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110 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 121

espaço de pouco mais de dois anos e meio em que o actual governador vai ao leme da administração da colónia - permita-me, Sr. Presidente, que ao menos aponte algumas das mais importantes obras. Sob o ponto de vista cultural e educativo: construção do Museu, organização do Centro de Estudos, criação do Boletim Cultural (de que já saíram sete excelentes números), publicação de seis bons livros sobre etnografia e linguística guineenses (estando mais sete no prelo), laboração activa das missões zoológica, antropológica, geológica e geo-hidrográfica; construção de escolas nas sedes das circunscrições; melhoramentos na Escola de Artes e Ofícios de Bolama, criação da escola de práticos indígenas na granja do Estado e breve instituição de um estabelecimento de ensino liceal; edificação de igrejas e acabamento da catedral de Bissau; alargamento da ocupação missionária da colónia e criação de um seminário em Bula para nativos, de asilos e de uma colónia penal para indígenas na ilha das Galinhas, onde os internados trabalham remuneradamente; erecção do monumento a Nuno Tristão e restauro das históricas fortalezas de Bissau e de Cacheu; criação de parques infantis, de clubes desportivos e construção de campos de futebol e courts de tennis, entre os quais sobressaem os de Bissau, providos de óptimos balneários e bancadas de cimento armado.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quanto à ocupação médica e profiláctica: instalação eficiente em toda a colónia da missão da doença do sono e de postos sanitários em cada posto administrativo ou povoação mais populosa; edificação de três grandes pavilhões hospitalares em Bissau e início da construção das enfermarias de Bafatá, Gabu, Farim, Catió, Bubaque e Mansoa; campanha total contra a ancilostomíase, começo do ataque contra a bilharsiose e vacinações em massa contra a varíola e febre amarela - empreendimentos da maior envergadura, sem paralelo em nenhuma colónia; criação de escolas de enfermeiros e de parteiras; fundação da estação de repouso na praia de Varela, com moradias, parque, telefone, posto sanitário, etc.; canalização da água em Bissau (cedo a vão ter, também, Canchungo, Gabu e Bafatá); construção de fontes de água corrente no Biombo, Nhacra, Bissau, Bula, Oanchungo, Bafatá e em outras povoações categorizadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - No que interessa à comodidade, riqueza e fomento: instalação dos chefes de posto em excelentes casas novas - em nenhuma das residências dos funcionários administrativos falta o telefone, receptor de rádio, frigorífico, motocicleta ou automóvel; modernização da estação radiotelegráfica central, em Bissau, estando a montar-se a ligação radiotelegráfica entre as ilhas Bijagós; instalação da luz eléctrica em Bissau, Bolama, Bafatá e brevemente em Catió, Farim, Canchungo, Mansoa e praia de Varela; ampla rede de estradas - como poucas há iguais nas colónias vizinhas, e tão boas como as das nossas províncias metropolitanas; construção de dezenas de pontões, encontrando-se em via de edificação a ponte da ilha de Bissau e a de Bafatá; próxima construção do porto de Bissau, que importará em algumas dezenas de milhares de contos; levantamento das grandes barragens do Biombo e de Nhacra, que permitiram enorme alargamento das bolanhas ou campos de cultivo de arroz, cereal indispensável à vida do gentio e cujo aumento de produção constituirá, futuramente, elemento valioso na economia da colónia; existência de hortas e campos experimentais de culturas em todos os postos administrativos; difusão entre os nativos do uso da mandioca e do milho; plantação à beira das estradas de árvores frutíferas ou produtoras de boas madeiras; introdução de aleurites e de árvores da borracha; edificação de celeiros do Estado em todos os postos administrativos - onde se guardam as sementes do arroz e do amendoim, emprestadas, aos naturais, em tempo próprio, ao juro de 5 por cento, taxa anual de feição educativa, pois que mal compensa as quebras; ofertas de árvores aos indígenas, de arados e carros de bois - alfaias agrícolas muito bem recebidas e adoptadas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E, como índice do progresso febril que domina na Guino Portuguesa, há que salientar os campos de aviação, cujo número aumenta cada vez mais na colónia: dois em Bissau - o antigo, muito bom (onde têm descido e descolado os maiores aviões comerciais e de guerra, dele se havendo servido perfeitamente os seguros, confortáveis e bem pilotados aeroplanos da Companhia dos Transportes Aéreos, que levaram e trouxeram os congressistas da II Conferência dos Africanistas Ocidentais), e o moderno, com 2 quilómetros quadrados de superfície, prestes a ter pistas asfaltadas e que virá a ser um dos aeródromos de recurso mais frequentado da costa ocidental africana, senão ponto de passagem obrigatória das aeronaves que se destinam à África e à América Meridionais ; e muitos outros, construídos nas sedes das circunscrições do interior, dos quais merecem menção especial os tle Mansoa, Canchungo e Bafatá.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: antes de concluir as minhas considerações, desejo repetir que toda esta admirável actividade colonizadora operada na Guiné Portuguesa, e bem pàlidamente sublinhada por mim, se deve a todos os portugueses, civilizados e incultos, que habitam ali: aos primeiros, por laborarem incessante e infatigavelmente, sempre animados por iguais intenções progressivas, por idêntica crença em seus esforços e pela mesma fé na tarefa magnífica em que o governo local anda empenhado; aos segundos, porque, recebendo bom salário, voluntariamente oferecem o seu braço forte ou labutam nas suas lavras, onde cultivam os géneros de que se sustentam e os produtos ricos, cujo comércio, trazendo-lhes bem-estar e riqueza, concorre eficazmente para o engrandecimento da sua terra natal, de Portugal, enfim. Para uns e outros, dedicados servidores do Império, vai a minha homenagem incondicional, vão, tenho a certeza absoluta, as saudações calorosas da Assembleia Nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bustorff da Silva:- Sr. Presidente: volta a estar no plano da discussão o problema da política do Governo quanto à colheita da batata realizada no País nos primeiros meses do ano de 1947.
Na sessão de ontem o nosso distinto colega Sr. Melo Machado, usando da palavra, levantou a luva em nome da lavoura, que, na opinião de S. Ex.ª, dizia sentir-se injustamente tratada nalgumas referências que tive ocasião de fazer quando usei da palavra na discussão da lei de meios.