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118 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 117

Ao apresentar estes queixumes, em nome do distrito em que tive a honra de ser eleito, eu não quero deixar de declarar, em homenagem à verdade e à justiça, que o Estado Novo algumas estradas construiu e reparou. Seria ingratidão não o reconhecer, e o alentejano não costuma ser ingrato, mas também foge ao fácil pecar da adulação.

Recordo a situação de há trinta anos no concelho de Ponte de Sor, onde nasci, e no concelho de Avis, onde exerci a profissão e constituí família.

Ponte de Sor apenas tinha uns escassos quilómetros de estrada macadamizada, sem uma única ligação para outras povoações ou para as suas freguesias. Tem agora uma estrada a ligá-la a uma afastada freguesia, Montargil, que, seguindo para Mora, atravessa, por uma ponte em ruínas, o rio Sor. Essa estrada, pelo seu grande movimento, está em muito más condições.

O Estado Novo terminou a ligação para a freguesia de Galveias, a ligar Avis. Uma outra estrada, de terra batida, liga Ponte de Sor a Bemposta e Abrantes, estrada incapaz para o tráfego actual.

O concelho de Ponte de Sor espera há muitos anos a estrada que o ligue ao vizinho concelho de Gavião e, por ela, à Beira Baixa e a reparação da estrada para Alter.

O concelho de Avis, antes do 28 de Maio, não tinha uma única estrada macadamizada que o ligasse ao resto do Mundo, lia época de invernia passavam-se dois e três dias sem receber as malas do correio.

Região argilosa, eira tormento tentar sair no Inverno da sede do concelho para as suas. freguesias, para outros concelhos, e impossível a ligação com a sede do distrito.

Tem lugar destacado nesta Assembleia o segundo governador civil do Estado Novo- no distrito de Portalegre. O coronel Vaz Monteiro, que tantas amizades conquistou no distrito, aí por 1930, na sua primeira visita ao concelho de Avis, teve de atravessar a vau, com água até aos joelhos, a corrente lodacenta de uma ribeira para entrar num automóvel que o aguardava na outra margem!

Felizmente essa ribeira transpõe-se agora por uma ponte, e uma estrada liga-nos a Fronteira e depois à sede do distrito, estrada, diga-se, em grande parte em péssimo estado.

A estrada para Ponte de Sor foi obra do Estado Novo, mas também necessita de grandes reparações.

Construiu-se recentemente uma outra estrada que liga a sede do concelho a Pavia e por ela a Arraiolos e Évora, estrada ainda em bom estado, que devemos ao Estado Novo e ao denodado empenho de um outro governador civil, que tem também lugar honroso nesta Assembleia, o Dr. Magalhães Pessoa. Essa estrada terá muito em breve um enorme movimento para o transporte dos materiais para a grande barragem do Maranhão, em início.

Cito só estes dois concelhos, mas poderia citar alguns outros nas mesmas condições. Não quero alongar estas minhas considerações, melhor lamentações, que por imperativo da função me obriguei a proferir.

Sr. Presidente: o distrito de Portalegre está sempre presente à chamada, o distrito de Portalegre não deve ser esquecido. A ponte Marechal Carmona é indiscutivelmente um grande melhoramento... mas o distrito de Portalegre só pode apreciá-lo se o ligarem por estradas transitáveis e directas.

Não ouso fazer sugestões que os competentes técnicos dos serviços têm já suficientemente estudadas; apenas se aguarda a execução.

Tenho dito.

Vozes: - Muito bem!

O orador foi cumprimentado.

O Sr. Calheiros Lopes: - Sr. Presidente: durante o período de férias em que estiveram suspensos os trabalhos desta Assembleia deu-se um acontecimento de tanta importância na vida da Nação que me atrevo a roubar alguns minutos do precioso tempo da Camará para a ele aqui me referir.

Quero aludir, Sr. Presidente, à inauguração da ponte sobre o Tejo em Vila Franca de Xira. Como português, como ribatejano e como homem ligado às actividades económicas pelos elos fortes da lavoura, a que me honro de pertencer, e da indústria, em que igualmente trabalho, não posso deixar de manifestar a profunda alegria e o grato reconhecimento com que, não sómente a minha região - o Ribatejo -, mas todo o País, vimos realizada essa aspiração, que tantos anos viveu apenas em sonhos no espírito de várias gerações e que, como tantos outros benefícios nacionais, só conseguimos ver materializada pela acção renovadora e esclarecida do Governo de Salazar.

Penso que a Assembleia Nacional quererá associar-se aos sentimentos de júbilo verdadeiramente nacional despertado pelo grande acontecimento celebrado no dia 30 do mês findo e magnificamente compreendido pelo País inteiro. Nessa tarde maravilhosa, em que a própria natureza, concedendo-nos um dia de sol radioso, parecia associar-se à nossa satisfação, vimos representantes de todas as hierarquias sociais e de todas as regiões rodearem e aplaudirem S. Ex.ª o Chefe de Estado e o Governo, a quem trouxeram, de todos os cantos de Portugal, as sinceras felicitações e agradecimentos pelo grande benefício que, sob todos os pontos de vista, a ponte de Vila Franca representa.

No aspecto local, unindo os milhares de hectares das férteis lezírias da margem sul do Tejo às terras altas da margem norte, a ponte veio fazer cessar aquelas crises de sofrimento, dificuldades e perigos que anualmente se repetiam na época das cheias. Todos sabem o que eram aqueles dias trágicos, em que sob a ameaça das águas povos e gados, para fugirem à cheia, tinham de atravessar o Tejo revolto e caudaloso em saveiros frágeis, em barcos e lanchas que a corrente arrastava - e até a nado, quando não havia outro meio...

Por isso, Sr. Presidente, justificou-se perfeitamente o relevo que o Estado deu ao acto da inauguração da ponte, relevo e significado que os povos sentiram e se manifestou entusiasticamente nu multidão que esteve em Vila Franca no dia 30.
Tomo pois u liberdade de trazer aqui, para que»fique registado nesta Assembleia, o pálido eco dessa satisfação geral, a que se unem os mais justos sentimentos de reconhecimento ao Governo do Estado Novo, que dotou o País de mais este importante melhoramento.

Deu-se à ponte o nome do saudoso Chefe do Estado Sr. Marechal Carmona, e a esse preito de comovida homenagem todos os portugueses «leram u sua plena concordância.

Ao nome do extinto Presidente junta-se, na comemoração do acto inaugural, o do actual Chefe do Estado, S. Ex.ª o General Craveiro Lopes? que com a sua presença, ilustre quis manifestar o patriótico interesse que lhe merecem todos os factos concorrentes para o desenvolvimento do País.

O Sr. Ministro das Obras Públicas, Ex.º Sr. Engenheiro Frederico Ulrich, deixa igualmente o seu nome ligado a esta obra, que orientou, dirigiu e acompanhou diariamente, chefe activo e inteligente, como é, da plêiade brilhante de técnicos que trabalham no seu Ministério.

Ao apreço que os técnicos dos serviços oficiais nos merecem devemos juntar aquele a que têm jus os engenheiros e operários das empresas construtoras. Uns e outros deram mais esta magnífica prova de que o