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DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 101 1072

Rodrigues, cuja acção e competência neste mesmo campo se tornaram sobremodo notáveis e eficientes na obra realizada no seu governo da Guiné.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E se hoje me sinto no dever de chamar a atenção de SS. Ex.ª para este problema é porque, além das .razões óbvias de ordem geral, encontro motivos cie pormenor que me levam u fazê-lo, como adiante exporei.
Antes disso, porém, e para 4111: W. Ex.as possam formar ideia do. valor desta vacina como preventivo eficaz nu defesa das nossas- crianças, e, portanto, do seu valor suciai, exporei algumas rápidas notas relativas ao conhecimento actual da sua capacidade de imunização. Não estando a falar pura médicos, fugirei quanto possível a apresentar o problema do ponto do vista técnico, limitando-me neste aspecto àquela medida em que as pessoas que não silo médicas necessitam de esclarecer a sua consciência para poderem ajuizar, com suficiente critério, sobre o valor social desta vacina.
As observações feitas em regime experimental para o estudo da sua eficácia e tolerabilidade incidiram sobre 880 000 crianças. Notem VV. Ex.as que as vacinações foram feitas, o tem continuado a sê-lo, em número incomparavelmente superior. Os números que indico referem-se às crianças sobre as quais se efectuaram estudos cuidadosos e repetidos.
Destas 880 000 crianças 440 000 foram vacinadas com a vacina de Salk. As outras 440 000 foram injectadas com uma substância inerte, designada por «Placebo», e. destinavam-se a servir de testemunho para os estudos comparativos.
Nas 440 000 vacinadas só houve 33 casos de doença. Porém, mesmo dentro deste diminuto número, só 8 haviam recebido a vacinação completa. Havia 25 crianças cuja vacinação tinha sido. insuficiente, porque só tinham recebido duas injecções, em vez das três necessárias.
Nas outras 440 000 crianças falsamente vacinadas verificaram-se 115 casos de paralisia infantil. E em confronto com estas notou-se que nas crianças do primeiro grupo que tinham ficado indemnes à invasão do vírus a doença se. havia manifestado em formas atenuadas e fie mais fácil recuperação. Por outro lado, as reacções u vacina de Salk mostravam-se insignificantes e em pequeníssimo número: 4 por mil.
O número diminuto se - casos de não imunidade em relação ao número total de vacinações é de 0,75 por mil. Porém, o poder de imunização está longe de atingir este valor. Ë necessário atender a que muitos dos vacinados nunca viriam a ser atingidos pela doença. A percentagem tem de ser avaliada em face das pesquisas de anticorpos e determinação dum número de eficiência no sangue.
O valor imunitário calculado desta fornia por Thomas Francis foi avaliado entre 80 e 90 por cento ao fim de dois anos e meio.
Não devemos admirar-nos de que a vacina não atinja o valor de 100 por cento. Isto não acontece com vacina nenhuma existente. Nem mesmo com a vacina antivariólica, não obstante ser esta, - entre todas as vacinas, a que possui o mais alto coeficiente de imunização. Há mesmo crianças cujo sangue, por defeito congénito, é incapaz de gerar anticorpos soja com que vacina for.
Devemos ainda notar que o valor de imunidade apontado se refere, a todos os tipos de poliomielite, tanto bulbar como medular, que é o tipo mais comum entre nós. E que sendo o tipo medular o mais grave, quase sempre mortal, é justamente aquele tipo em que a acção imunitária se revela de maior valor.
O alto valor imunitário desta vacina de Salk foi o resultado da descoberta de Euders, Prémio Nobel de Medicina, o qual no Congresso de Copenhaga, em .1951, revelou o êxito das suas experiências no sentido de cultivar os vírus da poliomielite «;m tecidos não nervosos (e por isso não perigosos) e in vitro.
Será esta a ultima palavra da vacina antipoliomielítica? Pode ser que não. Outros virulogistas trabalham em vacinas diferentes, nomeadamente Sabin, que procurou substituir os bacilos mortos da vacina de - Salk por bacilos vivos tornados apatogénicos à semelhança do B. C. G. para a tuberculose.
Seja como for, o certo é que a humanidade, não pode estar à espera da última forma, quando já existe uma vacina fabricada e comercializada e em condições de realizar uniu defesa altamente eficaz. Há que adoptar esta imediatamente, cunhara mais tardo a venhamos a substituir por outra que se revele mais vantajosa.
Ë justamente a comercialização ou fornecimento desta vacina que eu tenho estado a visar ao expor estas considerações preambulares tendentes a justificar o meu voto por uma aquisição breve em larga escala para o nosso país. É que essa larga escrita só pode ser atingida com uma comercialização que a ponha ao alcance, de todas as bolsas, inclusivamente com uma participação do Estado no pagamento de uma parte das ampolas destinadas à venda ao público. Esta participação do Estado podará ainda tornar-se mais valiosa se for reforça-la por uma larga campanha tendente à maior divulgação do seu uso.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nos listados Unidos da América, a National Foumdation for Infantil Paralysis auxiliou as investigações, pagando 1 dólar por cada vacinação experimental, isto é, 1 dólar por cada três ampolas de 1 cm^3 de vacina; e estipulou o preço de 6 dólares para a revenda ao público. Quer dizer: neste preço de 6 dólares, ou sejam aproximadamente 174$. estão incluídos todos os lucros de fabrico e comercialização, considerando um lucro de 30 por cento para o revendedor.
Parece, pois, que ficaram suficientemente acautelados, como é necessário e justo, os imprescindíveis lucros de quem exerce a indispensável e utilíssima função pública de comerciante, que não pode deixar de ser eficazmente remunerada.
Porém, chegam-me informações, que reputo bem fundamentadas, de que o preço previsto para a venda em Portugal é de 240$. Ora, se o preço de venda na América é de 174$ inclui 30 por cento para o revendedor, isto significa que o preço de fornecimento pelo laboratório não pode ser superior, antes inferior, a 134$.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bem sei que da América a Portugal há a contar com o valor do frete, c no nosso país com a importância dos direitos e lucro do importador. Há ainda a acrescentar a distribuição, portes de correio, impressos, etc. Tudo isto corresponde no preço indicado a um agravamento de cerca de 83 por cento. Não discuto a justeza das percentagens necessárias para todos os encargos que o fornecimento ao público comporta. Afigura-se-me, porém, que. só na rica América se estabelecem um preço máximo de venda ao público, num puís como o nosso, com um nível de vida muito inferior, o preço não poderá ser Ião sensivelmente superior. Desta maneira os benefícios da vacina