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102 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 116

nem podia interessar, qualquer destas ofertas porque as suas quantidades são mínimas e as pessoas que intervêm no negócio não dão garantias de poder fazer o fornecimento. Não têm em mão a indispensável autorização de exportação.
Dito isto, Sr. Presidente, está de alguma maneira feita a justificação do elevado preço que passa a ter este ano o sulfato de cobre, contudo inferior àquele que devia ter, dado o preço por que se adquire a matéria-prima no mercado.
Nesta informação que estou dando à Assembleia há alguma coisa de novo que interessa frisar. É, Sr. Presidente, que vieram (de Angola, da nossa província ultramarina de Angola, 1:000 toneladas. Isto significa, Sr. Presidente, que podemos olhar mais confiadamente para o futuro, significa que estas 1:500 toneladas a 25$ já influíram benèficamente no preço a estabelecer do sulfato de cobre.
Podemos, porventura, visionar que dentro de algum tempo possamos ter absoluta independência, abastecermo-nos de cobre nacional e não estarmos dependentes dos diversos mercados produtores, tais como os Estados Unidos da América, Bélgica, Inglaterra, etc.
Mas há outra notícia que interessa ainda mais.. Entre o ter sulfato de cobre por preço baixo, mas em quantidade insuficiente, e a certeza absoluta de que a quantidade precisa para o abastecimento do mercado está assegurada, acho que é preferível esta última hipótese. Todos VV. Ex.ªs sabem que durante a última guerra havia géneros baratos que não apareciam no mercado e entre eles estava o sulfato de cobre. O preço do sulfato era baixo, mas não havia em quantidade suficiente.

O Sr. Botelho Moniz: - Porque os ingleses não concediam os navicerts precisos para a importação do cobre.

O Orador: - Pois, Sr. Presidente, regozijemo-nos pelo facto de o País estar inteiramente abastecido de sulfato de cobre, porque assim os viticultores terão a certeza de que o seu trabalho não sofrerá com a falta desse produto. Os seus tratamentos poderão fazer-se a tempo e horas.
Sr. Presidente: quero ainda dizer à Câmara que o consumo do sulfato de cobre foi em 1949 de 12:100 toneladas, em 1950 de 13:734 e em 1951 de 15:550. O aumento sensível que se verifica no consumo do sulfato em 1951 tem como explicação em primeiro lugar a circunstância de na ocasião em que se faziam os tratamentos ter havido um tempo propicio para a propagação do míldio e ainda aquele desejo a que já me referi de os viticultores fazerem as suas reservas de sulfato com receio de qualquer modificação no preço.
Ora estão em poder da Companhia União Fabril nada mais nada menos do que 17:500 toneladas de sulfato de cobre, o que assegurará o abastecimento desse fungicida à viticultura e aos demais ramos da agricultura que dele fazem uso.
Portanto, se o aumento do preço é uma noticia pouco agradável, o facto de sabermos que há sulfato em quantidade suficiente é uma tranquilidade para todos nós.
Temos de agradecer o facto de não se ter elevado o preço ainda mais, como aliás se poderia justificar, e ter ele ficado em 12$, preço abaixo do custo de produção. Também há que pôr em relevo a existência de uma indústria forte, de uma organização industrial de que, com razão, podemos orgulhar-nos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: termino as minhas considerações congratulando-me pelos factos que apontei e por podermos dizer que em matéria tão importante e
que tanto pode preocupar a nossa economia podemos, com a razão da experiência, dizer que dentro de relativamente pouco tempo conseguiremos tornar-nos independentes, tendo no nosso pais todo o cobre que nos é indispensável. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Ribeiro Cazaes: - Sr. Presidente: a discussão sobre a proposta da Lei de Meios para 1952 alcançou uma altura invulgar, não só pelo seu real valor, que evidenciou mais uma vez as excepcionais qualidades do ilustre Ministro das Finanças, mas também pelo brilhantismo dos discursos dos Srs. Deputados que nela intervieram, e ainda pela impressionante concordância verificada na análise dos mais importantes passos desse documento.
Senti-me bem depressa no dever de não intervir no debate, como esperava fazer, pois não houve um ponto que eu desejasse focar que não fosse referenciado com superior mestria, analisado com uma elevação, uma clarividência e um brilho que estavam muito acima das minhas possibilidades.
Um dos passos de maior interêssse da proposta de lei e em que mais vivamente se afirmou a concordância de opinião dos membros da Assembleia Nacional foi, sem dúvida, o que respeitava à melhoria de vencimentos do funcionalismo.
Encarados brilhantemente, e até, por vezes, com profunda emoção, os aspectos, político, económico e social de tal medida, todos os oradores orientaram as suas considerações no sentido de a melhoria prevista beneficiar, acima de tudo, o agregado familiar.
Não creio que haja quem, honestamente, possa olhar o problema de outra forma.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na verdade, quem não tenha de pensar só em si sofre com dureza o peso da carestia da vida, e a experiência ensina-nos que o funcionário sem encargos de família é quase sempre o único beneficiado com a melhoria de vencimentos.
Este não sofre, pelo menos desde logo, aumento de preço nas coisas fundamentais (o custo do alojamento e do restaurante, por razões que todos conhecem, não variam rapidamente), enquanto aquele, muito antes de receber a melhoria prometida, começa a sentir mais pesada a sua cruz.
Tempo houve em que, mal se falava em aumento de vencimentos, o custo da vida subia de tal forma que se ouvia por todos os lados suplicar ao Governo que, por amor de Deus, não prometesse nem desse melhoria alguma.
E há, certamente, muitos Srs. Deputados que ainda se recordam de verem os funcionários receber de uma só vez dois ou três meses de ordenado como primeiro passo da melhoria de vencimentos, tão agravados estavam já os preços das coisas fundamentais, tão profundamente se desenvolviam as maquinações dos traficantes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Com a Evolução Nacional começaram a ser limitadas estas manobras vergonhosas, embora não se conseguisse a sua eliminação completa.
Agora começam novamente a desenhar-se tão negregadas atitudes.