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13 DE ABRIL DE 1957 679

económica»; portanto, mais fartura e segurança para todos.
E este um dos capítulos mais transcendentes da política nacional, porque o reajustamento da nossa população não só envolve o problema económico e social no seu conjunto como também a nossa grande função histórica, a função povoadora.
Assegurando a preponderância do sangue português no Brasil e o povoamento intensivo dos nossos vastos territórios africanos, revigoraremos a comunidade, tornando mais homogéneo o seu corpo e maior o seu poderio exterior: a força em que nos apoiamos nos conselhos das nações.
O reajustamento da população implica a Deforma da política agrária no sentido do aproveitamento mais racional das terras: mais florestas, mais pastagens, mais pomares, mais culturas irrigadas, mais indústrias de produtos alimentares; melhoras técnicas e ia mecanização intensiva, libertando a agricultura do excesso fie mão-de-obra, que é causa, da sua baixa produtividade.
Na industria a situação e diversa. O problema, que ai se nos depara é, sobretudo, o da reconversão, o problema da adaptação e orientação da nossa indústria, em vista ao novo condicionalismo mundial que o euromercado veio criar, essencialmente comandado, já não pelas fronteiras políticas, mais pelas fronteiras geográficas de concorrência efectiva entre produtores da mesma espécie ou espécies concorrentes.
O problema, consiste em determinar quais são as novas fronteiras de concorrência para as nossas indústrias, depois de reapetrechadas por forma a atingirem o grau de «automação» necessário ao máximo alargamento economicamente útil do seu território concorrencial, sabendo-se, como se sabe, que as fronteiras de concorrência são largamente condicionadas pela localização dos centros produtores com relação uns aos outros e aos centros de consumo. São as facilidades e o custo dos transportes e o elemento tempo, que a distância envolve, a comandarem em larga medida, o fenómeno.
Quando a integração tenha avançado ao ponto de equilíbrio da produtividade entre ias diversas unidades produtoras da mesma espécie, serão sempre e afinal os factores naturais, a realidade da localização dos centros consumidores com relação aos centros de produção e a destes entre si, que hão-de decidir da sua distribuição geográfica.
Não vale já hoje a pena construir planos de industrialização em consideração apenas do restrito mercado nacional.
Numa economia em que a concorrência se estabelece entre poderosas unidades fortemente dinâmicas na sua estrutura tecnológica, o papel do comércio adquire primacial importância.
O problema da reestruturação do comércio português ao nível do euromercado põe-se, assim, com premente acuidade. Pulverizado ou descapitalizado, em todo o caso com débil base financeira e insuficientemente dotado de quadros técnicos, o comércio português, no estado actual, dificilmente poderá cumprir a sua missão num mercado em que tem de defrontar-se com vastas cadeias, concorrer com especialistas de óptima formação e larga experiência e medir-se com organizações dotadas de magníficos quadros técnicos e ampla base financeira.
O comércio moderno tende para dois pólos de organização: ao plano do retalho, a grande loja em cadeias, que abarca vasta gama. se não a generalidade, dos produtos de consumo, e, no plano de comércio por atacado, a empresa especializada. E fácil verificar que entre nós o fenómeno se não tem desenvolvido senão imperfeita e lentamente.
Pela posição intermédia das várias camadas do consumo e da produção no seu complexo escalonamento, o comércio constitui a estrutura do mercado. Comércio e mercado em certo modo confundem-se.
O custo da comercialização pode ser um elemento importante dos preços s, portanto, do nível do vida. o que dá particular relevância ao problema da produtividade na distribuição.
Este problema tem preocupado os meios comerciais, os sectores da produção, os governos e os parlamentos nos principais países. Várias formas de reestruturação tom sido preconizadas, com a supressão de certas camadas, a concentração noutras, a expansão de determinadas formas, a criação de novos tipos de organização e ainda, a instauração de serviços novos, como o das relações com o público o, finalmente, «automação».
Em todo o caso, tenhamos cuidado! Na ânsia de tudo submetermos ao factor custo, não vá afectar-se a vitalidade do comercio na espontânea formação das suas unidades, na sua natural orientação.
Entre nós a restruturação do comércio implica uma considerável redução no número total dos que nele trabalham, com apreciável aumento dos quadros técnicos e dos especialistas.
Não poderá o comercio reabsorver de pronto em novas especialidades senão parte mínima do pessoal que libertar, porque, como autos disse, o comércio se não desdobra iudefinidamenU1 em novas espécies, ao contrário do que sucede na indústria.
Assim, o acréscimo da produtividade no comercio implica a reabsorção dos seus excedentes por outras actividades ou a sua deslocação geográfica, o que nau constituirá, porventura, um problema insolúvel no mundo que estamos preparando.
Mas não são só os problemas do custo da distribuição que há a considerar na reestruturação do comércio como factor da expansão do mercado. São muitos e variados os que ficam de fora. Destaco um só: o da venda a prestações, pela sua importância como factor de alargamento do mercado. Até onde é conveniente a venda a prestações? Quando passa ela a ser pesada hipoteca sobre os consumos futuros ou causa de congelamento do crédito na sua pior forma, na que tem por contrapartida bens destruídos ou em processo do rápida destruição? Como estruturá-la em benefício permanente da expansão?
Também a política das infra-estruturas carece de ser revista, no sentido de se eliminar ou ajustar o que nela possa encontrar-se em desacordo com o novo condicionalismo e ampliá-la naquilo que as possibilidades de um mais amplo mercado aconselharem, estabelecendo as prioridades mais convenientes e acelerando a execução das obras, porque o nosso ajustamento terá de ser rápido para ser operante, tão distanciados estamos do nível tecnológico dos grandes centros europeus do produção.
Os problemas da reconstrução adquirem assim uma. grandeza tal que excede a nossa capacidade de os resolvermos ou de lhes acudirmos a curto prazo. Por isso, ao entrarmos na nova era devemos ter a consciência dos grandes riscos que nos esperam e a vontade firme de lhes fazermos frente orientados por ideias claras sobre o objectivo final a alcançar. Por isso, tão importante é traçar a tempo as linhas mestras do futuro Portugal.
O ultramar é no conjunto dessas linhas mestras um factor preponderante.
A sua posição no todo econónino nacional condiciona fortemente a nossa reconstituição. O povoamento é o problema fundamental que tudo domina. Não sei