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130 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 118

Confronto da duração dos trajectos:

[ver tabela na imagem]

Ora, Sr. Presidente, as actuais ligações entre Portalegre e Castelo Branco (Beira Baixa) estão ainda presentemente confinadas a ligações ferroviárias, as quais, obrigando ao trajecto por Abrantes-Gare, determinam enormes perdas de tempo e até despesas facilmente evitáveis.
Em nome dos interesses dos povos do meu distrito solicito a atenção do Sr. Ministro das Comunicações, a (piem rendo as mais efusivas homenagens pela sua permanente afabilidade, no sentido de autorizar a carreira que se propõe, a servir as seguintes localidades: Portalegre, Castelo de Vide-Estação, Alpalhão, Nisa, Vila Velha de Ródão, Sarnadas, Cebolais e Castelo Branco.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Desejo finalmente referir-me às comunicações, por estrada, entre Portugal e Espanha.
Em território português, o mais curto caminho a percorrer de Lisboa para Madrid é pelo posto de Galegos, no meu distrito. Aqui se fez erguer, há anos, e não obstante haver outro, um edifício destinado à Guarda Fiscal, construção que custou cerca de 200.000$, com instalação adjacente para a Polícia Internacional.
Dotado este posto com o essencial -a que não falta a dispendiosa báscula, quase inutilizada pelo desuso-, é apenas habitado .pela Guarda Fiscal. Nesta fronteira se repetem inutilmente os postos de fiscalização. Sustado no primeiro posto, decorridos 300 metros, surge a polícia para cumprir a sua missão, mas, percorridos o quilómetros, o viajante novamente se detém para nova intervenção da Guarda Fiscal.
Não conheço outra fronteira portuguesa onde se repitam assim os incómodos.
Para quê esta sobreposição de postos? Estou certo de que o ST. Ministro das Finanças, depois de se informar, simplificará, sem lhe prejudicar a eficiência, este sistema, tido por todos por inexplicável.
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Abrantes Tavares: - Tenho a honra de enviar para a Mesa o requerimento seguinte, cuja justificação passo a ler:

Como é do conhecimento público, em Junho de 1951 apareceu no hospital da C. U. F. uma doença, a princípio não identificada, que atingiu indistintamente doentes ali internados e acompanhantes, pessoal clínico, de enfermagem e administrativo. Pelo número de baixas que provocou duzentas por doença e, pelo menos, três por morte- o facto suscitou grande alarme público e teve repercussão na imprensa diária.

A direcção do hospital, afirma-se, logo que a doença surgiu, comunicou o facto às autoridades sanitárias competentes e contratou o Dr. José Cutileiro, então director do Centro de Saúde de Lisboa, para investigar a causa ou causas da doença. Esta surgira em meados de Junho e o Dr. Cutileiro, tendo aceitado a incumbência, iniciou imediatamente os seus trabalhos, e a 27 daquele mês, e após o resultado de análises laboratoriais, via confirmada a hipótese por ele admitida de que se tratava de um surto epidémico provocado pela Salmonella typhimurium, transmitida por ovos consumidos naquele Hospital. Em 4 de Julho o Dr. Cutileiro dava os seus trabalhos por terminados, comunicando às autoridades sanitárias as * conclusões a que havia chegado e o local onde os ovos contaminados tinham sido adquiridos.
As autoridades sanitárias, mantidas sempre ao corrente dos trabalhos do Dr. Cutileiro, como este afirma, já em 23 de Junho teriam iniciado a sua intervenção no caso e parece terem passado a ditar medidas profilácticas em 4 de Julho.
Em 10 de Julho o Dr. Cutileiro fez uma comunicação das investigações por ele levadas a efeito na Sociedade de Ciências Médicas de Lisboa, pormenorizando o seu trabalho de pesquisa e identificação do agente infeccioso -a Salmonella typhimurium e do alimento transmissor - os ovos. A Direcção-Geral de Saúde, que até aí se mantivera silenciosa sobre o surto epidémico referido, mudou então de atitude e fez publicar nos jornais da tarde do dia 11 a nota seguinte:
Publicaram os jornais da manhã de hoje notícias relativas a uma comunicação realizada na Sociedade de Ciências Médicas sobre o caso de toxi-infecção alimentar colectiva ocorrido no hospital da C. U. F. no mês findo.
Acerca do assunto cabe à Direcção-Geral de Saúde esclarecer:
") Que o Dr. José Cutileiro não é director dos serviços de profilaxia de Lisboa;
b) Que o aludido médico não foi incumbido de praticar quaisquer diligências no caso de que se trata, às quais e a partir do momento em que houve conhecimento da ocorrência procederam os serviços .sanitários centrais;
c) Que ainda não é tempo de se pronunciar definitivamente sobre o assunto, visto não estarem ultimadas as actividades pertinentes que vêm a ser efectuadas em colaboração com a Polícia Judiciária, bem como os diversos processos disciplinares e outros superiormente ordenados. Como é óbvio, foram já tomadas pelos serviços centrais de saúde as medidas necessárias para acautelar o "público contra a repetição de acidentes de natureza e origens da apontada, com a prontidão e na medida em que o tornou possível a forma como inicialmente o assunto foi tratado.
O Director-Geral de Saúde.
E, tendo publicado esta nota, assaz enfibológica, a Direcção-Geral de Saúde sentiu-se desobrigada de voltar ao assunto, como, a meu juízo, devera fazer para tranquilizar o público, justamente alarmado por facto de tão graves consequências como as que referi. De concreto ficou-se sabendo apenas que foram instaurados processos disciplinares e outros superiormente ordenados, mas sem se saber porquê, quando, afinal, a saúde nacional exigia se dissesse claramente de que doença se tratava, qual a sua origem e as medidas toma-