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274 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 178

parte dos Poderes Públicos, não só por motivos, de ordem económica, mas também de ordem social.

A lavoura constitui uma reserva do população, sadia de corpo e alma, onde as fontes da vida se conservam puras, as almas lavadas, os costumes incorruptos, as ideias claras e justas, os corações tranquilos. E as elites americanas sentem a necessidade de manter e aumentar esta reserva de sangue puro e virtudes fortes. como substracto permanente dum povo excepcionalmente, aditado pelas ondas do tempo e da fortuna.

Em parte nenhuma do mundo culto a lavoura tomou a dianteira na criação do puder de compra. A revolução que a técnica e a ciência fizeram no mundo moderno não foi agrícola, mas industrial. E às indústrias que compete romper a marcha. porque são as mais favorecidas pelos progressos da técnica.

Por isso, dizimais e repetimos: tornem-se as nossas indústrias mais eficientes e mais numerosas e a lavoura seguir-lhes-á na peugada, a muito pequena distância.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - No que- respeita a parte e do Plano relativa a minas, só temos que aplaudir. Adiamos da maior urgência que se executem os trabalhos nela indicados, como adiamos excelente que se apresse a publicação da carta geológica.

Para este efeito, diz-se no Plano de Fomento, estrei-tar-se-á a colaboração entre os serviços geológicos e os centros universitários. Muito bem. Os serviços só tem a lucrar com isso e as Universidades também.

Num interessante artigo publicado no Boletim da Ordem dos Engenheiros de 15 de Novembro último, do meu velho amigo e antigo condiscípulo Sr. Engenheiro Albano Sarmento, diz-se:

Não tem faltado quem afirme, e pessoas com autoridade e larga audiência no País, que em matéria de aproveitamentos hidroeléctricos, tudo quando se tem feito no País são tolices sem desculpa, porque se não faz carrapatelo.

O autor deste artigo tem alguma responsabilidade no que se fez, porque, em 1945, quando se lançaram os aproveitamentos do Cávado-Rabagão o do Zêzere. apoiou essa solução e lhe deu todo o seu entusiasmo, colaborando na realização das condições que os tornaram possíveis.

Quando numa reunião realizada na Associação Industrial Portuense, destinada a apresentar o plano à indústria do Norte e a solicitar a colaboração desta, me referi aos motivos que tinham levado o Governo a dar prioridade ao Cávado-Rabagão e ao Zêzere, com prejuízo do Douro, declarei que o que havia estudado quanto ao Douro era insuficiente para realizar qualquer obra dentro da urgência que a salvação pública impunha, pois vários anos teriam de ser consumidos em estudos prévios e na elaboração dos projectos da execução.

Ainda hoje estou convencido de que só por paixão se poderá negar a verdade desta afirmação.

Não diz o Sr. Engenheiro Sarmento qual a razão que o forçou, em 1943, quando Subsecretário do Comércio e Indústria, a optar pelo Cávado-Rabagão e pelo Zézere, com prejuízo do Douro, nus devem ter sido as apontadas no douto parecer da Câmara Corporativa onde se diz, no anexo III:

... se pensarmos ainda que as centrais do Castelo do Bode e de Vila Nova tiveram por missão,

antes demais nada, substituir a energia térmica das principais contrais de serviço público, quo atingiu 438 milhões de kilowatts-hora em 1930 . . .

Esta razão é por si suficiente. A escassez de carvão no fim da última guerra tornou-se aflitiva o com perspectivas do servir a agravar com o tempo. Era por isso urgente reduzir o consumo deste combustível, o depressa .Para tanto só deve ter pensado na energia hidroeléctrica.

A urgência da solução e a falta de estudos do Douro impuseram a decisão tomada. O Sr. Engenheiro Sarmento tem toda a razão. Simplesmente, a questão não se pôs pela primeira vez para a Nação em 1940, mas muito antes.

A tese da prioridade do Douro foi posta ainda no tempo da monarquia pelo Sr. Engenheiro Ezequiel de Campos:, com uma visão do futuro, uma persistência e coragem dignas do maior apreço.

Pô-la de novo em 1931 a Iberian Electric, Ltd.. companhia com sede em Montreal, Canadá, o a que pertenciam entidades inglesas o norte-americanas, entre as quais a General Electric, quando apresentou ao Ministro do Comércio de então um relatório geral e propostas preliminares para a electrificação do Norte do Portugal.

Nestas propostas, a Iberian Electric comprometia-se a efectuar a electrificação do Norte do País, a começar pelo Douro internacional, cuja exploração efectuaria à medida que as necessidade do consumo o exigissem.

Nesse relatório diz-se, no período intitulado «Instalações sobre o Douro», a p. 21:

Logo após o nosso primeiro exame das possibilidades hidroeléctricas de Portugal setentrional, ficámos convencidos de que, sendo dadas as caracteristicas naturais desse grande rio, o próximo aumento de caudal de estiagem devido mesmo somente ao reservatório de Ricobayo sobre o Esta teria criado posições excepcionais no ponto de vista da produção de energia, tais que fariam passar a um segundo plano todas as outras instalações hidroeléctricas do País. Portugal possui no Douro uma riqueza, natural de primeira ordem; o problema consiste em utilizá-la do mudo mais racional possivel.

Visto que a Iberian Electric se propunha custear todas as despesas se nem o Governo, nem os municípios, nem os particulares quisessem concorrer para elas com seus capitais não podemos duvidar da sinceridade deste juízo de valor.

Por motivos que ignoro, mas que é de supor fossem razões de ordem estratégica contra o Douro internacional, então ainda, muito de considerar (quantum mutatus ab illo ), e talvez ainda pela duração do prazo da concessão que a Companhia sugeria (noventa e nove anos), a proposta foi rejeitada e a Iberian Electric fez uma nova, em que a preferência era dada, a uma barragem de 45m de altura, a construir em Nossa Senhora da Cárdia, 8 km acima de Bitetos. Esta central daria cerca de 500 milhões de kilowatts-hora anuais e seria paga em trinta anuidades de 32:500 contos.

Desta proposta, feita em 1935 ou 1936, tivemos conhecimento na ocasião e era acompanhada do outras destinadas ao aproveitamento da energia sobrante, para preparar hidrogénio e oxigénio sob pressão por meio du electrólise da água. Com os gases assim, preparados obtinham-se produtos azotados e energia mecãnica que podia ser utilizada em submarinos, camiões, etc. Do relatório apresentado em 1931 é que só agora tive conhecimento. As segundas propostas tiveram a sorte das