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292 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 126

certeza de que saberemos erguer bem alto, em toda a parte do Mundo, a bandeira dos Estados Unidos!

14. Valerá ainda a pena citar o caso da Inglaterra? Como admirar que uma marinha que ainda hoje disputa para o seu país o título de rainha dos mares tenha integrados nos seus próprios efectivos grandes porta-aviões, correspondentemente equipados para as missões que lhe são próprias?
E disporá a marinha inglesa integralmente de toda a aviação que pode em determinado momento ser necessária à cooperação com as operações navais em que se encontra empenhada?
O problema é aqui diferente daquele que para os Estados Unidos se apresenta. Pais que há mais de três séculos exerce o domínio do mares, pôde a tempo organizar, ao longo das rotas marítimas que mais directamente interessam ao seu modo de vida, sólidas bases em terra, sempre prontas a apoiar, pela forma julgada mais útil, as operações militares ou navais nacessárias à defesa dos seus interesses.
Para que sobrecarregar o Tesouro com as pesadas despesas que os porta-aviões e outros meios de cooperação comportam se lhe é mais económico, mais simples e possivelmente mais útil escalonar os meios aéreos pelas diferentes bases ao longo das grandes rotas marítimas que mais directamente lhe interessam e entre as quais se conta certamente a grande estrada da metrópole à índia e ao Pacífico através do Mediterrâneo e do Mar Vermelho? Não bastará ao comando naval poder seguir ou mesmo planear e superintender directamente as operações das forças da Real Força Aérea destinadas à cooperação naval, quando esta seja reclamada ou se torne manifestamente necessária?
Com boa razão ninguém poderá responder negativamente. Também ninguém poderá razoavelmente combater as soluções que, para o nosso caso, a proposta comporta, seguramente mais modestas nas intenções, embora relativamente mais custosas nos factos.

15. Não vale a pena discutir se a Alemanha perdeu a guerra submarina por não ter apoiado os seus meios de acção naval pelas asas dos próprios marinheiros ou se a Grã-Bretanha ganhou a batalha de Inglaterra, salvou Londres e assegurou a vitória com as esquadras do ar ou com os navios e aviões do mar. Goering teria sido o grande obreiro da vitória aliada?
Examinando serenamente os factos, não se vê como, razoavelmente, seria possível ao Governo Alemão chegar a solução diferente da que tinha adoptado.
No que se refere estritamente à aviação anti-submarina, não tinha o caso interesse: a Alemanha propunha-se fazer a guerra submarina e não impedi-la.
Se olharmos apenas para o aspecto da aviação embarcada e imaginarmos uma solução que tivesse permitido à nação germânica conduzir para o teatro de guerra marítima poderosos porta-aviões, teremos forçosamente de considerar se, em face da situação geográfica da Alemanha e da predominante situação naval aliada, seria possível ao supremo comando alemão fazer chegar ao mar alto, em admissíveis condições de êxito, um poder naval eficiente, afirmado predominantemente através daquela classe de navios.

16. Quando se examina o problema da hegemonia naval no Mediterrâneo, que tão vital deveria ser considerado pêlos dois partidos em luta na segunda guerra mundial, certamente que ninguém deixará de reconhecer ser diferente o caso da Itália.
Em vez de lançar à carreira os porta-aviões indispensáveis, preferiu Mussolini realizar um programa aéreo que permitisse construir aviões susceptíveis de levar uma tonelada de bombas a qualquer ponto do Mediterrâneo.
Os factos demonstram todavia ter sido possível aos aliados disfrutar de relativa liberdade no grande mar euro-africano. O problema não foi entre nós ainda discutido em profundidade e não interessa à índole meramente objectiva e informativa do presente relatório o seu demasiado alongamento.

17. Enquadrado Portugal em determinado sistema defensivo, livre de perigo imediato a sua fronteira terrestre, em resultado de uma política de sólida amizade peninsular, não há que encarar em abstracto o problema do desenvolvimento deste ou daquele ramo da força armada nem as missões mais ou menos extensas que a cada um deles deve competir. Se o bem da paz tiver de ser perdido para os Portugueses, há que considerar esses problemas em face do condicionalismo politico-militar que está criado.
Desde que, após a segunda guerra da independência, não nos foi possível reconstruir a esquadra, ou na medida em que, em certo período da nossa história, preferiram os reis aplicar o ouro do Brasil em bens materiais, culturais e artísticos a lançar navios no mar, perdida se deveria considerar para sempre a possibilidade de regressarmos como proprietários abastados à casa onde, durante séculos, tínhamos sido quase jónicos senhores. A máquina a vapor, a idade do ferro na construção naval e uma política de inimizade peninsular na Europa que nos deveria fazer deslocar para as forças de terra o centro de gravidade das nossas disponibilidades de tesouraria fariam o resto. Para se não perder tudo e podermos adquirir a segurança de que as estradas da metrópole com as possessões de além-mar nos não seriam definitivamente cortadas houve que recorrer a uma política prudente, seguida inalteràvelmente durante mais de duzentos anos, procurando em alianças e apoios exteriores o poder naval que nos tinha escapado.
As posições-chaves que avisadamente tínhamos associado à metrópole portuguesa a partir do século XV e as possibilidades de comércio oferecidas por um território que ainda hoje equivale em área a quase metade da Europa eram contrapartida bastante para um aliado esclarecido e fiel com quem, nos graves momentos de crise, quase sempre pudemos contar.

18. Perdido um poder naval próprio, correspondente às necessidades das nossas ligações com o ultramar e forçados a basear parte da nossa segurança em acordos de defesa comum, não parece ter valor prático a apreciação das diferentes modalidades dos nossos problemas de defesa como se fôssemos uma unidade capaz de, por si só, resolver todas as dificuldades e arquitectar para elas adequadas ou ajustadas soluções.
Associados com terceiros para em conjunto fazermos face a problemas que não nos são exclusivos, o que acima de tudo importa é mostrarmo-nos perante o Mundo dignos de nós próprios, da nossa ética e da nossa história, assumindo leal e fielmente as responsabilidades que nos são atribuídas.
Porque temos de colaborar na luta anti-submarina e assumir parte da responsabilidade da defesa das comunicações marítimas dentro de determinada zona, verificamos ter de ser superior ao de aviões o número de unidades navais a aumentar ao efectivo. Esta é a situação a enfrentar com solicitude e rapidez, e, sendo deveras embaraçosa a situação da Marinha, no que respeita ao pessoal, agravada ainda pela circunstancia de não ter sido possível organizar reservas navais bastantes, não parece aconselhável que a Marinha gaste as suas reduzidas possibilidades de efectivos em guarnecer