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330 DIÁRIO DAS SESSÕES - N.º 136

material paira os telefones, ou seja para as redes subterrâneas de Braga a Barcelos, de Braga a Póvoa de Lanhoso e de Braga a Guimarães, o qual foi adquirido há já bastante tempo e de que já se fez a distribuição, mas de que não poderá ser tirada a utilização necessária se acaso o Governo não conceder à Administração Geral dos CTT, esse auxílio financeiro, que eu reputo absolutamente urgente.
Nestas condições, peço ao Governo para não demorar esse auxílio financeiro, tão necessário, à Administração Geral dos CTT, e certo estou de que o Governo, na bem costumada defesa do interesse nacional, assim o fará.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. Presidente: - Chegou hoje da Imprensa Nacional à Assembleia o parecer sobre as Contas Gerais do Estado relativo a 1946.
É o primeiro volume. Seguir-se-á um outro volume, que ainda está na Imprensa Nacional, o qual contém o apêndice sobre o comércio externo de 1947.
Entretanto, este primeiro volume contém o parecer sobre as Contas Gerais do Estado, com as suas respectivas conclusões, e traz em apêndice o comércio externo relativo a 1940. A Comissão de Contas julgou, porém, conveniente, para elucidação da Assembleia, acrescentar-lhe um apêndice sobre o comércio externo, para a Assembleia poder fazer o confronto.
Chamo a atenção da Câmara para este assunto, visto que, logo que eu julgue a Câmara habilitada para entrar na discussão do parecer sobre as Contas Gerais do Estado, marcarei essa discussão para ordem do dia.
Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão, na generalidade, o projecto de lei relativo a feriados e dia de descanso semanal, da autoria do Sr. Deputado Mendes de Matos.
Tem a palavra o Sr. Deputado Albano de Magalhães.

O Sr. Albano de Magalhães: - Sr. Presidente: nada pode agradar mais ao meu espírito do que falar, embora em brevíssimas palavras, sobre a formação de Portugal, a razão da sua independência, a segurança do seu destino.
E proporciona-me essa possibilidade o projecto de lei que, em hora feliz, o Sr. Deputado cónego Mendes de Matos apresentou à Assembleia. Nacional sobre os dias festivos da Igreja e revisão dos feriados nacionais.
Entendeu S. Ex.ª reunir no mesmo projecto de lei estes dois factos, tão interpenetrada é a sua razão de ser, tal a unidade que constitui a vertebração espiritual da nossa nacionalidade no mais puro sentido religioso e político.
Dias festivos da Igreja são dias festivos da Nação Portuguesa!
E eu remonto aos primeiros momentos em que a espada de D. Afonso Henriques se ergueu na defesa da cristandade contra a mourama infiel, evoco a vassalagem prestada à Santa Sé pelo nosso primeiro Rei, que, em defesa da independência do seu reino e da sua própria soberania, presta o tributo de 4 onças de ouro. E é tal a transcendência deste acto perante o poder espiritual de Roma que António Sardinha, analisando-o à luz do seu magnífico espírito, do mais são e incontestado nacionalismo, confessa que «não sabe se D. Afonso Henriques é mais credor do nosso reconhecimento quando conquista Lisboa e dilata o seu supremo reino até ao Tejo ou se quando ajoelha aos pés do legado e oferece Portugal em vassalagem à Santa Sé».
Assim começou a Nação Portuguesa!
Os primeiros passos foram dados ao sopro religioso da Fé, em cruzadas de alma.
Assim começou e sempre pela vida adiante foi crescendo e aumentando, e de tal sorte que, maravilhados, a vemos cada vez maior quando os portugueses, abraçados na Cruz, afirmam a sua presença em terras da mourama ou «por mares nunca dantes navegados, vão dilatando a Fé e o Império».
Na história portuguesa, como em todas as histórias de qualquer nação do Mundo, há momentos de vida feliz e de vida infeliz.
Mas sempre que os portugueses lutaram e viveram à sombra da Cruz de Cristo, Portugal afirmou a sua presença. Bem ao contrário, quando lutaram contra ela, num prurido de independência e de mal compreendida liberdade, que é antes de tudo ignorância, inconsciência ou mal contido atrevimento, esta grande Nação fez-se pequena, tão insignificante que até com o seu próprio nome se permitiram formar um verbo - portugalizar - de sentido tão despiciente e pejorativo que os próprios portugueses por tais erros culpados, de combalidos que estavam, nem tinham forças para o repudiar.
Dias festivos da Igreja, dias festivos da Nação Portuguesa.
Não vale a pena, Sr. Presidente, numa Assembleia tão esclarecida e tão portuguesa como esta é, recordar certos passos da história - da nossa História Sagrada -, que constantemente comprovam e ilustram esta afirmativa, pois só os não sente quem não tiver sensibilidade, por a ter deixado queimar nas lutas inglórias e megalómanas da vaidade, ou na intemperança da falsa liberdade, e só os não vê quem quiser ser cego e se deleitar na escuridão, onde nem sequer descortina a sua superior inferioridade.
Não resisto a reproduzir as palavras que o Dr. Luís de Almeida Braga, no seu livro O Culto da Tradição, escreveu com o mais puro sentido do seu vibrante nacionalismo, que é bem igual ao nosso no entusiasmo com que pretende que Portugal seja igual ao mesmo que foi à nascença, nacionalismo que está sempre aceso na mesma chama votiva da herança espiritual, elo inquebrável de fé nas virtudes da raça:

Um português pode não ser católico, mas tem obrigação de se interessar pelo desenvolvimento e engrandecimento do catolicismo como de um elemento político da Pátria.
A causa da Igreja e a causa de Portugal confundem-se. Um inimigo da Igreja é um inimigo de Portugal. Cada golpe dirigido contra Roma afecta e fere a tradição histórica de Portugal. Se os reis fizeram a Pátria, os bispos e o clero foram os seus primeiros cooperadores.

Dias festivos da Igreja, dias festivos da Nação Portuguesa!
Se todas as nações devem reconhecer a Deus como seu fim último, diz o antigo Deputado, notável escritor e brilhante orador Dr. Alberto Pinheiro Torres, a portuguesa, porém, não recebeu do cristianismo apenas a sua razão final e o fundamento da sua vida colectiva, antes hauriu nele um dos traços essenciais da sua personalidade: a missão de cruzada e evangelização.
Não vale a pena insistir na reafirmação desta verdade, assim reconhecida por todos os portugueses de boa fé e de boa têmpera, posta em relevo com singular compreensão do carácter nacional no magistral parecer da Câmara Corporativa. É tão grande o manancial que desta