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9 DE JANEIRO DE 1948 109

O Sr. António de Almeida: - Sr. Presidente: como a imprensa relatou com merecido relevo, realizou-se no mês de Dezembro em Bissau, capital da Guiné Portuguesa, a II Conferência Internacional dos Africanistas Ocidentais, notável certame científico em que tomaram parte alguns dos melhores colonialistas de Portugal, da França, da Inglaterra e da Espanha.
Por se tratar de empreendimento invulgar e grandemente honroso para a Nação e para a sua obra colonizadora, especialmente no que respeita à província da Guino, julgo-me no dever de focar o alto significado desse congresso, trazendo à Assembleia Nacional as impressões que nele colhi e mais novas da terra ultramarina que primeiro descobriram os nossos antepassados de Quinhentos.
Sr. Presidente: pertence ao Sr. Prof. Mendes Correia a feliz iniciativa da reunião da II Conferência em Bissau, e ao labor e tenacidade deste ilustre cientista e de seus colaboradores mais próximos fica cabendo o bom êxito da organização e rendimento do congresso; porém, sem a perfeita compreensão e os necessários auxílios financeiros do Ministério das Colónias e do governo local, aquela patriótica sugestão dificilmente vingaria, e, ao ser perfilhada, não resultaria tão frutuosamente quanto o prestígio nacional e outras circunstâncias aconselhavam e impunham.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Por isso, louvores merece quem concebeu, preparou e orientou a Conferência e quem tornou possível a sua brilhante efectivação, que, no dizer unânime do sábio Prof. Monod, director do Instituto Francês de África Negra (Dacar), de Kirwan, secretário da Sociedade Real de Geografia de Londres, e de outros cientistas de renome universal, constituiu um verdadeiro e singular triunfo para Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os magníficos discursos do ilustre governador da colónia, Sr. comandante Sarmento Rodrigues, cheios de sabedoria, de patriotismo, de fé e de confiança absoluta na capacidade civilizadora da Nação; as sapientes orações do Sr. Prof. Mendes Correia - a primeira das quais é um óptimo balanço da actividade científica levada a cabo nas nossas possessões de além-mar, desde os tempos da expansão até à actualidade; as doutas conferências plenárias proferidas por alguns congressistas nacionais e estrangeiros, e as substanciosas comunicações (perto de duas centenas, das quais quase metade são da autoria de compatriotas nossos) sobre geografia e história, história natural e etnologia, são provas incontestáveis do elevado nível mental da Conferência de Bissau, assinalada ainda mais com a Exposição de Bibliografia recente da Guiné, e com a Exposição de Cartografia Portuguesa sobre a África Ocidental, organizadas pelo tenente Teixeira da Mota.
E, para melhor estudo das questões apresentadas, muitos dos assuntos debatidos nas sessões de trabalhos do congresso, nomeadamente os de índole geográfica e etnológica, puderam ser exemplificados praticamente em contacto com* as diversas regiões percorridas ou nas múltiplas povoações gentílicas visitadas.
Apraz-me confessar, Sr. Presidente, que foi com orgulho que verifiquei a atenção e o interesse votados pelos cientistas estrangeiros aos estudos portugueses e a segurança e probidade intelectual com que os nossos compatriotas intervieram nas discussões dos assuntos sobre a Guiné Portuguesa ou sobre as colónias estranhas, não obstante terem de exprimir-se na língua francesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, se os labores mentais do congresso provocaram justas manifestações de apreço a nacionais e estrangeiros, os demais actos públicos e solenidades inerentes resultaram igualmente perfeitos. Desde o acolhimento afectuosíssimo do governador às amabilidades do perfeito apostólico, dos funcionários públicos, dos directores das empresas e dos particulares, em Bissau, até à hospitalidade, genuinamente portuguesa, que nos foi dispensada nas povoações do interior da colónia, tudo traduziu carinho e ternura, que muito nos sensibilizou e jamais se apagará da mente e do coração daqueles que tiveram a honra e a felicidade de comparticipar na Conferência da Guiné.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Porque os congressistas lusitanos dignificaram as ciências coloniais, honrando Portugal, e porque os cientistas estrangeiros sentiram e reconheceram as cativantes deferências com que os rodearam, creio que deste certame advirão para o Pais futuras vantagens espirituais e políticas, que sempre nascem e se robustecem em reuniões desta natureza, intercâmbio muito de consolidar na hora atribulada que o Mundo atravessa, e quando nós, sob a orientação de Carmona e de Salazar, caminhamos na vanguarda da civilização ocidental e cristã, de que fomos pioneiros e maiores agentes de expansão.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: porque me foi dado ver e apreciar vários territórios da colónia, como português e pessoa enamorada dos problemas ultramarinos, não devo calar nesta Assembleia o meu entusiasmo pela obra portentosa de engrandecimento material e espiritual que actualmente se efectua nesta nossa possessão africana.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tal como na metrópole, reina na Guiné Portuguesa a paz e a tranquilidade dos corpos e das almas, e vive-se igualmente ali a hora das amplas e fecundas realizações que hão-de pelos séculos fora evidenciar uma deslumbrante étape civilizadora, conseguida à custa do esforço ingente dos funcionários públicos e dos nativos - uns e outros guiados pela mão sábia, dinâmica e sensata do prestigioso comandante Sarmento Rodrigues -, dos colonos individualmente e das empresas privadas, de que é justo salientar como expoentes a Casa Gouveia e a Sociedade Geral de Transportes, tanto pela riqueza que aquela cria directamente in loco, como pelo progresso que a última promove e impulsiona, carreando em seus navios os produtos guineenses para os centros industriais do Pais ou do estrangeiro.
Se, como é óbvio, o estado de adiantamento da colónia provém do somatório das administrações passadas, não há dúvida de que a era dos grandes melhoramentos, iniciada com sucesso por Carvalho Viegas, está a atingir o apogeu com Sarmento Rodrigues; por toda a parte a mesma ânsia invencível de construir, o mesmo afã de levar civilização e cultura, saúde, abastança e conforto aos colonos e indígenas, traduzem fenómeno geral, que, desvanecendo os portugueses e suscitando a admiração conscienciosa dos estranhos, constituem motivos de profundo reconhecimento por quem os concebeu ou faz executar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Lamentando não poder mencionar todos os benefícios ultimamente efectuados durante o curto