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28 DE MARÇO DE 1962 608-(123)

das cheias. Poder-se-á fazer o estudo das dimensões deste troço que satisfaçam também as possibilidades do Tejo no Estio-.
O canal norte de Almourol ao Carregado terá o comprimento aproximado de 80 quilómetros, com secção decrescente. A sua inclinação aproximar-se-á de 0,0001, ou 1 metro por 10 quilómetros. A quantidade de água a transportar no seu início arredondar-se-á entre 30 a 35 metros cúbicos por segundo.

b) Canal da margem sul

27. O canal da margem sul, com início no nível de retenção da barragem de Almourol, terá por objectivo:

1) Conduzir água para a rega de cerca de 70 mil hectares no Ribatejo durante os meses de Abril a Outubro e possivelmente nos plíocenos;
2) Conduzir água para o Alentejo nos meses de inverno, se for executado o esquema do Alentejo (Degebe);
3) Abastecer de água as povoações limítrofes da margem esquerda do Tejo;
4) Satisfazer as necessidades da navegação entre Lisboa e Almourol pelo Tejo, devidamente regularizado, até às proximidades de Muge, usando uma ou mais eclusas entre o nível do Tejo e o do canal.
5) Produzir a água necessária para a alimentação da central de Almourol-Muge, situada perto da ribeira de Muge.

Por este simples enunciado, se nota a importância deste canal, que terá cerca de 55 quilómetros e a inclinação de 3 metros entre Almourol e a central da ribeira de Muge.
Deverá ser feito o prolongamento deste canal em secções bastante inferiores, com o objectivo de regar os terrenos a jusante.

28. O canal Almourol-Muge será provavelmente semi-revestido, isto é, revestido a betão nos taludes, com o fundo apenas regularizado, ou, se for considerado necessário, com o fundo betonado. Terá 53 metros de largura à superfície e 35 metros no fundo e a altura de água de 6 metros. A inclinação total será de 3 metros.
A secção líquida, de 300 metros quadrados, permite o cruzamento livre de batelões de 300 toneladas e a navegação para barcos muito maiores, que poderão depois aproveitar o regolfo da barragem de Almourol até para cima de Abrantes.

Central de Almourol-ribeira de Muge

29. Há vantagens de natureza técnica em não construir a central de Almourol na barragem, como em Belver, de modo a aumentar a secção de vazão na época das cheias.
Estudou-se por isso o troço do canal de rega entre Almourol e Muge também para transporte da água para a central, que seria construída, no seu extremo, na ribeira de Muge, à cota de restituição de 2 metros. Como a perda de carga do canal é de 3 metros, será possível aproveitar um desnível de 23 metros entre a cota de retenção no Almourol, que se supõe ser de 28 metros, ou de 23 metros, se for julgada mais económica, como parece, a alternativa de a cota de retenção no Almourol ser de 30 metros - isto é, a cota do sopé da barragem de Belver. Esta última cota teria a grande vantagem de permitir a navegação directa até Belver, sem necessidade de canal acessório.
Fixando a cota de retenção em Almourol em 28 metros, a potência da central da ribeira de Muge será da ordem dos 60 mil kW e a produção atingirá 300 milhões de kWh.
Os estudos demonstrativos destes resultados têm em conta:

a) Caudais disponíveis em Belver;
b) Caudais disponíveis no rio Zêzere, supondo o seu aproveitamento integral, isto é, com desvio de parte das suas águas em Bogas, para a excepcional capacidade da albufeira do Alvito;
c) Caudais disponíveis no Alvito. considerando a alínea h); ou. alternativamente, água bombada do Tejo no período de cheias.
d) Caudais disponíveis na Ocreza (Pracana).

A energia produzida actualmente em Belver, utilizando caudais até 300 metros cúbicos por segundo, é de 130x106 kWh numa queda média de 15 metros.
A queda do Almourol será de 23 metros, sendo 28 metros a cota da albufeira, 3 metros a perda de carga no canal e 2 metros a cota de restituição para o Tejo, perto da ribeira de Muge.
Assim, a energia produzida, tendo apenas em conta só Belver (a que passa por Belver) será - 23/15 X 130 ou 200x106 KWh.
O suplemento da energia produzida em Muge, além da já considerada, na base da produção de Belver, é a proveniente dos caudais seguintes, expressos numa média de dezoito anos:

Caudais do Zêzere 1:400
Caudais do Alvito 1:550
Caudais da Pracana 120
Total ............ 3:070x106 metros cúbicos.

Na queda de 23 metros, 1 metro cúbico de água equivale a 23/450 ou 0,05 kWh.
E, assim, o suplemento do energia em Muge produzida pelos caudais mencionados acima será de 3:000x106x0,05 kWh, ou 150x106 kWh, que, juntos aos 200x106 kWh acima, indicados, perfazem 350x106 kWh.
Mas é preciso desviar em Almourol água para a rega de 100 mil hectares e abastecimento de Lisboa e povoações intermédias ou, com largo coeficiente de segurança, cerca de 1 bilião de metros cúbicos por ano, correspondentes a 0,05x1:000x106, ou 50 milhões de kWh.
Deste modo, a produção da central da ribeira de Muge será de 300x106 - 50x106 kWh, ou 300x106 kWh.
Esta quantidade de energia produzida pela central de Almourol-Ribeira de Muge supõe o nível de retenção em Almourol de 28 metros. Parece contudo ser mais vantajoso o nível de retenção de 30 metros, e, se assim foi resolvido, a produção da central de Almourol-ribeira de Muge será 300x25/23 ou 326x106 kWh.

Estimativa

30. Não é fácil numa obra desta natureza e sem maiores estudos determinar com exactidão o custo total. Mas poder-se-á talvez dar uma estimativa com a aproximação suficiente para verificar quais as suas possibilidades económicas. Foi só com esse fim que se