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4 DE MARÇO DE 1948 288-(151)

cos, dizer alguma coisa sobre as circunstâncias em que vive o comércio metropolitano em relação às duas grandes províncias de Angola e Moçambique.

Angola

Importações

97. Sem ser país de riqueza por aí além, Angola tem grandes recursos económicos. E um vasto território que se estende em parte para uma zona relativamente temperada, próxima de região tropical susceptível de grande desenvolvimento económico. Quem viaja no vasto território que vai do Zaire ao Cunene e dos confins da Lunda ao litoral sente a grandeza das suas possibilidades. Fica a impressão indelével, como acontece a quem escreve passados mais de vinte anos, de que ali está em formação um novo país, que há-de ser, na costa ocidental de África, o prolongamento feliz da raça portuguesa.
As forças do destino quiseram marcar no Atlântico Sul uma dualidade de países lusitanos. De um lado o Brasil, que está a entrar na pujança de um vasto império; do outro Angola, que laboriosamente se prepara para marcar em frente, na costa de África, um lugar que não desmereça da sua irmã americana e da Mae-Pátria, berço das duas.
Nós somos os criadores destas formosas realidades, que atestam por si sós as aptidões universalistas de um génio político.
Angola ocupa no nosso comércio ultramarino o primeiro lugar, embora se distancie pouco de Moçambique. E as suas importações e exportações para a metrópole progrediram bastante com a guerra. As principais constam do quadro que segue, em contos, para 1938 e 1946:

QUADRO LXXVIII

Principais importações

[Ver Quadro na Imagem]

Vêm de Angola matérias-primas e substâncias alimentícias. Nas primeiras ocupam lugar dominante o algodão e em menor escala as peles secas e as oleaginosas. Estas últimas não progrediram em relação a 1938 tanto como seria para desejar. A intensificação da cultura, das oleaginosas, como fonte de cambiais para a província e abastecedora dos mercados metropolitanos, é sem dúvida um dos mais importantes problemas angolanos. A província tem notáveis aptidões para esse fim e há já sintomas de progresso neste aspecto da sua economia.
O Mundo há-de necessitar, nos anos mais próximos, de vastas quantidades de matérias gordas, e Angola pode ser grande produtora destas matérias, que, além disso, podem fornecer alimentos para gados.
Outro produto que seria susceptível de ter certa importância é a borracha. Há, porém, necessidade de preparar convenientemente o produto na origem. De outro modo não será possível manter o comércio actual.
Mas foi no algodão que se deu em curto espaço de tempo o aumento mais sensível na exportação, que progrediu mais de 5:000 toneladas em peso e 80:000 contos em valor.
Ainda há matérias-primas de origem vegetal que não têm nos mercados da metrópole o lugar que podiam ter, como as madeiras, por exemplo, e o tabaco em folha. A indústria de contraplacados está ainda em começo e parece haver em Angola madeiras extremamente próprias para esse fim.
Por outro lado, o País importa, como se viu atrás, grande quantidade de tabaco em folha - e o quinhão desta província ainda não é o que deveria ser, apesar de ter havido ligeiro acréscimo na importação entre os anos de 1938 e 1946. Supõe-se que uma das razões é a qualidade das folhas, em comparação com as de origem norte-americana e de outros países. Deveria fazer-se um esforço no sentido de as melhorar ou de lá produzir aquelas que se adaptem ao mercado metropolitano.
Mas onde realmente os progressos da exportação angolana podem ser mais espectaculosos é na indústria das carnes. A província tem, na verdade, grandes possibilidades nesta matéria e pode alargá-las, mas são rudimentares os actuais métodos de exploração. Fala-se muito em frigoríficos no litoral e já têm corrido rios de tinta, sobre um assunto que necessitava de ser visto mais à luz de realidades do que de quimeras. Embora a indústria da refrigeração não seja simples - pode dizer-se que ela começa nos estábulos onde nascem os animais e nas pastagens onde vivem para terminar nos barcos com instalações especiais que transportem carne -, embora, repete-se, não seja simples esta indústria, ela pode constituir na província da África Ocidental uma interessante e rendosa actividade.
Nas matérias-primas de origem mineral aparecem em 1946 verbas relativas a asfalto, minério de cobre (625 contos), cobre (metal) e ouro. Soma tudo perto de 2:900 contos.
Os trabalhos em curso nas libolites e grés betuminosos parecem augurar um largo futuro para esta indústria. Se forem tão largas as reservas como se diz, com o teor em óleos que se supõe, presume-se que no futuro as nossas importações de materiais asfálticos e outros produtos oleosos venham totalmente desta província.
No que diz respeito a cobre, já são velhas as notícias da sua existência, sobretudo no norte, e gastaram-se até hoje somas importantes em pesquisas e reconhecimentos. Parece haver na mesma zona outros minérios, associados ou não com o cobre. Se assim for, ainda que em escala mais modesta que nos territórios vizinhos, pode Angola ter na indústria mineira um interessante apoio das suas exportações.