O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

4 DE MARÇO DE 1948 288-(149)

Eles indicam talvez, com bem maior evidência do que os de anos anteriores, os pontos fracos da nossa exportação e os países onde há necessidade de exercer maiores esforços no sentido de reduzir o déficit. Para todos os efeitos práticos já se podem considerar como exprimindo a realidade as cifras de 1946 e estas, pelo que diz respeito aos Estados Unidos, à Argentina, ao Império Britânico, à Suécia, à Suíça e à Noruega, são ainda bastante desoladoras. Não se fala na Holanda, que ainda acusa um déficit elevado, porque ele provém todo das importações de óleos minerais de Curaçau. E há mercado em certas repúblicas sul-americanas para maior consumo de produtos portugueses, assim como mós países escandinavos e na Suíça.

93. A guerra fez desaparecer ou reduziu consideràvelmente as nossas relações comerciais com certo número de países, o que aliás aconteceu com outras nações do Ocidente. Entre eles estão a Polónia, a Checoslováquia e a Roménia. O comércio com a Polónia, embora nunca tivesse atingido cifra por aí além, tendia a aumentar. Totalizara já mais de 37:000 contos em 1937. A importação e exportação com a Roménia dependia bastante das remessas de trigo ou até de óleos minerais, mas haviam sido em 1934 mais de 27:000 contos, quase tanto como com a Rússia e a Suíça, que nesse ano não passara de 29:840 contos. A Checoslováquia exportava bastante, mas o seu comércio com Portugal não passou de 20:700 contos em 1938, com tendência para se desenvolver.
As relações comerciais com o resto da Europa nunca foram grandes. Com a Rússia têm-se limitado quase sempre à exportação de cortiça, e ainda era esta a mercadoria que predominava nas relações com os países vizinhos daquele. A perda desse comércio, que não foi total, não alterou sensìvelmente o sentido do nosso comércio externo.
Em compensação intensificaram-se as permutas com alguns países vizinhos no Atlântico e prometem frutos essas relações, se convenientemente tratadas pelos interessados.
Entre eles convém citar o México, Cuba, a Colômbia, a Venezuela, o Canadá e ainda outros.
Com o México foi positivo o saldo, tanto em 1938 como em 1946. Em 1946 o total do comércio especial já andava à roda de 60:000 contos. Havia sido pouco mais de 7:000 em 1938.
O caso de Cuba também é esperançoso. Ao total de 2:500 contos em 1938 correspondem perto de 25:000 em 1946, dos quais cerca de 22:000 representam exportações.
À Colômbia cabiam pouco mais de 9:500 contos em 1938, que se elevaram para perto de 59:000 em 1946, com o saldo negativo de 18:800. Finalmente, a Venezuela, que manda para Portugal óleos combustíveis, exportou 69:000 contos e importou 13:500 em 1946, contra 19:400 e 2:100 em 1938.
Parece haver noutros países da América do Sul possibilidades de consumo de produtos portugueses, e para alguns, nomeadamente o Chile, com o qual mantemos saldo negativo, que em 1946 atingiu mais de 64:500 contos, não parece ser difícil o envio de mercadorias, como conservas, cortiças e talvez vinhos do Porto. Até agora o Chile tem comprado cortiça em prancha a em obra, algumas bebidas, limas e pouco mais.
Ora só em nitrato de sódio importámos de lá em 1946 para cima de 60:400 contos.

94. Há ainda certas zonas onde pouco chegou a influência do comércio português, embora com elas mantenhamos há bem longos anos relações cordiais de carácter histórico, que remontam ao período das Descobertas.
A Índia Britânica e a China são dois vastos territórios, de grande população, vizinhos da Índia Portuguesa e de Macau. Ambas estas províncias poderiam ser intermediárias activas entre Portugal e o Oriente em matéria comercial. Não se compreendem muito bem as razões que impediram no passado maiores contactos entre as suas economias. Supõe-se que a falta de navegação directa para uma e outra daquelas possessões portuguesas poderá ser a causa do pequeno comércio que existe entre Portugal e o Oriente, que se cifrou para a Índia Britânica, China e Japão, em 1938 e 1946, nos números que seguem, os quais, na verdade, dão uma pobre ideia das suas grandes possibilidades:

QUADRO LXXVI

[Ver Quadro na Imagem]

Da Índia vem o cairo em rama, a juta e sacaria, e isso, com os extractos tanantes, preenche quase toda a importação. As nossas remessas para lá são em grande parte cortiça em obra (16:076 contos em 1946). O resto reparte-se por muitas verbas, entre as quais avulta a dos vinhos, com cerca de 1:650 contos.
Pouco comprámos na China, além de chá e especiarias (1:656 contos em 1946), mas também é bem pouco o que para lá vendemos, fora a cortiça como matéria-prima (4:384 contos em 1946) e em obra (884 contos).
A exportação de vinhos e conservas não atingiu 400 contos em 1946. Em 1938 pouco passou de 150 contos.
É evidente existirem possibilidades de maiores relações comerciais entre Portugal, de um lado, e a Índia e China, do outro. Torna-se necessário para isso aproveitar as posições da Índia Portuguesa e Macau, à semelhança do que foi feito por outros países, com o estabelecimento de entrepostos, como Hong-Kong.
Não se compreende este desinteresse do comércio externo português pelos países do Oriente. Tudo indica ser possível, pelo menos nalguns, maior consumo de géneros ou mercadorias portugueses.
Há vantagem para isso em proceder a um inquérito cuidadoso.