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5 DE MARÇO DE 1952 443

Como último recurso, explico, na mobilização de meios para resolver o problema dos excessos demográficos, por que a emigração, em certa medida, terá de ser permanente, em virtude de razões de ordem política, económica e moral.

Qual o estado actual da emigração portuguesa?

Ao entrar neste capítulo, pego no relatório da Repartição de Estatística das Nações Unidas de 1900, que contou 2:400 milhões de habitantes no Mundo, confronto a cifra com os 515 milhões do século XVII, os 704 milhões de cem anos depois, os 8T5 milhões do princípio do século passado e os 1:161 milhões, aproximadamente, do ano de ILSÕO; aceito o vaticínio dos 3:500 milhões no fim do nosso século; recordo a declaração de Norris Dodd, director da F. A. O. (Organização Mundial para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas) de que todas as manhãs há no Mundo inteiro 50:000 pessoas .mais que na véspera para almoçar; medito nesta pobre terra cansada de tanto produzir; vejo terras consideradas celeiros inesgotáveis de trigo, como as ricas terras dos Estados Unidos e da Ucrânia, acusarem um empobrecimento progressivo; avalio a ansiedade dos quinhentos sábios reunidos sob a égide da U. N.º E. S. C. O. para estudar, em conjunto, a salvação da terra assassinada pelo homem; meço os espaços de cada país, cada vez mais reduzidos para a preocupação tom que todos., salvo três ou quatro -o Brasil, « Argentina, o Canadá, a Austrália, vão pondo de reserva área bastante para o seu próprio crescimento, fisiológico; reparo na política seguida por alguns, de nacionalismo fechados ou de (preferências raciais; revejo os prólogos de guerra, as devastações da última guerra mundial, as crises económicas, os já normais estados de emergência, e não tenho remédio s>enão dar por explicado este embargo que cada qual tem votado à admissão de emigrantes, embargo absoluto em alguns casos, restrições noutros, dificuldades, em suma, que nos confinam a vida em horizontes mais apertados e inquietos.

Com maiores ou menores médias anuais, de 1900 a 1941, o número dos nossos emigrantes foi, segundo os registos, de 1.213:536. Por falta de elementos estatísticos anteriores a 1936 sobre o movimento de retornados, apuram-se 37:756 -neste número estão os. que vieram ò. Pátria de visita- nos últimos seis anos daquele período.

De 1942 a 1950, inclusive, emigraram 84:113 pessoas, das quais 56:683 para o Brasil.

Quando falo .de emigração refiro-me só, como já disse, às deslocações para o estrangeiro; não envolvo a saída para as províncias ultramarinas.

O ano de 1960 merece uma referência especial:

Foi a primeira vez desde 1931 -salienta-se no Boletim Mensal do Instituto Nacional de Estatística de Outubro de l951 - que registamos mais de 20:000 emigrantes, e só isso constitui um facto significativo. Acresce que esse número ainda avulta mais pela tendência que revela e que aparece bem vincada no movimento mensal, onde o 2.º semestre acusa um aumento de cerca de 30 por cento sobre o primeira.

O mesmo número do Boletim chama ainda a atenção para o facto de 14:13-3 emigrantes dos 21:892 se terem destinado ao Brasil irmão.

Como me demorei a descrever a situação demográfica da ilha da Madeira, e, paralelamente, a de S. Miguel, ofereço dois quadros obtidos no Instituto Nacional de Estatística.

Emigrantes do distrito do Funchal nos anos de 1940 a 1950
1940...2:783
1941...659
1942...243
1943...203
1944...1:474
1945... 2:769
1946...1:370
1947.... 1:992
1948... 2:067
1949 ...2:065
1950 ...3147

Emigrantes do distrito de Ponta Delgada nos anos de 1940 a 1950

1940 ...220
1941..45
1942 ...1
1943 ...31
1944 ...118
1945 ... 110
1946 ....197
1947 .... 197
1948 .... 52
1949 .... 529
1950 ...501

Enquanto do distrito do Funchal, nos últimos onze anos, contados até 1950, inclusive, saíram ao todo 18:772 emigrantes, numa percentagem de 7 relativa à população calculada para o ano intermédio de 1945, do distrito de Ponta Delgada, no mesmo período, saíram unicamente 2:071, na baixíssima percentagem de 1,2, também relativa ao número de habitantes estimado para aquele mesmo ano.

Interessava, sem dúvida, conhecer qual o destino destes emigrantes, mas não consegui dados respeitantes a todo o período compreendido entre 1940 e 1950, tendo-me, no entanto, a Junta da Emigração fornecido números e indicações respeitantes aos anos de 1945 até 1951, inclusive.

Número de emigrantes saídos dos Açores segando o país de destino

[Ver tabela na imagem]

Ano Brasil Argentina Estados Unidos da América Venezuela Outros Países Total