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288-(130) DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 132

O último quadro ainda não diz tudo, porque muitos outros produtos de origem vegetal se não discriminam.
O que a seguir se transcreve mostra o problema na sua crua realidade:

QUADRO XLVII

Exportações de produtos de origem vegetal

[Ver Quadro na Imagem]

Nas exportações totais de 1938 coube mais de metade ao esforço da agricultura; e se tivermos também em consideração certos produtos de menor importância que não foram incluídos no quadro, como louro, mercadorias de origem animal e outras, a percentagem de produtos agrícolas e florestais em 1946 é ainda maior.

61. A delicadeza dos factos que sobressaem das cifras sugere reflexões melancólicas; e a mais importante que acode logo ao espírito de quem medita sobre a projecção dos números no mundo real dos sofrimentos e angústias humanos é que a nossa vida económica está presa aos mercados internacionais de três ou quatro produtos: as cortiças, os resinosos e as madeixas - três produtos florestais - as bebidas, principalmente os vinhos, e, em menor escala, as pescarias (conservas de peixe).
Não será descabido realçar aqui, neste momento, o que o País, considerado em seu conjunto, deve ao labor agrícola.
É dele, do amanho das terras e, em última análise, das populações dos campos que vem o suplemento de cambiais essencial à vida colectiva.
Além de satisfazerem em grande parte as exigências alimentares de uma população sempre crescente, e que aumentou nos últimos quarenta e seis anos cerca de 2,5 milhões de habitantes, a agricultura ainda auxilia com mais de metade das exportações totais a balança comercial portuguesa.
Isto realiza-se em país onde ainda existem vastas regiões sujeitas a cultura extensiva, em que se pratica o cultivo de trigo, um cereal que parece não se adaptar, nem no ponto de vista agrológico nem climático, a certos solos e regiões em que é cultivado.
A análise do comércio externo nas últimas dezenas de anos indica a necessidade de cuidar com mais carinho da produção agrícola e de fazer o possível no sentido de tornar mais rendoso o cultivo da terra.

62. Os números, postos de outro modo, ainda se tornam mais significativos:

QUADRO XLVIII

Percentagem das exportações de origem vegetal

(Em contos)

[Ver Quadro na Imagem]

63. As névoas que velam o comércio externo escurecem muito quando se examina o destino das principais exportações. Há-de ver-se adiante que a iniciativa ou actividade do comércio exportador nacional se concentrou sobre dois ou três países. O mal não é de agora - do após guerra. Vem de há muitos anos.
Quando, por virtude de condições internas ou internacionais, as nações que nos compram os vinhos, as cortiças e as conservas sofrem dificuldades, ou, se as não sofrem, se modifica a sua política económica interna, os reflexos no nosso comércio externo atingem gravidade social, que as lições do passado amplamente demonstram. As crises não atingiram ainda eleitos mais ruinosos porque a amparar a balança de pagamentos existem sustentáculos humanos que derivam do labor de portugueses no estrangeiro e que, longe da Mai-Pátria, lhe enviam em todos os momentos uma parcela do produto do seu trabalho. É nesses momentos que as remessas dos emigrantes tornam mais saliente a ideia nacional e mais concorrem para auxiliar a vida interna.
À medida, porém, que os anos passam e as circunstâncias impõem melhoria de nível de vida social, aparece mais angustiosa a possibilidade de crises na exportação e mais imperiosa é a conveniência de remodelar profundamente a estrutura de todo o nosso comércio externo.
Essa estrutura está evidentemente ligada a muitas outras questões de natureza política. A maior parte delas envolve a resolução de problemas de organização, jurídica e educativa, como o regime de propriedade na parte relativa ao parcelamento excessivo e concentração exagerada, à estrutura do ensino agrícola e industrial de todos os graus, à melhoria do rendimento das indústrias, no que toca a qualidade e preços de custo, e a outras