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160 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 62

dos portos de mar e dos aeroportos, da marinha mercante, dos aproveitamentos de energia, das barragens e das condutas de rega, do povoamento florestal de serras o dunas e da colonização interna. E cuidou-se também da alma da Pátria, maculada por um século de estrangeirismo, consumida por labaredas que do Oriente vieram.
Castelos, igrejas e mosteiros e tudo que nos liga à tradição de um paus maior entre os maiores foi sucessivamente restaurado com acrisolado amor na sua primitiva grandeza. E, assim, vemos melhor o passado já distante, que uma reconstituição prodigiosa nos trouxe, aos nossos olhos, no ano dos Centenários.
O milagre operado pela aparição da nossa Padroeira, que fez nascer na Cova da Iria multidões de fervor religioso u volta de uns pobres pastorinhos, onde, anos atrás, se maculava a consciência católica da Nação com perseguições inauditas, foi o raio de luz a anunciar a aurora do Ressurgir.
Recebemos da Providência lima rica dádiva. Precisamos de nos tornar verdadeiramente dignos dessa Graça, cuja projecção ultrapassa o que podemos, pobres de nós, antever!
Olhemos para trás. Já não vemos, na realidade, sombras. E o que vemos? Vemos assinalados varões - reis, príncipes, chefes e guerreiros, missionários, navegadores e marinheiros, sábios e políticos e na longa esteira um grande povo.
Divisamos heróicas batalhas por ideais - sempre os mesmos, de resto: Deus, Pátria e Família - e como única bandeira a das quinas, dos castelos e das chagas. Divisamos a comunhão do clero, da nobreza e do povo em cortes, em que sábios reis nunca atraiçoaram a sua alevantada missão. Vemos rainhas santas e santas rainhas espalhando rosas onde corre a dor. Vemos Portugal eterno - o de hoje, o de ontem e o de sempre.
Se assim vemos, porque ainda hesitamos em o proclamar? Porque hesitamos em dar à Nação inteira consciência do que fomos e somos? Porque hesitamos em que seja inteiramente respeitada a consciência católica do nosso povo, permitindo que essa juventude, que é a nossa esperança, possa cumprir, como deseja, os seus deveres perante Deus, respeitando religiosamente os dias santificados?
Porque hesitamos em proclamar que é necessário ajudar, mas ajudar efectivamente, a preparação de novos soldados de Cristo para o seu santo trabalho em todas as províncias do Império?
Porque hesitamos em restaurar instituições tendentes no respeito pela dignidade dos ofícios, forte sustentáculo do trabalho nacional?
Porque hesitamos?
A ordem não tem de vir do chefe. É o País que o Rente, é a luz que novamente banha com esplendor as sombras.
Apoiados.
Povos mais afortunados que o nosso pela riqueza industrial puderam passar esse triste século XIX sem que a Cruz deixasse de ser sempre, na alma, o doce refúgio das dores e dos infortúnios. Passámos, infelizmente, essa época de sofrimento vendados os nossos olhos à luz que tudo alumia.
Hoje, que ela nos banha novamente, clarificando as almas, sejamos todos portugueses de Portugal, de aquém e além-mar, como uma só força na luta, conforme as palavras do Santo Padre contra as temíveis forças do mal: a Elas estão muito organizadas e são incansáveis ...».
Sr. Presidente: vai abrir-se um novo período de intensa renovação e já foi traçado prudentemente o seu rumo. Por onde seguimos então?
Fomos dos que sempre consideraram como anti-humanos os ideais filosóficos de Engels e de Cari Marx. Essas vãs promessas dum paraíso de igualdade, quando o próprio paraíso bíblico foi exuberante na variedade, já deu as suas provas. Multidões de escravos, soldados autómatos dum ideal imperialista - o eslavismo do século XX, que irá para a História com a figura enigmática dum Estaline, como o foi, em épocas já passadas, com Pedro, o Grande.
Planeamento integral de toda a vida económica, verificação da iniciativa privada, o zero humano igual à unidade humana, resultado em que a economia marxista ultrapassa as concepções mais audaciosas da matemática. Destruição da família, atomizada de acordo com as necessidades duma mecanização irracional da existência. E, quanto à alma desse povo, podemos dizer que é ainda no seu âmago que residirá a esperança de salvação, quando essa gente sofredora for libertada dos seus carrascos.
O resto da Europa, mais ou menos socialista, estatista em vários graus e também com apoios frequentes no planeamento parcial da economia, com assembleias democráticas caracterizadas por notáveis jogos florais, não nos pode também servir de guia. No fundo, apenas delapidação de riquezas em países felizmente muito ricos. Isto em relação à Europa para além-Pirenéus, é claro que não falando já das sombras onde dominam chacais, sugando indefesos cordeirinhos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Não desejamos, pois, um Estado omnipotente e omnisciente, apoiado num planeamento total da vida económica e social.
Coordenação de actividades sim, por forma que o interesse colectivo seja devidamente acautelado. Programação das iniciativas de fomento de maior vulto, por forma a evitar desgastes. Colaboração íntima do capital e do trabalho, de operários e patrões, grémios, sindicatos e corporações. Homens livres em vez de homens escravos. Luz em vez de sombra.
E é dentro desta mística que vamos continuar. A segurança do caminho andado permite-nos dispensar de seguir rumos diferentes daqueles que sempre trilhámos. O Cruzeiro foi sempre seguro rumo nas mais difíceis rotas.
Já sabemos que é pobre o território que pisamos na velha Europa. Desde Haberlandt e Brunhes a Brokinanu e Jerosh, todos afirmam que a nossa paisagem florística não pode deixar dúvidas quanto a possibilidades agrárias. Não somos melhor dotados em hulhas e em matérias-primas industriais.
Se nos sobra a água em parcela reduzida no território, a paisagem xerófila domina inteiramente o ambiente. De resto, para tal concluir, basta observar de relance a extensão imensa do império do montado.
O alfobre de gente acantona-se por isso, desde que o homem se instalou neste recanto peninsular, onde as condições mais facilitaram a sua fixação. De resto, a semente tem provado ser bem fecunda. As duas pérolas insulares e a pátria que criámos, à nossa semelhança, na outra margem do Atlântico mostram-nos bem o valor criador da nossa raça.
Dizimada a grei em duras lutas no solo pátrio, na defesa do torrão e na .propagação da fé, arruinada ainda por pestes virulentas, o português é hoje falado em todos os continentes por muitas dezenas de milhões. Parece, pois, que gente não falta para a labuta do território.
É claro que diante de nós se levanta ainda hoje, prometedor, o extenso horizonte dos territórios ultramarinos escaldados pelo sol dos trópicos.