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598 DIÁRIO DAS SBSSOBS - N.º 90

Quer dizer: a tonelagem desce de 30 por cento na importação e quase de 55 na exportação, ao passo que os valores sobem, respectivamente, 65 e 177 por cento.
Pelo quadro n.° 1 vê-se que entre 1939 e 1945 a alta do custo unitário da tonelada importada é de 156 por cento e na exportada de 430 por cento. Nos anos de 1$41, 1942 e 1943 a valorização da exportação inverte o fecho tradicional da nossa balança comercial, que se traduz em fortes saldos positivos, e, embora em 1944 e 1945 o sinal do fecho se inverta, o déficit não atinge ainda o milhão de contos habitual antes da guerra.
Dois aspectos fundamentais apresenta o fenómeno. Por um lado, traduz diminuição e encarecimento de abastecimentos externos indispensáveis e que, para alguns produtos essenciais, como carvão, gasolina, ferro, sulfato de amónio, por exemplo, se traduz, em relação a 1939, em agravamentos de custo unitário que atingem em 1943, respectivamente, 252, 448, 162 e 221 por cento. For outro, revela o desenvolvimento e valorização de certas exportações que absorvem a queda verificada em outras de tradicional importância, levam o valor total da exportação aos números apontados e fomentam no País actividades que proporcionam lucros excepcionais. Segundo estimativa feita na Revista do Centro de Estudos Económicos, entre 1935-1939 e 1940-1944 a valorização da tonelagem exportada atinge para os produtos mineiros 1:187 pôr cento, para os de pesca 277 por cento, para os florestais 200 por cento e para outros produtos 622 por cento. Do desenvolvimento e aumento de lucros excepcionalmente verificados nas actividades ligadas a essas exportações, das dificuldades em outras encontradas, deriva não só aumento do rendimento nacional, como alterações na sua distribuição, aquele e estas também não indiferentes para o mercado interno.
Mas o que interessa neste momento, para a determinação das causas do aumento do potencial monetário, é o aumento dos saldos da balança de pagamentos que daí adveio e a que se juntaram outros factores que não são de desprezar.
Transferências de capitais para o País, despesas de refugiados e viajantes, fretes da marinha mercante, pagamentos de serviços vários contribuíram paira o forte excesso das entradas sobre saídas cambiais.
Foi a essas entradas cambiais que o Banco teve de corresponder pela sua conversão em moeda nacional - aumentando assim o potencial monetário do País.
Evidentemente, se aí está a causa, originária do fenómeno, isso não exclui que, ligada com ele, a própria alta de preços determinada pêlos maiores custos de importação e seus reflexos sobre a economia nacional, e ainda pelo aumento de rendimentos internos e seu peso sobre o mercado de bens de consumo, tenha também influído, e por forma sensível, no volume da parte do potencial monetário representada pela circulação fiduciária, tanto mais que uma parte desse potencial, destinada a financiar transacções com classes de população pouco afeitas ou mesmo não habituadas ao uso dos meios bancários de pagamento, ou representando rendimentos dessas classes, tendia a manter-se largo tempo sob a forma de notas de banco.

Cabe ao banco emissor assegurar, directamente ou através do sistema bancário de que é o centro, a realização dos pagamentos internacionais necessários ao comércio e às restantes relações económicas do nosso País com os outros, já fornecendo, contra moeda nacional, a moeda estrangeira necessária à liquidação dos débitos, já adquirindo por moeda do País a moeda alheia representativa do recebimento dos créditos.
O excesso de créditos sobre débitos internacionais produz, assim, um aumento de poder de compra interno cuja mais directa representação é constituída pelas notas que o Banco emite com contrapartida no ouro ou valores-ouro em que se traduzem, naquela hipótese, as liquidações que opera com os outros bancos centrais ou com organismos especiais que em certos países concentram as operações cambiais.

3. Se o aumento de certas exportações e a entrada de capitais produziram o desenvolvimento do poder de compra expresso em moeda nacional, nem todo este foi, como já se notou, elemento activo na economia interna.
Tê-lo-á sido na medida em que remunerou actividades nacionais votadas à produção ou ao comércio dos bens ou serviços exportados, ou serviu para pagamento das despesas no país dos seus titulares estrangeiros, mas deverá ter-se traduzido em depósitos na medida em que constituiu inicialmente reserva de capital líquido expresso em moeda portuguesa, ou capitalização directa ou indirecta de parte daqueles rendimentos destinada pêlos seus titulares a colocação reprodutiva.