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17 DE JANEIRO DE 1947 275

lugar mais indicado pura a instalação da nova fábrica, é porque tem motivos decisivos a determiná-los.

O do transporte das lãs é secundário, porquanto o que mais há a ter em conta é a qualidade e a abundância de água, o custo da força motriz, a preparação técnica do pessoal e os locais de consumo. Na decisão deste aspecto do problema só pode ser legitimamente ouvida a opinião daqueles que têm de defender a exploração económica da empresa, e esses, em momento oportuno, apresentarão a quem do direito os motivos justificados da sua pretensão.

j) Não há importação desnecessária nem intempestiva. A indústria, antes da guerra, quando o seu ritmo de laboração estava muito longe de atingir o máximo, importava anualmente, em média, 3.500:000 quilogramas de lã em vários estados (peso bruto).

A política então seguida e o bloqueio impediram que a indústria de 1939 a 1944 deixasse de importar 12.600:000 quilogramas.

Esta diminuição de importação teve um reflexo catastrófico na laboração, pois as fábricas ficaram privadas da fonte principal do seu abastecimento.

Só com o mercado devidamente abastecido, cobrindo as necessidades do consumo, se consegue evitar com eficácia a alta dos preços e dominar a especulação.

Não há possibilidade nem nunca a houve de subordinar uma indústria de transformação à compra obrigatória de uma matéria-prima, em bruto, quando a consome já seleccionada e lavada.

Insuficiente na quantidade, variável no valor de utilização e de rendimento e, no seu conjunto, de baixo nível qualitativo, a lã nacional encontra-se na posse de 264:000 produtores, o que torna impraticável a compra directa pela indústria e dificulta a sua própria recolha para efeitos de comércio e lavagem. Obrigada a consumir ou a pagar uma matéria-prima que em dado momento pode não interessar à sua exploração pelo preço ou pela qualidade, ninguém pensa certamente que seria possível garantir às fábricas o consumo do tecido acabado. O que é possível em produtos alimentares não o é em artigos de vestuário, pois em matéria tão caprichosa e delicada intervêm factores de natureza individual.

Em 1945 importaram-se 2:300:000 quilogramas de lã em bruto, menos 1.200:000 do que anteriormente a 1939, e em 1946 os números apurados de Janeiro a Novembro revelam uma importação de 7.980:000 quilogramas em bruto.

Só quem desconhecesse as necessidades e os imperativos da laboração quando há a compensar um deficit e a refazer as existências de um mercado exausto poderia afirmar ser excessiva a importação realizada.

Desta (7.980:000) pouco mais do dobro da normal -, 2.500:000, pelo menos, foram, destinados à penteação, que durante a guerra esteve a trabalhar, em grande parte, lãs impróprias para o pente.

A penteação exige características de finesse, elasticidade e resistência que a lã nacional só possui em percentagem mínima.

A cardação, principal consumidora das lãs nacionais, tem sido esquecida nas referências que a produção costuma fazer ao problema. Apenas se referem os 75:000 fusos de penteado, como se fossem os únicos susceptíveis de consumir os 6.300:000 quilogramas da produção interna.

Mas a cardação tem instalados cerca de 100:000 fusos, e em 1945 trabalhou 8.200:000 quilogramas de lã e outras fibras, dos quais pertencem à lã 6.200:000. Anote-se que dos 6.300:000 quilogramas da produção nacional adquirida a lavoura, segundo os documentos oficiais da campanha de 1944, ha, pelo menos, 2.500:000 de churra. Da restante só metade poderá ser aproveitada para o pente, não por deficiência de aparelhagem ou por atraso técnico, mas por carência de qualidades específicas da matéria-prima.

Assim, abatendo aos 6.300:000 quilogramas os 2.500:000 de churra, a produção nacional fica reduzida a 3.800:000 de lã «utilizável para vestuário» - distinção estabelecida pelos serviços técnicos da Junta Nacional dos Produtos Pecuários, u que, em relação a 10.000:000 de quilogramas (consumo provável de .1946), não chega a representar 40 por cento.

As importações de 1945 e 1946 foram de 10.284:000, que, acrescidos dos 7.600:000 de Jus nacionais utilizáveis para vestuário, totalizam 17.884:000. O consumo de 1945 foi de 6.000:000 e o de 1946 aumentou em cerca de 35 por cento, ou sejam 8.100:000 quilogramas. Deduzida a diferença, encontramos um stock de 3.764:000.

Se considerarmos que o stock normal da indústria é representado pela totalidade do consumo de um ano, teremos de concluir que a actual existência não só não traz desafogo para as crescentes necessidades da laboração, como ainda está longe de permitir a constituição das reservas habituais.

k) A indústria teve o cuidado de não dar preferência às lãs estrangeiras sobre as nacionais para efeitos de penteação.

Com efeito, na Empresa Nacional de Penteação de Lãs, Limitada, entraram em 1946, para serem transformados, 1.247:000 quilogramas de lã nacional e 3.083:000 de estrangeira. Daquela foram transformados 1.057:000 (84,74 por cento) e da estrangeira 2.391:000 (77,58 por cento).

l) Para terminar, algumas considerações sobre os lucros da indústria de lanifícios:

1.º Talvez não exista tabelamento mais rigoroso do que o imposto à indústria e comércio de lanifícios. Toda a produção está tabelada e as percentagens de lucro são em muito inferiores às da restante indústria o comércio de têxteis;

2.º A lã nacional não pode ser considerada para os cálculos de fabrico de tecidos a preços superiores aos da tabela que o Governo fez vigorar, em 1945, nos máximos de 49$30 para lã lavada e 68$90 para penteada, conquanto custem, em média, no mercado, mais 20 por cento;

3.º Os salários pagos subiram de 40:000 contos, em 1942, para 91:770, em 1945, e os encargos sociais passaram de 2:746, em 1940, para 11:246 contos, em 1945;

4.º O rendimento atribuído à indústria para efeitos fiscais subiu de 11:510 contos, em 1939, para 69:000, em 1947 (mais de 500 por cento);

5.º Apesar de todos estes agravamentos, é indispensável acentuar-se que nenhum tecido da melhor qualidade de lã estrangeira ou nacional é vendido pela indústria a preço superior a 138$50;

6.º Se, proporcionalmente, o custo do fato feito excede o aumento verificado nos tecidos, à indústria de lanifícios não cabe qualquer responsabilidade;

7.º Esta pôde manter o actual nível de preços graças à intensificação da produção num ritmo jamais atingido, satisfazendo inteiramente as necessidades do consumidor em quantidade e qualidade;

8.º Os legítimos lucros da indústria, na quase totalidade, estuo sendo devidamente imobilizados no seu reapetrechamento e na melhoria das suas instalações;

9.º Do exposto resulta que não aufere, nem nunca auferiu, lucros fabulosos, pois em 1943 e 1944 esteve reduzida a menos de 50 por cento da matéria-prima indispensável à sua laboração (os seus stocks tinham sido completamente absorvidos em 1942), e que, apesar destas circunstâncias e da redução da sua laboração