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12 DE JANEIRO DE 1952 161

Há-de concordar-se que é pouco, perigosamente pouco, e oxalá que algum dia ainda nos não venhamos a lamentar de prejuízos d" centenas de milhares de contos em mais alguma indústria-base mal montada, ou ramo fabril mal orientado, só porque não soubemos, ou não quisemos, ver o problema a tempo e com realismo.
Oxalá que um novo período de emergência como o que atravessámos de 1939 a 1945 nos não venha encontrar outra vez tão descalços tecnicamente como na última guerra, com consequências bem sérias para muitas das nossas actividades nacionais.
Oxalá, enfim, que através de maiores facilidades de crédito e duma política fiscal mais justa -que saiba compreender e estimular o emprego dos capitais e seus rendimentos nos empreendimentos socialmente mais úteis - o ano de 1902 venha a ficar assinalado na história da Revolução Nacional como o início de um novo período em que mais fortemente se procuraram valorizar todas as fontes de produção imperial, inclusive, portanto, a nossa indústria, tão incompreendida ainda, infelizmente, por muitos, nos seus problemas, nas suas possibilidades e nos rumos do seu destino ...
Sr. Presidente: alguém me fazia há dias notar que o principal defeito dos portugueses era o de serem inteligentes, querendo com isso significar que, munidos de tão valiosa qualidade, eles se podem dar ao luxo, muitas vezes, de não profundar os problemas que lhes interessam, na certeza de que, a todo o tempo, se sairão sempre airosamente de qualquer erro de apreciação ou de orientação mais sério em que, porventura, venham a cair.
Tenho muita pena de fugir duplamente à regra e de assim ter cansado excessivamente VV. Ex.ªs, mau grado meu, com o estudo de assuntos que, à primeira vista, podem parecer não ter qualquer correlação com o do condicionamento.
Por mim estou sinceramente convencido, porém, de que a vinte e cinco anos de uma revolução em que já se fizeram as mais variadas experiências em matéria económica, e sobretudo industrial, era tempo de aproveitar .toda essa valiosa experiência e assentar ideias, não já propriamente sobre qualquer orientação definitiva em matéria de condicionamento, mas sobre um verdadeiro estatuto da indústria portuguesa, à sombra do qual esta pudesse progredir e singrar, segura de si, das suas possibilidades e da natureza dos problemas e condicionalismos naturais que a limitam.
Não se quis -ou não se achou oportuno - dar-se-nos ainda desta vez a alegria de se estudar e discutir qualquer diploma em. que se contemplassem esses horizontes mais rasgados e prometedores de um futuro melhor.
Registo e louvo essa prudência, mas do mais fundo da minha consciência de técnico e de português há qualquer coisa cuja voz eu não consigo fazer calar em
mini e que cada vez mais me grita essa máxima lapidar de um grande prosador contemporâneo:
É preciso concluir quando se começou a pensar, . da mesma maneira que só torna necessário agir quando já se tem concluído ..
Tenho dito.
Vozes: - Muito bem, muito bem! O orador foi muito cumprimentado.
O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão. O debate continuará na próxima sessão, que se realizará na terça-feira, 15 do corrente, a hora regimental.
Antes de encerrar os trabalhos, quero convocar a Comissão de Legislação o Redacção para se pronunciar sobre o projecto de lei do Sr. Deputado Paulo Cancela de Abreu, acerca do abandono de família.
Está encerrada a sessão.
Eram 18 horas e 25 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António Pinto de Meireles Barriga.
Artur Proença Duarte.
Henrique dos Santos Tenreiro.
Manuel Maria Múrias Júnior.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
Alberto Cruz.
Alberto Henriques de Araújo.
António Joaquim Simões Crespo.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Carlos Vasco Michon de Oliveira Mourão.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
Francisco Eusébio Fernandes Prieto.
João Cerveira Pinto.
Joaquim de Moura Relvas.
Joaquim de Oliveira Calem.
José Gualberto de Sá Carneiro.
José Guilherme de Melo e Castro.
José Pinto Meneies.
José dos Santos Bessa.
Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.
Manuel Cerqueira Gomes.
Manuel Hermenegildo Lourinho.
Manuel Lopes de Almeida.
Manuel Maria Vaz.
Miguel Rodrigues Bastos.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de -Sousa.
Vasco de Campos.