O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

446 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 186

que, nas circunstâncias actuais, são as mais reprodutivas.
Aliás, a última - ligada com a agricultura - já foi largamente tratada nesta tribuna, e seria redundância repetir o que se disse. Apenas acrescentarei umas ligeiras palavras.
O douto parecer da Câmara Corporativa propõe aumentar as verbas destinadas à energia. As centrais novas sugeridas custam 1.020:000 contos e produzem 650 milhões de unidades, permanentes e temporárias. Nestas cifras não está incluída a transmissão.
A central do Picote, sem transmissão, com um custo da ordem dos 430:000 contos, como mencionado no aditamento à proposta de lei menos 600:000 contos-, pode produzir em Ermesinde, já com perdas, cerca de MO a 550 milhões de unidades, que fie elevarão para cerca de 080 e até 630 milhões, conforme o prazo contado a partir da instalação, na medida dos consumos.
Pràticamente, isto quer significar que, com bastante menos de metade do custo, poupando 600:000 contos, num sistema de conjunto se obteria a mesma quantidade de energia a preços muito mais baratos.
Ora, como a verba inscrita para o Douro é de 750:000 contos, vê-se que ela chega, e até sobra muito, para a produção de cerca de 600 milhões de unidades.
Por outro lado, se considerarmos 09 custos da energia por unidade nas barras das centrais, verificamos que as economias, que em parte hão-de naturalmente compensar outros f istenias, são da ordem dos $09 por ki-lowatt-hora, ou, para 650 milhões, igual a 58:500 contos por ano. Se capitalizarmos esta economia a 5 por cento, ela equivalerá a um capital de 1.170:000 contos.
(Suponhamos agora que consideramos, não as quatro centrais sugeridas, mas apenas duas delas - a de Paradela e a da Bouçã.
O seu custo total é de 530:000 contos, para a produção de energia temporária e permanente de 350 x 106 kWh.
Tomemos outra central no Douro, por exemplo a da Bemposta, que deve porduzir 460 milhões de kilowatts-hora, ou mais 110 milhões do que as duas mencionadas.
Ela custará talvez 360:000 a 370:000 contos - menos 180:000. É o que se poupa imediatamente para produzir 460 milhões, em vez de 350 milhões de unidades.
Vejamos agora os custes por ano e a capitalização dos rendimentos que resultam das economias assim produzidas.
O custo por unidade nas barras da central da Bemposta, para a produção de 460 milhões no Douro internacional, é de $07(8) e nas duas centrais indicadas §15(7). A economia é de cerca de $08, ou, para 350 milhões, igual a 28:000 contos por ano, que, capitalizados a 5 por cento equivalem a 560:000 contos.
Se for preciso, podem repetir-se estes cálculos, que são simples, para o caso da energia no fim da transmissão, já com os encargos de transporte e perdas. Mas só há números relativos ao Douro.
Em todo o caso, ponhamos o lado pessimista, quer dizer, suponhamos que a energia das duas centrais indicadas não é sobrecarregada com despesas de transporte e perdas de linhas e que na do Douro se usam os custos da energia no Porto, em Ermesinde, já com perdas e transportes.
Se assim se fizer encontram-se as cifras que seguem:

1) Caso das quatro centrais e Picote: a economia por unidade é de $06(6), e em 650 milhões será de 42:900 contos por ano, que correspondem, ao juro de 5 por cento, ao capital de 858:000 coutos;
2) Caso das duas centrais e Bemposta: a economia por unidade é de $05(5), ou, para 350 milhões, 19:250 contos por ano, que correspondem, ao juro de 5 por cento, ao capital de 385:000 contos.

Podemos, pois, afirmar sem receios que a economia feita construindo imediatamente Picote e Bemposta é muito grande, quer se considerem os preços nas barras das centrais, quer no fim da transmissão, e uma parte da economia feita servirá para* compensar outros sistemas, que lhes servirão de apoio, e que agora, eles próprios, necessitam de ser compensados por energia térmica muito cara.
Os argumentos que podem opor-se à construção imediata das centrais do Douro parecem consistir no seguinte :

a) Ser morosa a construção;
b) Haver necessidade de nova energia hidráulica de compensação.

Julgo que nenhum dos argumentos tem consistência.
Quanto à morosidade já se falou. Tanto em Picote como em Bemposta o volume da barragem é muito pequeno, considerando a altura. Não deve ser muito superior a 200 000 m3, quer na primeira quer na segunda. Não há razão aproveitável para dizer que leva mais tempo a construir num lado do que no outro.
Quanto à energia de compensação, repare-se bem que ela é precisa essencialmente nos anos muito secos - exactamente nos anos em que a não há ou há pouca, como o provam-os escoamentos do decénio 1940-1950.
O maior custo -cerca de 200:000 contos (187:000)-, a menor quantidade de energia -menos 110 milhões-, a grande economia no preço -28:000 contos por ano-, tudo parece indicar que se construa logo a seguir ao Picote a central da Bemposta.
Aliás, o problema, tanto no que diz respeito a preços como a energia fornecida, é uma questão de papel e lápis, dado o estado em que se encontram as coisas.
Pôr o problema e resolvê-lo é a maneira mais simples de tratar a questão, a bem da economia nacional-quer dizer: a bem do menor dispêndio de capital de 1.º estabelecimento, do menor custo da energia por ano, do maior rendimento dos investimentos utilizados, compatíveis com a segurança nos anos muito secos.
Há nesta questão um ponto que pode ser controvertido e alegado no sentido de reduzir a importância da energia do Douro, que é o da sua permanência. O assunto já foi por mim tratado noutro lugar.
Pondo de lado o que há de vago e aleatório no conceito de energia permanente -que às vezes oscila entre largos limites, para cima ou para baixo, da energia média -, pode ver-se que até neste caso, e adoptando cifra segura para a percentagem de permanência no Douro, os números mostram grandes vantagens em seu favor, e que por consequência são comparáveis as energias dos diversos sistemas.
O custo da energia. - Está largamente difundida uma noção errada sobre a importância do custo cia energia nas barras das centrais, no fim da transmissão ou nos locais de consumo.
Ë evidente que o problema tem grande importância até quando a diferença entre os custos da energia proveniente de duas origens parece mínima, porque, considerando a economia nacional no conjunto, quer dizer, considerando o conjunto dos consumos, uma pequena alteração é multiplicada por um factor muito grande.
Assim: a diferença para menos de, por exemplo, $08, em l 000 milhões de unidades, aumenta a produtividade do sistema em 20:000 contos por ano.