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1074 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 101

tória, uma outra comunidade, embora em bases diversas, se esboça e se define entre as duas nações irmãs.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - Mais recentemente houve necessidade de deslocar para o Atlântico o centro da zona de defesa ocidental e de mobilizar todos os recursos desta área para a preservação da paz. Este novo condicionalismo teve como consequência uma maior aproximação dos Estados Unidos da América com as nações ocidentais europeias, entre estas Portugal, que dispõe de posições vitais nas rotas do Atlântico. E ao mesmo objectivo de defesa ocidental, da civilização cristã, e dos seus valores espirituais, obedeceu uma política de íntimo entendimento entre Portugal e a Espanha, que com grande antecipação denunciaram os perigos materiais e ideológicos que ameaçavam a Europa e a própria estrutura das suas instituições.

Vozes: - Muito bem, bem bem!

O Orador: - Mas esta política de entendimento e amizade com nações afins da nossa, pela cultura e pela raça ou pela sua devoção à defesa de objectivos comuns, em nada diminui nem o valor nem as razões da aliança com a Inglaterra, que antes pelo contrário e pelas razões fundas e permanentes que tem na História, hoje, como sempre, outra vez se revigora e robusteça permite as novas Contingências da vida internacional.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - A Inglaterra não é apenas uma nação aliada. É também uma nação amiga, merecedora da nossa maior admiração pela firmeza e tenacidade com que procura, preservar a paz, defendendo os grandes ideais humanos da justiça e da liberdade conciliando, ao mesmo tempo, o respeito pelas instituições tradicionais, que fizeram a sua grandeza, com o progresso social, que é aspiração e anseio constante do seu povo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: vai o ilustre Chefe do Estado, cuja vida é um alto exemplo das mais nobres virtudes cívicas e militares e como supremo embaixador da Nação, levar até junto da Rainha de Inglaterra e do seu Governo os sentimentos de estima e solidariedade do nosso povo para com aquele país.
Não há nenhum português que não se regozije com esta viagem e não se orgulhe com o seu duplo significado. Porque, se o convite da Rainha de Inglaterra se integra numa política tradicional de cooperação e amizade, exprime ao mesmo tempo a situação de alto prestígio que Portugal conquistou no concerto geral das nações.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Num mundo depauperado e dividido, conseguimos lançar sólidas bases de ressurgimento, empenhamo-nos afincadamente por elevar, na metrópole e no ultramar, o nível moral e material das populações que vivem na protecção da nossa bandeira e, no respeito absoluto pela palavra dada e pelos compromissos assumidos, fazemos parte da associação de povos que por entre todos os perigos, dificuldades e sacrifícios, procura assegurar a sobrevivência do mundo livre e, com ele, daqueles princípios aos quais, em mais de oito séculos de história, permanecemos inalteràvelmente fiéis.
Na ocasião em que a Assembleia Nacional, nos termos da Constituição, dá o seu assentimento à viagem do Chefe do Estado a Inglaterra, formulemos sinceros votos pelo seu êxito, envolvendo numa expressão de viva admiração e simpatia a grande nação britânica e ao mesmo tempo, a sua jovem e excelsa soberana, em cujo reinado desejamos ardentemente que realize todos os anseios que traz no pensamento e todas as esperanças que enchem o seu coração.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sebastião Ramires : - Sr. Presidente: Governo de Sua Majestade Britânica quis tomar para si a honrosa iniciativa de convidar S. Ex.ª Sr. Presidente da República para visitar oficialmente a grande capital do Reino Unido e da Comunidade no próximo Outono.
A este simples anúncio acodem ao nosso pensamento seis séculos de amizade e de solidariedade entre os dois povos que no grande rio da História entre interesses muitas vezes desencontrados, caminharam sempre a par, auxiliando-se nos tempos difíceis, respeitando-se nas horas fáceis, inalteràvelmente fiéis a um juramento de fidelidade que fizeram dois soberanos de espírito construtivo e aberto ao futuro, na era de Trezentos, como se traçassem uma longa rota a percorrer. É já longa a jornada desde as horas de ansiedade em que o mestre de Avis - o primeiro cavaleiro estrangeiro da Jarreteira - firmava em face de um inimigo poderoso de larga zona de incompreensão interna, a independência do Reino, até aos momentos da Flandres e dos Açores, que todos vivemos, juntos pelejaram em cem batalham, misturando as glória o sangue dos seus filhos, e juntos viveram as angústias das grandes incertezas levantadas pelas ambições dos estados rivais.

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - É naturalmente para a velha aliança, a mais antiga do Mundo, como Churchill costuma dizer, que o nosso pensamento se volta a fixar-se na importância da visita que era termos sóbrios o Governo comunica à Assembleia.
A mocidade e força de que dá prova na sua perenidade é o mais saliente dos factos a sublinhar.
As encetar a caminhada do seu reinado, que a Deus para fazer longo, pacífico e venturoso, entre a justiça e a tolerância, no entendimento dos povos, a jovem Rainha do Reino Unido, chamando as nações amigas da turra, pôs Portugal entre as primeiras.

Vozes : - Muito bem!

O Orador: - Não surpreende a atitude, mas nesta época de áspero egoísmo em que vivemos é impossível não nos regozijamos com ela, como símbolo de uma solidariedade que nada conseguiu diminuir.
Portugal afirma-se, assim, no primeiro plano internacional pelo reconhecimento solene da grande nação britânica.

Vozes: - Muito bem !

O Orador: - É neste plano político que essencialmente a visita de S. Ex.ª o Presidente da República tem de ser considerada.

Vozes : - Muito bem !

O Orador: - Estamos em face da proclamação categórica da solidariedade do Ocidente e, dentro dela,