12 DE DEZEMBRO DE 1940 139
agora a construção da Reitoria e das Faculdades de Letras e de Direito, tendo-se apenas efectivado o anteprojecto já aprovado pelo Governo, terraplanagens, elaboração de projecto definitivo, e dado início às sondagens necessárias para o estudo completo das fundações dos edifícios referidos; as despesas -1:200 contos feitas com estes trabalhos foram satisfeitas pela Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais.
Estes estabelecimentos, cujo importe atingirá. 15:000 contos, erigir-se-ão perto do futuro hospital escolar de Lisboa e dentro de um conjunto previamente planeado - que só não receberá a denominação de cidade universitária por nem todas as escolas da Universidade de Lisboa ali virem a ficar reunidas.
Só depois de 1937 é que se intensificaram os estudos dos hospitais escolares, os quais, mercê da sua complexidade e grandeza, por longos e difíceis, apenas no ano corrente chegaram a concluir-se com a apresentação do 12.º estudo, já aprovado pelo Governo.
Mas tal morosidade de estudos não pode ser considerada demasiadamente grande em relação, por exemplo, aos do hospital de Estocolmo, de 1:500 camas, que levaram dez anos, nem aos dos hospitais de Burgman (Bruxelas) e de Lille, que duraram quatro anos, e muito menos ainda aos do grande hospital de Hamburgo, que demoraram muitas dezenas de anos.
Obras sem precedentes no nosso País, verdadeiros monumentos-índices do progresso material a que chegámos e sinal imperecível do desafogo económico da Nação, exigiam, dentro dos mais modernos conceitos da ciência hospitalar, um bom funcionamento e que as construção e exploração fôssem compatíveis com os recursos do Estado.
Sem esquecerem o particularismo do nosso meio e sempre de harmonia com as necessidades do ensino e da investigação científica, e com os princípios higiénico-sanitários julgados melhores em todo o mundo, médicos, engenheiros, arquitectos e administradores, proba e apaixonadamente, cengraçaram seus esforços no sentido de encontrarem a melhor solução para o problema dos hospitais escolares portugueses.
Depois de se haver estudado a localização dos hospitais escolares e a sua integração no plano geral de urbanização de Lisboa e do Porto geologia do terreno, expropriações, terraplanagens, vias de acesso, ete, ouvidos os professores de medicina e os melhores especialistas de construções hospitalares reunidos, em 1937, em Paris, no Congresso Internacional dos Hospitais - e depois de considerados os mais modernos aperfeiçoamentos verificados nos principais hospitais do estrangeiro, e tendo-se assentado no somatório de necessidades mínimas compatíveis com as nossas possibilidades financeiras, o Governo, por proposta da respectiva Comissão Administrativa, contratou o arquitecto alemão Diesel, presidente da Comissão Internacional dos Hospitais, de Hamburgo, a mais alta competência no assunto, e autor de centenas de projectos hospitalares erigidos nas maiores cidades do mundo; o projecto do grandioso Hospital-Escola de Berlim, cujos encargos ascendem a 500:000 contos, também é da sua autoria. O Hospital Escolar de Lisboa fica situado junto a Palma de Cima e a meio da periferia da cidade, apenas a 2 quilómetros do Rossio; não afastado do Instituto de Oncologia, possuirá excelentes vias de acesso por intermédio do prolongamento da Avenida António Augusto de Aguiar - onde findará a principal via de acesso do hospital, da Avenida dos Estados Unidos da América- que o liga ao Campo 28 de Maio, à Avenida Alferes Malheiro e à Avenida Almirante Reis.
O Hospital Escolar do Porto, das mesmas dimensões do de Lisboa, instalar-se-á no óptimo planalto de Asprela (Paranhos), em local .afastado do centro da cidade cerca de 2 ou 3 quilómetros, inconveniente a desprezar devido às comunicações eléctricas existentes e às derivações que venha a ser necessário criar; o plano de urbanização geral deste lugar, ao contrário do que afirma o douto parecer da Câmara Corporativa, já se encontra terminado e aprovado.
A planta e a expropriação dos terrenos onde vão ser construídos os hospitais escolares também já estão efectivadas.
As terraplanagens do Hospital do Porto vão iniciar-se no ano que vem. O plano de ajardinamento e urbanização do local destinado ao Hospital Escolar de Lisboa de há muito foi aprovado pelo Governo, estando feitas a maior parte das terraplanagens.
Porque este plano de urbanização havia «ido elaborado antes do plano geral de urbanização da cidade, tiveram de efectuar-se acordos com a Câmara Municipal de Lisboa para troca de terrenos. É urgente, contudo, que o Município de Lisboa ultime o seu plano geral de urbanização, sem o que jamais os trabalhos de terraplanagem poderão ser completados pela Comissão Administrativa dos Novos Edifícios Universitários, que ficará por este motivo impedida de começar a construção do Hospital Escolar de Lisboa.
O Hospital Escolar de Lisboa vai ser construído em uma só fase e o do Porto em duas; se cada um comporta 1:500 camas, à l.ª fase de edificação do Hospital do Porto corresponderão 600 a 800 camas, ficando a ampliação para melhor oportunidade.
O anteprojecto desta modalidade de construção espera aprovação superior. Porém, em verdade, este critério não satisfaz a grande cidade nortenha, sempre disposta a invocar as suas legítimas reivindicações.
O Porto prefere que o tosco ou superestrutura do seu hospital seja construído de uma empreitada, reservando-se o interior do edifício e o seu apetrechamento para depois irem sendo lentamente efectivados; são, aliás, também as necessidades gerais de assistência médica e do ensino que impõem esta solução, visto que o Porto possue apenas um grande hospital o de Santo António, da Misericórdia, e onde, das 1:000 camas que comporta, apenas um terço são destinadas às clínicas médica e cirúrgica da Faculdade de Medicina.
Dentro das condições em que tem sido estudado o problema dos hospitais escolares, a estimativa feita em 1939, e aprovada pelo Governo, é insuficiente; os hospitais escolares de Lisboa e do Porto já não podem ser construídos com 60:000 contos que lhes eram atribuídos em princípio. Mesmo em tempos normais poucas casas europeias se atreveriam a arrematar este empreendimento, e actualmente, só o Estado poderá encarregar-se da sua construção.
Com estudos, projectos, expropriações, etc., já se despenderam 15:000 contos; só as expropriações custaram 9:200 contos.
A construção do tosco do hospital de Lisboa está calculada em 30:000 contos, repartidos pelo mínimo de dois anos; só o ferro do betão armado ficará em mais de 10:000 contos.
A verba autorizada para despender no ano de 1941 com os hospitais escolares orça por 7:000 contos, dos quais 2:000 transitarão do ano corrente.
Em virtude do agravamento do preço dos materiais de construção não é possível nem aconselhável tomar decisões definitivas acerca do montante a que subirão as despesas com a construção e equipamento dos hospitais escolares; no entanto é de presumir que os encargos do Hospital Escolar de Lisboa ascenderão a mais de 100:000 contos, assim repartidos: 58:750 contos para a construção civil, 30:000 contos para o apetrechamento, competindo o restante à aquisição do terreno, estudos, projecto, urbanização, etc.