O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

902 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 219

Por um lado, a Organização Nacional Mocidade Portuguesa, formosa e alegre oficina, que é necessário dotar generosamente...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -... com a ferramenta e o tino capazes de forjar o braço forte e temperar a alma generosa da nossa juventude, que é a sua matéria-prima, para a dura luta pela vida, no amanha que a espera e se adivinha que será difícil e áspero, lendo nos horizontes carregados do dia de hoje.
Matéria-prima preciosa, porque ela terá de consubstanciar a continuidade de um esforço, de um engenho e de um espírito que definem o carácter da nossa raça, que tem dado ao Mundo e à Humanidade proveitosas realizações e exemplos. É para essa herança pesada, transcendente e honrosa, que temos de preparar os homens de amanhã.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A formação da mocidade pede para tal uma inteligente e bem conduzida acção educativa do Estado e uma compreensiva e carinhosa colaboração de todos, nomeadamente da escola e da família.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A preparação física tem de vir de longe, começar na assistência à maternidade, tomar depois pó na escola primária, por onde hoje toda a população tem de passar, e continuar afincadamente em todos os graus de ensino e nos locais de trabalho, e atingir a sua plenitude sob a direcção da Mocidade Portuguesa e dentro das suas fileiras, dando formação completa e personalidade ao indivíduo, no mais adequado período da vida, que ó o da juventude, para fazer dele um ente são e alegre, capaz de cumprir o seu papel para com a família, a sociedade e a Nação, com altura, espírito de sacrifício e sempre.
Este trabalho de modelação do corpo e da alma da juventude, praticado em diferentes meios e circunstâncias, numa solicitação constante e vigilante às características e tendências naturais, carece, não só do saber, mas também duma apaixonada e patriótica devoção de todos ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -... e principalmente da parte dos dirigentes, instrutores e graduados.
Não quero deixar de focar uma das. missões de maior alcance nacional da actividade da Mocidade Portuguesa, que é a da preparação pré-militar da juventude. Não com carácter de instrução específica como a que é dada na milícia, que deve ser classificada mais como instrução, militar preparatória do que propriamente como de preparação pré-militar, no sentido generalizado e básico que se deseja e se julga possível e necessário para facilitar a instrução militar nas fileiras das forças armadas.
Trata-se de um problema de formação geral nos seus aspectos de educação moral e física. Em muito seria facilitada a preparação dos homens que se apresentam nas fileiras para cumprir as suas obrigações militares se viessem devidamente apetrechados, intelectual, moral e fisicamente para receber a instrução especial que lhes tem de ser ministrada, em Curto tempo, para o manejo dos instrumentos bélicos e para a manobra táctica e função técnica.

O Sr. Moura Relvas: - O ensino da ginástica, como é feito, através do método Ling, e com os exercícios de ordem, corrida, etc., que nessa juventude existem e se concentram, não será suficiente para preparar a juventude para a instrução militar preparatória da milícia? Isto é, uma organização da educação física com ginástica educativa, ginástica de formação, creio que, sendo bem conduzida, devidamente orientada e bem fiscalizada, conduz logicamente o indivíduo a ser apto a frequentar a milícia.

O Orador: - Isso está dentro do meu pensamento quando me referi a educação pré-militar no sentido generalizado e básico.

O Sr. Moura Relvas: - Agradeço o esclarecimento de V. Ex.ª, porque eu estava a pensar que V. Ex.ª admitia duas preparações físicas da juventude.

O Orador: - Desde que a preparação da juventude seja um facto, claro que ela servirá perfeitamente as necessidades militares; mas nós notamos que os rapazes que lá chegam é que não têm essa preparação.

O Sr. Moura Relvas: - Nós estamos aqui exactamente para modificar isso.

O Orador: - Quem vive em meio militar e em posição de poder observar como se apresentam os mancebos dos mais diferentes graus de cultura, desde o analfabeto ao universitário, para receberem instrução de recruta e graduados, não pode deixar de se impressionar com o grau de analfabetismo, passe o termo, com que quase todos se apresentam em matéria de cultura e resistência físicas e de falta de predisposição para compreenderem a sua situação moral o cívica perante a sagrada obrigação do serviço militar.
Não devemos fazer, porém, das insuficiências que se notam motivo de censura que leve a perder a fé ma grandeza dos fins e a confiança na modicidade dos meios.
Insuficiências que se devem em grande parte à falta de objectividade educativa, inclinada para a defesa nacional e ligação conveniente tom o«j departamentos militares, e ainda à carência de recursos, que limitam o espaço e o esforço, e ao excesso de mimo familiar, que predispõe a mossa juventude para uma vida sedentária.
A Organização Nacional Mocidade Portuguesa é o instrumento adequado para modificar este estado de coisas, devendo por isso ser olhada com a importância e cuidado que merece, de molde a poder, dentro ida modéstia dos nossos recursos, enquadrar e dominar de facto toda a gente nova, para fazer dela homens capazes de enfrentarem com aptidão e dignidade os problemas sérios e duros da vida.
Vem tudo isto a propósito para salientar a extensão, profundidade e altura do empreendimento que está entregue à Mocidade Portuguesa.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pode afirmar-se que a Mocidade Portuguesa, tem atrás ide si uma obra apreciável e digna de respeito, embora discutível, construída com a dedicação e o saber de homens de boa vontade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Todos gostaríamos de conhecer mais do seu intenso trabalho e vê-la conquistar a admiração e a estima das elites e das massas sociais, com exuberantes manifestações públicas de civismo, de beleza e de vigor, e o coração dos seus filiados.