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19 DE MARÇO DE 1953 903

Sentimos, porém, que a sua maré alta ainda não foi atingida.
Não nos impressiona com grandeza e intimamente, nem a maioria dos seus componentes dá a conhecer que ama e temi orgulho «em pertencer-lhe, nem ficam ligados a ela por sentimentos pela vida fora, como deviam e era de esperar.
Procure-se o motivo. Aproveite-se bem o valor dos elementos que a dirigem e enquadram. Corrija-se o que não estiver certo e dê-se-lhe o que lhe falta.
Deve-se fazer tudo para se conseguir que a juventude marque a posição de relevo que lhe pertence na vida da Nação, obrigando a volver para ela os olhos cheios de admiração e a confiança dos que vão adiantados na vida, de tal modo que um dia, ao fechá-los para sempre, o passam fazer com a tranquilidade de quem deixa atrás de si uma certeza feliz.
Mas não é com diminuição de- autoridade dos órgãos dirigentes ou travão burocrático que a Organização Nacional Mocidade Portuguesa há-de atingir a sua maior expressão e grandeza.
O contacto directo e permanente que existe em todos os departamentos da Organização, dos dirigentes com os dirigidos e com os seus problemas instantes e constantes e a íntima e bem coordenada colaboração com os estabelecimentos de ensino, a F. N. A. T. e as organizações particulares, que lhe falta, são condições muito importantes para a sua marcha ascensional e proveitosa.
A interposição entre eles de unia autoridade estranha será prejudicial, por ser desarticulante.

O Sr. Moura Relvas: - A Direcção-Geral tem por fim, exactamente, articular o que anda desarticulado.

O Orador: - Se exercer a sua acção muito fundo, desarticula.

O Sr. Moura Relvas: - A razão que a Direcção-Geral na base III encara é a razão que se circunscreve à necessidade de articular o que anda desarticulado.

O Orador: - Deve articular por cima. A acção desarticulante exerce-se quando se pretende mexer em pontos de vida interna, de que só os organismos entendem.
Uma superintendência exercida por directrizes no plano superior de orientação geral e uma fiscalização posta no mesmo plano permitiriam que as actividades da Mocidade Portuguesa trabalhassem obedecendo ao princípio de unidade, sem a necessidade de invadir as suas atribuições e campos de acção privativos com uma injustificável diminuição de autonomia que possa redundar em prejuízo do dinamismo e da força que deve ter.
Por outro lado, a F. N. A. T., organismo de feição nitidamente popular, que tem por missão instruir e educar o trabalhador, divertindo, tem na educação física um dos motivos apropriados para o conseguir.
Através da sedução dos exercícios físicos, bem orientados e praticados, quebra-se no trabalhador a monotonia do espírito e corrigem-se deformações orgânicas produzidas pela rotina do trabalho quotidiano, sempre igual. Isto é mais de considerar nas grandes organizações industriais, em que a mecanização do esforço e a paralisação da inteligência durante ele são fatais, por efeito de uma produção estandardizada.
O aproveitamento das horas vagas na prática da educação física ou mesmo o simples assistir às suas exibições terá uma influência boa na formação moral do trabalhador, pelo desvio deste de ambientes prejudiciais, que por distracção procura, por não ter outros ao seu alcance, os quais insensivelmente levam quase sempre a hábitos prejudiciais e viciosos.
A acção recreativa que a educação física permite, e designadamente os desportos, tem de resultar necessariamente educativa nas suas manifestações de beleza, força, subtileza e lealdade e terá efeito social apreciável, pela alegria e convivência nascidas em meio sadio, e até efeito económico, pela melhor disposição que dá para a aceitação das tarefas do dia seguinte, tornando-as mais compreensíveis e rendosas. Neste sector, como na Mocidade Portuguesa, embora com características diferentes, é igualmente reconhecida a vantagem de um comando exercido directamente em toda a extensão da organização, por intermédio dos que vivem e sentem a sua vida, e ainda acrescida da circunstância de ser indispensável que dentro da F. N. A. T. todos os actos sejam conduzidos para dar ao trabalhador mentalidade corporativa, e só a pode dar unia direcção que esteja ciente dela e para isso especialmente preparada.
Esta particularidade e outras que à distância não se enxergam nem se sentem nilo são susceptíveis de ser atendidas convenientemente e com oportunidade por um organismo dirigente colocado alto e distante e girando ainda por cima na órbita de uni departamento ministerial diferente.
A evolução da educação física do trabalhador, e de maneira particular a dos desportos, tem-se exercido com um passo certo e sempre crescente e em regime desportivo saudável e disciplinado dentro da F. N. A. T., com a autonomia que lhe dá o seu estatuto e na obediência às normas, regulamentares, publicadas para cada modalidade desportiva.
Se alguma coisa unais há a fazer - e muito há - em prol da educação física pela F. N. A. T., é estender a sua acção à juventude trabalhadora, em colaboração com a Mocidade Portuguesa, para a trazer ao gosto da prática da ginástica, modalidade mais proveitosa da educação física, a qual não tem tomado grande incremento por falta de instalações apropriadas junto dos locais de trabalho, que tornem atraente a prática da ginástica e compatível com o esforço exigido pelo seu labor diário. Arada há a considerar a falta de ligação com a Mocidade Portuguesa.
A F. N. A. T. tem o necessário em organização e experiência, para receber e pôr em execução às directrizes que superiormente lhe forem dadas para colaboram decididamente na obra da educação física e ajeitar-se aos princípios e preceitos sem os deformar.
Julgo-me na obrigação de aproveitar este momento em que estou a referir-me à F. N. A. T., para dizer nesta Casa, onde não devem passar em claro acontecimentos que tenham significativa projecção na vida nacional, algumas palavras de louvor para a ideia que presidiu e para o ânimo que pôs em marcha e de pé essa manifestação encantadora da inteligência e do génio criador do povo que foi a I Exposição de Arte dos Trabalhadores.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Quem a percorreu com sentido não deixou de se inclinar com respeito e admiração perante as muitas pequenas coisas que retratavam essa grande coisa que é o sentir ingénuo, fecundo e bom da alma popular, que ali ficou expresso em desenhos, recortes e modelações, engenhados por cérebros de restrita cultura mas de pujante imaginação.
Esse estabelecimento de contacto com o trabalhador, tocando o lado mais sensível das preocupações do homem, aquilo que julga ser o seu valor e marca a sua destacada personalidade, teve senso político, porque lhe deu alegria, íntima, fazendo-lhe sentir que efectivamente o Estado Corporativo o acarinha e o deseja