, nem examinado o programa das obras a executar; êsses estudos, melhor do que as minhas desautorizadas palavras, com precisão o lucidez, indicam as melhores soluções a dar a problemas tam transcendentes como são os que interessam à efectivação da cidade universitária de Coimbra.
Sr. Presidente: porque no plano de urbanização de Coimbra, quási concluído, já se conta com a área destinada à instalação da cidade universitária, penso que não estará distante a ocasião de começarem os trabalhos preparatórios a que se refere a presente proposta da lei de meios.
É evidente que a construção e os melhoramentos dos edifícios universitários, a expropriação e a demolição de alguns prédios para implantação daqueles e da Associação Académica, Campo de Jogos e Residências de Estudantes, etc., exigirão provavelmente mais de cinco dezenas de milhares de contos.
Todavia, nem todas as obras a realizar exigem a mesma rapidez de construção; em minha opinião, devem ser objecto de edificação ou melhoramentos imediatos, para ordem descendente: os laboratórios da Faculdade de Medicina, o Campo de Jogos, os gabinetes do Reitor e Vice-Reitor, Secretaria Geral, Associação Académica e a instalação do Arquivo da Universidade; os encargos exigidos para n efectivação destes trabalhos ascenderão a mais de 7:000 contos, quantia que pode ser abonada em um ou dois anos.
E a inscreverem-se em cada ano no Orçamento Geral do Estado verbas na proporção que aponto, é justo supor, se a nossa paz construtiva, se mantiver - o que há-de acontecer, já que Deus, pela mão de Salazar, continua a proteger Portugal -, a mais antiga, e considerada Universidade portuguesa poderá, em 1950, vangloriar- se de possuir das melhores instalações escolares, que dotações do mesmo ritmo hão-de apetrechar técnica e pedagogicamente ao cabo de mais quatro ou cinco anos.
Seis ou sete dezenas de milhares de contos é quantia muito elevada? Certamente; porém, os bens advindos para o aproveitamento e expansão do ensino e para a ciência e cultura portuguesas - que, irradiando, atingirão a Nação inteira e o Mundo - e também para a economia do País, seja imediatamente o ganha-pão de milhares de indivíduos que se vão empregar na construção do cidade universitária, compensam prodigamente os sacrifícios financeiros que exige tam grandiosa obra.
E a Universidade merece todo o carinho e tem direito de reivindicar a gratidão dos seus filhos.
Ela não se olvida de que os maio altos valores portugueses de todos os tempos frequentaram as suas aulas, onde receberam a preparação que, triunfadoramente, os lançou no vida, alçapremando-os às mais altas honras e dignidades.
Ela não esquece que a Era de esplêndido ressurgimento que desfrutamos foi concebida e está sendo realizada por grande número de seus filhos da maior capacidade moral e mental: na vida eclesiástica, como na vida civil e militar do nosso tempo, grande parte das posições de maior responsabilidade e prestígio encontram-se ocupadas por professores ou antigos alunos da Universidade de Coimbra.
Só uma enorme isenção que, em muito a tem prejudicado, poderá fazer compreender e justificar o aparente desinteresse dos Poderes Públicos pela Universidade de Coimbra.
Agora que as outras Universidades portuguesas vêem ampliadas e melhoradas incessantemente as instalações docentes e laboratoriais, esse respeitável preconceito já não tem razão de ser invocado.
Chegou a hora da justiça devida à Universidade-Mãi, e toda a Nação a acolherá com contentamento infinito; e o Sr. Br. Oliveira Salazar, autorizando a execução dos trabalhos preliminares de implantação da cidade universitária, presta homenagem condigna, a melhor, à Universidade que o tomou o maior de todos os portugueses do seu tempo.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!