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17 DE DEZEMBRO DE 1956 205

A primeira reside no farto de não dispormos do energia eléctrica suficiente para que a redução se pudesse fazer pelo processo do forno eléctrico.
A segunda consiste na circunstância de o processo Renn, não estar suficientemente> amadurecido, apresentando no momento actual alguns inconvenientes, além de exigir para a fusão das lupas um peso igual de sucatas, que não possuímos, para o volume de produção que se pretende, inicialmente e no futuro, alcançar.
Analisemo-los.
Quanto ao primeiro - insuficiência de energia eléctrica-, observaremos que o problema é mais de polítiva governamental do que de política económica.
Não teremos energia eléctrica se o Governo não quiser que a tenhamos.
E quer de certeza, porque outra não tem sido a política que segue nos aproveitamentos hidráulicos.
Mas não a temos agora, não a temos para já. dir-nos-á a empresa.
Certamente que. possuindo alguma, ainda não temos ioda a que o empreendimento exige para a redução do minério pelo processo eléctrico. Mas podemos lê-la amanhã, pelo aproveitamento integral da energia hídrica dos nossos rios, pela utilização da energia atómica, em que já se fala, dada a riqueza de urânio que possuímos.
Não a temos hoje em quantidade suficiente para realizar por inteiro a 1." fase do programa estabelecido. Mas podemos ir indo, como de facto a empresa parece querer ir, para uma parte dessa fase, enquanto se espera o aumento da nossa produção de energia eléctrica, e desenvolvê-la na medida, em que este aumento se verificasse.
Não se perdia nada e talvez até se lucrasse muito.
Cumpriria à emprega solicitar do Governo providências no sentido de lha garantir o mais depressa possível e cumpria ao Ministério da Economia tomar as medidas necessárias para lhe dar essa garantia.
Se o cumprimento da promessa levava algum tempo a realizar-se, não é menos certo que algum tempo demora, u construção das instalações para o estabelecimento da indústria. E as duas coisas podiam perfeitamente conjugar-se.
O certo é que poder-se-ia desde já ir pondo a máquina a funcionar, sem pressas, sem precipitações o sem preocupações de grandezas iniciais, mas com segurança e calma, até para adestramento do pessoal, por forma a eliminar os riscos que a vastidão do empreendimento necessariamente comporta.
E não infringíamos mais as directivas do Conselho Económico do que o projecto da empresa os infringe, antes pelo contrário.
Por outro lado teríamos ainda, e nesse meio tempo, o processo Renn, cujas vantagens actuais são já superiores, e em muito, aos seus inconvenientes.
Observe-se que este processo está naturalmente indicado para a redução dos minérios com elevado teor de sílica, como são os nossos de Moncorvo e como são os da Checoslováquia, a que se refere o trabalho editado pelas Nações Unidas que tive a curiosidade de ler.
E anote-se também que os nossos minérios de Moncorvo são muito mais ricos em ferro do que. os minérios daquele país, pois, enquanto o minério checoslovaco tem um teor de ferro de 28 por cento, o de Moncorvo possui um teor de 40 a 50 por cento, o que reduz o desenvolvimento das poeiras consideravelmente, que é um dos três inconvenientes apontados nesse estudo, e diminui ainda os cultos de produção, por ser maior a quantidade de ferro obtida com os nossos minérios, quase com o dobro da riqueza em ferro, o que constitui o terceiro dos inconvenientes também ali anotados.
E é curioso fazer este apontamento:
No ano em curso a produção na Checoslováquia foi de :
Milhões de toneladas
Carvão .............................................................. 21,5
Coque ............................................................... 6,15
Gusa ................................................................ 2,8
Aço ................................................................. 4,6

Isto é produzia mais 1 800 000 t de aço do que de gusa. Este excedente proveio do processo Renn. E porque será que a Checoslováquia, país com produção nacional de coque está hoje, depois de treze anos de experiência com o forno Krupp-Renn, a ampliar as suas, instalações deste tipo?
Porque havemos de hesitar nós, que não dispomos de 1 g de coque?
Ficamos á espera da última moda?
Pois então podemos esperar eternamente, porque o progresso não pára e a última palavra não sei se chegará algum dia.
Mas observar-nos-a ainda a empresa: nós não temos as sucatas precisas para a fusão das lupas obtidas pelo Renn.
Por mim, não sei se as temos todas ou se as não temos, porque nem a empresa, afirmando-o, nem o despacho concordando, forneceram elementos seguros para se lhes calcular as existências.
Sabe-se apenas que grandes quantidades saem do País por vias legais e até ilegais.
Mas, se as não temos na totalidade de que se carece, temos no entanto as precisas para se iniciar e ir desenvolvendo o processo.
Em resumo: sincronizando os dois processos, eléctrico e Renn, teríamos desde logo um volume de produção inicial aceitável, sem se renunciar à autarquia e sem receio de comprometer o futuro da indústria, satisfazendo um legítimo anseio nacional. Convém experimentar antes de nos lançarmos ao empreendimento. Não somos tão ricos que possamos jogar na aventura de semear siderurgias por esse. país fora, como a Empresa projecta.
Sr. Presidente: a empresa bateu-se sempre pela localização em Alcochete. Compreende-se perfeitamente, e em toda a sua extensão, o seu interesse.
O parecer do Conselho Superior s até as opiniões do ilustre titular da pasta da Economia pareciam dar-nos a indicação bastante clara da localização no Norte do Pais, pelo menos na parte referente à electro-siderurgia.
(Conf. De 22 de Março e 8 de Maio de 1956, no Diário da Manhã).
0 despacho de 15 de Agosto último foi uma tremenda - decepção para o Norte e mais concretamente para o Nordeste do País, de desastrosos efeitos políticos.
Mas terá razão de ser esta inopinada e brusca resolução? Vejamos:
A época da grande concentração das indústrias já passou.
São conhecidos os seus inconvenientes de ordem económica. social, sanitária e até militar. Estudos realizados nos grandes países industriais levaram a essa descoberta. E hoje, nos Estados Unidos, na Inglaterra, na Alemanha e. na França, entende-se que no sistema de distribuição industrial contemporâneo a desconcentração da indústrias é o regime mais conveniente.
O nivelamento das economias das populações, pela elevação do nível da viria das regiões subdesenvolvidas é uma das preocupações que dominam as actividades dos governos.
Entre nós fala-se muito nisso, mas pouca gente se dispõe a pô-lo em prática. A associação da indústria à lavoura é um imperativo social da hora que passa e no