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5 DE MARÇO DE 1952 437

Os 37:375 contos destinados ultimamente ha prospecções mineiras nas duas províncias devem ter chegado para bem pouco.
O fomento industrial poderia também concorrer para a elevação rápida das densidades populacionais brancas.
Instalaram-se algumas novas unidades, desenvolveram-se outras já existentes e assiste-se a um notável incremento da indústria. A pesca, por exemplo, parece oferecer uma espaçosa e segura margem de possibilidades.
Li esta informação, vinda, de Nova Iorque e datada de 27 de Janeiro findo:

Segundo o anuário estatístico das Nações Unidas, a produção industrial no Mundo no 4.º trimestre de 1950 atingiu o dobro da registada em igual período do ano de 1949.

O fenómeno é geral. Mas, além do aumento brusco da massa proletária, surgem vários embaraços: a estreiteza do mercado interno, na sua quase totalidade dependente do reduzido poder de compra dos indígenas; a dificuldade de conseguir o escoamento dos produtos nos mercados externos; as exigências da coordenação, de modo a evitar a concorrência desastrosa com as indústrias já montadas na metrópole, ponto ainda fresco da discussão nesta Assembleia sobre a lei do condicionamento industrial.
Um consciente e avisado estudo do conjunto impõe-se com toda ar urgência.
Atribuindo à rede de transportes a sua natural importância, construímos portos, rasgámos estradas, lançámos caminhos de ferro, instalámos aeródromos e aumentámos a tonelagem nas carreiras marítimas, o material ferroviário, o tráfego automóvel e aéreo.
A inauguração de uma ponte, de um troço de estrada, de um cais, de uma pista já pouco nos detém a festejar o novo passo. Vamo-nos habituando. E, se tivermos em conta as dificuldades do acesso ao continente africano, pelas condições orográficas e grandes distâncias, temos de concluir que a nossa actividade neste sector se desenvolve satisfatoriamente, de modo a garantir a necessária movimentação das mercadorias e passageiros.
Só a província de Angola, pelo seu Fundo de fomento, destinou à rubrica «Comunicações», no orçamento para 4950, 311:285.560$. Para o quinquénio 1951-1955 estão previstos 707:000 contos do plano de gastos de 1.300:000 contos, o maior de todos - e sem paralelo até hoje - os aprovados para obras de fomento e outras a realizar naquela província.
Moçambique, com os seus 310:000 contos gastos, de 1937 a 1950, só em estradas e pontes, e mais 55:000 na compra de equipamentos para a mecanização dos trabalhos, detém dois dos mais legítimos títulos do nosso orgulho: o porto da Beira, resgatado por 2.000:000 libras, e o caminho de ferro, pago pelo Governo à Beira Railways Company por 4.000:000 de libras.
Depois da recuperação administrativa dos territórios de Manica e Sofala, o porto e o caminho de ferro da Beira, que não é só uma linha férrea, mas, como já alguém observou, suma corrente de tráfegos da mais alta importância política «económica», dão a ideia do nosso esforço de desenvolvimento e aperfeiçoamento das comunicações em África e do sentido de coerência do Governo sa prática de entregar o fomento da riqueza nacional a mãos e a cabedais genuína e patriòticamente portugueses.
Iniciando a exploração do caminho de ferro com pouco material estamos a dotá-lo bem e rapidamente com o equipamento necessário, e, quanto ao porto da Beira, entregue à administração da Direcção dos Portos, Caminhos de Ferro e Transportes de Moçambique, apenas há dois anos e meio (não resisto à satisfação de reproduzir esta nota) «com a capacidade máxima de manuseamento de mercadorias de 1.320:000 toneladas por ano, calculada por peritos estrangeiros, a administração nacional conseguiu logo no primeiro ano manusear cerni de 1.900:000 toneladas e no segundo ano 2.100:000 toneladas. Espera-se que este ano, se não continuar a irregularidade de navegação, o manuseamento atinja 2.500:000 toneladas e, depois de terminados os traballhos em curso e outros em (projecto, que este número suba para 4.500:000 toneladas por ano».
Isto prova capacidade para habilitar o sistema de comunicações no ultramar aos rendimentos de emergência porventura exigidos no futuro por causas estranhas à nossa vontade, mas bastante imperiosas para nos empenharmos a tempo e a fundo.
Evitei o mais que pude a citação ide números, gráficos e mapas que tornassem mais denso e extenso o teor das minhas considerações, aliás ligeiras para o muito que havia a dizer sobre os assuntos do ultramar ligados ao curso do meu aviso prévio. No entanto, para afirmar que o notável desenvolvimento da vida económica das nossas duas grandes províncias ultramarinas tornou possível nos últimos anos uni povoamento branco excepcional, tenho de mostrar este breve mas eloquente quadro.

[Ver tabela na imagem]

Os números a mais excedem em muito as percentagens de crescimento da população europeia existente e revelam, como já foi notado, que o aumento da última década é superior ao dos quarenta anos anteriores, todos somados. Talvez o saldo do movimento de passageiros portugueses para Angola e Moçambique de 1945 a 1950 ajude a compreender esse acréscimo verdadeiramente notável:

[Ver tabela na imagem]

Mais terra aproveitada, alguma melhor aproveitada, mais indústrias, mais (produção, melhores vias de transporte, maior capacidade de tráfego, maior utilização técnica dos cursos de água, multiplicação das instalações urbanas e rústicas, dos estabelecimentos de assistência e ensino, mais gente e mais actividade na pesca, na agricultura, na construção, na indústria - a agitação progressiva é real, sente-se, não pode ser negada, nem na discussão dos congressos, nem a mesa das conferência.
Na comunicação que fez, em 7 de Setembro de 1945, à província de Moçambique, aquando da sua visita ministerial à África, o Prof. Marcelo Caetano avivou esta indicação, que precisamos de ter sempre presente:

É bom que tenhamos consciência das nossas faltas e deficiências e das tarefas que solicitam a nossa atenção e esforço; mas não devemos diminuir aquilo que somos e aquilo que temos feito, nem exagerar os méritos e os progressos alheios.