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830 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 215

vida impossível som os confortos e os recursos a que se habituaram.
Parece-mo necessário e urgente que o Governo olhe cada vez mais pelas populações rurais ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... que lhe dó condições de vida, contrariando a grave tendência para a deslocação para os centros populosos. Todos sentimos os inconvenientes dessa corrente; o problema tem sido focado e estudado nos seus pormenores, mas, quanto a mini, penso que está muito longe de ser resolvido.
O Sr. Prof. Sousa da Câmara, numa conferencia proferida no Ateneu de Madrid, disse:

Afirma-se que o destino das nações está, em grande parte, nas mãos do povo do campo. Diz-se que são os valores rurais, mantidos tradicionalmente, os que constituem a armadura das sociedades e os que garantem a sua estabilidade e resistência. Por isso em muitas partes do Mundo se dedicam os maiores cuidados para que a agricultura prospere e se desenvolva constantemente nos variados sectores da sua actividade, proporcionando aos que dela vivem as melhores condições de segurança e bem-estar.

Palavras lapidares a iniciar essa sua formosíssima oração, hino à terra, à vida simples do rural, expressão do sentir de quem vive e estuda os problemas nacionais com paixão o inteligência.
Aproveito estar no uso da palavra para cumprir um dever que se me impõe, oportunidade que provavelmente não mais se me deparará, para enaltecer a acção dos Srs. Ministros que se deslocam à província para auscultar os anseios das suas populações, para observar as suas dificuldades, para dar remédio aos seus males.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E quero significar o meu agradecimento muito especial ao Sr. Ministro das Obras Públicas, engenheiro José Frederico Ulrich, pela sua visita ao concelho de Avis, às obras da barragem do Maranhão, agradecer-lhe as suas determinações, ousando lembrar-lhe ainda a premente necessidade da fixação dos desalojados das terras submersas pelos regolfos das barragens do Maranhão e Montargil, problema de largo alcance social, a que tive a honra de me referir nesta Assembleia e que me pareceu merecer de S. Ex.ª a sua atenção.
Termino com os meus votos muito sinceros para que os justos apelos da Assembleia Nacional sejam escutados e atendidos numa necessária e compreensiva colaboração, para fortalecimento do Estado Novo e prestígio cada vez mais alto dos seus máximos dirigentes, Sr. Presidente da República, general Craveiro Lopes, nosso querido colega nesta Assembleia, e Sr. Prof. Doutor Oliveira Sala/ar, o Chefe do Governo de quase vinte e cinco anos de ordem e engrandecimento nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Marques Teixeira: - Sr. Presidente: sinceramente e por imperativo de justiça, começarei por louvar o distinto Deputado Manuel Lourinho, em consequência de ter posto à consideração da Assembleia uma matéria de extraordinário interesse e indiscutível projecção no País inteiro. Gostosamente assinalo, pois, a feliz iniciativa do Dr. Manuel Lourinho.
Prestada a homenagem devida ao autor do aviso prévio em debate, logo o sentimento me conduz à evocação da memória saudosa do que foi, com raro brilho e marcada elevação, colega inolvidável de todos nós nesta Câmara e que em vida se chamou João Antunes Guimarães.
A tal propósito, se bastava, para exactamente definir essa grande figura de nortenho e de português, fazer a reprodução do que dele dissera, nesta Casa, a linguagem forte e precisa do ilustre Prof. Doutor Mário de Figueiredo, todavia, reporto-me ainda a um editorial do Diário da Manhã que, em verdade, fielmente soube retratar o generoso e belo espírito desse esforçado Deputado pelo círculo do Porto, considerando-o, de forma lapidar, como o defensor natural, o advogado oficioso dos que vivem do amanho da terra, daquela grande maioria do País que ganha o pão de cada dia consoante o velho preceito bíblico.
Com efeito, citar o Decreto n.º 19 502, de 20 de Março de 1931, criador da obra dos melhoramentos rurais, no intuito de iniciar a política de colaboração do Estado t- das populações rurais na realização de trabalhos públicos destinados a benefício directo destas, como se lê no prólogo do Decreto n.º 21 696, de 19 de Setembro de 1932, leva à menção do nome respeitado e querido do Dr. Antunes Guimarães, ao tempo titular da pasta do Comércio e Comunicações. Sobre a sua memória uma vez mais me curvo comovida e respeitosamente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: ao pronunciar breves palavras sobre o objecto do aviso prévio do nosso muito prezado colega Dr. Lourinho, não resisto à tentação de repetir e de tornar a meditar sobre a essência destes pedaços de ouro de alta filosofia política, fruto da generalidade do Sr. Presidente do Conselho:

... a vida administrativa deve ser dominada pelos princípios de concentração e continuidade; a concentração não poderia garantir resultados úteis SP o esforço não fosse dotado de continuidade: acabar o que se começa; não começar sem se estar seguro de se chegar ao fim ...
... é necessária a política do governo das nações, mas fazer política não é governar. Para além do ambiente moral de confiança e de apoio criado à volta de quem dirige há a realidade viva dos problemas desse mesmo país, e estes ou são resolvidos ou não, e, se não são, o povo não é governado ...
A maior dificuldade que se tem encontrado em pôr em ordem alguns sectores de administração pública é proveniente da verdadeira hostilidade do nosso espírito a um programa de acção ...
A disciplina dum plano estudado, aprovado, assente, que se executa anos sucessivos, custa-nos u suportar, como violência ao nosso temperamento ...
... Temos sustentado ser pura ilusão - e bastos exemplos estranhos o confirmam - reparar o social do económico, como se a vida ide nós iodas pudesse ser independente do trabalho e da riqueza que se produz ...
Pará além do Estado está a nação - a vida da comunidade nacional, com as suas necessidades, o seu trabalho, as suas aspirações. Para ela existe o Estado, isto é, em seu benefício se organiza o Poder, se criam e funcionam serviços ...

Insisto: na compreensão profunda, na séria meditação e escrupulosa observância do que está contido nestes lu-