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288-(150) DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 132

III

As importações por territórios estatísticos

95. Analisaram-se atrás, de um modo geral, as origens próximas e mais importantes do nosso comércio externo e o papel nele representado por três ou quatro países.
Deram-se durante a guerra modificações sensíveis, que ocasionaram desvios no sentido das importações e exportações. Já em 1938 se desenhava claramente a gradual marcha para oeste das nossas actividades económicas.
Desde o início Portugal tendeu sempre para actividades atlânticas, e foi neste grande mar que se afirmou, através dos séculos, o seu génio.
Durante muitos anos, depois das Descobertas e durante o domínio na Índia e a colonização do Brasil, o comércio fez-se em grande parte pelo Atlântico para os países de além-mar, para sul e sudoeste. Depois a Europa constituiu durante bastante tempo a fonte das nossas importações e o destino das nossas exportações.
Mas as coisas assumiram já um aspecto muito diferente em 1946. A América passou a ser o nosso maior fornecedor, tanto em tonelagem como em valor.
Da América vieram naquele ano 1.270:200 toneladas, que importaram em 2.701:200 contos. Isto representa um pouco menos de metade em peso e cerca de 40 por cento em valor.
Tão tremenda mudança no sentido do comércio de importação resultou principalmente da inabilidade, por virtude de crise interna, do velho fornecedor de combustíveis sólidos. A Inglaterra, por motivos bem conhecidos, não pode manter a exportação de combustível e a Alemanha, que mandara para Portugal em 1938 perto de 400:000 toneladas de produtos, quase não conta em 1946.
Os Estados Unidos da América foram os beneficiários desta fraqueza europeia. Passaram a fornecer o País de combustíveis sólidos, que são os mais volumosos, e de muitos outros produtos que antigamente vinham da Europa Ocidental, principalmente da Inglaterra e da Alemanha.
Vale a pena transcrever os números que mostram a deslocação do comércio importador durante o período da guerra.

QUADRO LXXVII

Importações por continentes

[Ver Tabela na Imagem]

A diferença entre os pesos importados nos dois anos difere apenas em 91:600 toneladas. As diminuições da Europa foram ganhas em perto de 70:000 toneladas pelo Império Português, em cerca de 93:000 pela África e em 1.036:000 pela América, sobretudo a do Norte. E de notar que o nosso comércio importador, em peso, diminuiu apreciavelmente com a Ásia e com a Oceânia.
O quadro acentua muito vincadamente a influência do conflito e a importância do continente americano. Conviria, por isso, elucidar com mais largueza as possibilidades económicas deste continente, sobretudo no que diz respeito ao desenvolvimento das exportações. O acréscimo na importação das duas Américas foi de mais de 2.000:000 de contos (2.262:640), entre 1938 e 1946, ou mais de 1.000:000 de toneladas, e o déficit com elas, apesar do contributo do saldo positivo de alguns países, atingiu cifra também muito elevada. Não valerá a pena fazer um esforço no sentido de intensificar o comércio exportador com países detentoress de saldos positivos em elevado grau?

Império Colonial Português

96. Não são ainda satisfatórias, na medida em que o podiam ser, as relações comerciais entre a metrópole e as províncias ultramarinas. Há necessidade de mais estreita coordenação das economias dos territórios portugueses, que são complementares em muitos aspectos.
A guerra influiu favoravelmente nas relações interimperiais porque aumentou bastante a percentagem, tanto nas exportações como nas importações. Umas e outras atingiram a casa de 1 milhão de contos, e já se viu atrás que esta cifra representa 15 por cento na importação e 22,5 por cento na exportação total do País.
Idênticas percentagens andavam à roda de 10 e 12 por cento e menos nos anos anteriores à guerra. Em 1935, por exemplo, a importação não passara de 8,24 por cento e a exportação para os domínios ultramarinos em 1936 não atingira 10 por cento do total.
As cifras de 1946 representam por isso melhoria sensível, e bem vistas as coisas parecem ser ainda susceptíveis de progressos. Deve contudo dizer-se que a economia metropolitana nunca foi adaptada às necessidades da economia colonial.
As províncias ultramarinas mandam para a metrópole matérias-primas: algodão, peles e oleaginosas; substâncias alimentícias: açúcar, farináceos, cacau, café e outros produtos de menor importância. Recebem da metrópole tecidos, sobretudo de algodão, vinhos e seus derivados, substâncias alimentícias metropolitanas, como carnes, frutos, conservas de peixe e produtos manufacturados de diversa natureza. Mas as duas mercadorias fundamentais são os tecidos de algodão e outros produtos têxteis e as bebidas.
É estranho que a indústria metropolitana não tivesse procurado adaptar melhor a sua estrutura às necessidades dos mercados ultramarinos. Tirando as manufacturas de algodão que absorvem os mercados ultramarinos, há campo vasto para melhor aproveitamento em outras indústrias.
O assunto tem, até certo ponto, carácter de urgência, porquanto se sabe que as duas maiores províncias - Angola e Moçambique - podem vir a bastar-se de artigos algodoeiros, transformando no local a sua própria matéria-prima. Haverá que substituir, na exportação para as províncias ultramarinas, o que agora é preenchido por tecidos, pelo menos em parte, embora haja contrapartida nas importações da matéria-prima representada por algodão. Contudo a contrapartida está longe de ser completa.
Não há tempo nem espaço para fazer neste lugar a análise do comércio externo com todos os domínios ultramarinos e deduzir desse estudo as regras principais que o orientam. Mas vale a pena, embora a longos tra-