O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

64 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 60

Na dor da partida, n cidade do Mondego poderia memorar aquelas formosas palavras proferidas por um alto espírito da sua Universidade, hoje o nosso querido leader - o Prof. Doutor Mário de Figueiredo:

Conhecemo-nos há vinte anos e ficámos amigos logo que uns conhecemos. Adivinhava-se em ti o homem fadado para grandes coisas. Uma inteligência de iluminado que não magoava; uma alma sempre sedenta das fortes cores da Primavera e que era discreta; uma sensibilidade aos borbotões que precisava de cilícios e, uma vontade a que a fé mio faltava com os cilícios para macerar a sensibilidade.
Até aonde te levará a Providência Divina!

Ainda os ecos desta interrogação se não tinham apagado e já o País colhia a certeza do seu justificado fundamento; logo em 1929, o então arcebispo de Mitilene foi designado patriarca de Lisboa e elevado à glória do candidato.
Em sua mente perpassaria então a memória de D. Miguel de Castro, S. Rodrigo da Cunha, D. João de Sousa, D. Tomás de Almeida, D. Guilherme de Carvalho, D. António Mendes Melo e tantos outros, que à Sé de Lisboa emprestaram o brilho do seu talento e o laurel das suas virtude.
A compenetração de uma continuidade resplandecente avulta naquelas iluminadas palavras que, por ocasião das comemorações centenárias, D. Manuel Gonçalves Cerejeira haveria de proferir do terraço da galilé da sua velha catedral românica:

Quem vos fala é-o sucessor de tantos bispos que desde o Rei Fundador, foram nesta vetusta. Se os intérpretes, perante Deus, dos votos e das acções de graças da Nação Portuguesa. Aqui vieram os reis e os governos, e a nobreza e o povo, todos os que fizeram Portugal e o engrandeceram, cantar o Te Deum, das horas heróicas da Pátria. Esta ougusta Catedral é como o coração da Pátria; não houve dor nacional que a não fizesse chorar, como não houve alegria, nem vitória, nem glória, que a não fizesse estremecer jubilosa mente em cântico triunfal .. .

O que tem sido o magistério do cardeal Cerejeira, patriarca de Lisboa, nesta idade de repara-lo, promessa e esperança, refulge, como página de ouro, nos anais da Igreja em Portugal. Tendo amado tanto os livros e estudando hoje só uni que é, Cristo Crucificado, resplandece na mais elevada cátedra da Nação Portuguesa, em acções que são vocação de amor, em palavras eloquentes que a posteridade, eternizará, corporizadas nas famosos Obras Pastorais.
Nas missões de cardeal legado, nos congressos nacionais e internacionais, nas jornadas cristas e patrióticas pelo mundo português, nos fastos memoráveis de Fátima, na criação da Acção Católica, na obra dos seminários e valorização do clero, na adopção dos méis modernos de difusão da verdade cristã, na renovação da arte religiosa, o advento do cardeal Cerejeira tem sido sempre saudado com aquelas palavras que um dia Afrânio Peixoto lho dirigiu ao recebê-lo na Academia, Brasileira de Letras:

Se esta casa tivesse um núncio de suas emoções, rumo os templos, estaria agora n sino a repicar, festivamente, publicando a grande alegria que aqui vai dentro. Recebemos um príncipe da nossa igreja, que, de longe, nos veio procurar. E esse grande dar Terra é um português. E esse lusíada é um humanista, que, perto de Deus embora, sabe falar aos homens na mais bela-escrita literária.
Também os sinos da torre da velha Universidade repicaram no passado dia 29.
E depois do encantamento da oração da despedida todos nós ficámos convencidos, como o fez notar o prelado universitário, de que o Sr. D. Manuel Gonçalves Cerejeira não se afasta de nós: continua a exercer o altíssimo múnus em que está investido guiando espiritualmente a gente portuguesa, que tanto lhe deve, na formação de uma consciência nacional.
Tenho dito.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador fui muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

rdem do dia

O Sr. Presidente: - Está em discussão na generalidade a proposta de lei de autorização de receitas e despesas para o ano de 1959.
Tem a palavra o Sr. Deputado Urgel Horta.

O Sr. Urgel Horta: - Sr. Presidente.: subo mais uma vez as escadas desta tribuna animado, como sempre o tenho feito, dos mesmos propósitos, do mesmo espírito, dos mesmos sentimentos: contribuir com uma parcela ínfima do meu reduzido saber para esclarecimento de determinados pontos da Lei de Meios agora em discussão. E faço-o dentro da maior fidelidade aos princípios que regem e orientam a doutrina, política que professo, defendo e, apoio, usando do direito de crítica que me assiste, cujos limites jamais excedi, obedecendo inteiramente aos ditames da minha consciência, indicativos e fiadores de uma actividade sinceramente colabora e digna.
As minhas palavras e às minhas expressões não é possível dar outro significado além do que lhe emprestam e dão os meus actos, sempre guiados pela claridade do meu. pensar, norteados pela mesma fé e animados pelo mesmo amor à defesa da causa pública, dedicando-lhe a mais reconhecida e sincera compreensão.
Para criticar com isenção e com acerto é necessário estar dentro da verdade, rendendo-lhe o merecido culto, olhando os problemas com toda a objectividade que eles atingem, alheado de falsos preconceitos, colocando acima de mesquinhos interesses o verdadeiro interesse da comunidade, que é o interesse nacional.
Não é, Sr. Presidente, cultivando derrotismos, semeando intrigas, criando ambientes deletérios e alucinantes, propagando ideias falsas que pode desenvolver-se uma acção crítica de reconhecimento con.strutivo, com salutares efeitos para a sociedade em que vivemos. Só é possível trabalhar-se com frutuoso proveito dentro de uma paz de espírito, dentro de um espírito de confiança, de calma, de reflexão, com independência e com verdade, observando e interpretando os factos no seu verdadeiro aspecto e no seu profundo significado, sem adulterações Ou maledicências, impróprias de homens de boa fé.
Os excessos de linguagem, pouco pensada ou menos reflectida, conduzem as mais das vezes a situações que contrariam inteiramente certas posições, dando a impressão de alinharmos em grupo de que nunca fizemos parte e onde nunca pretendemos militar, visto as palavras irreflectidamente proferidas parecerem atraiçoar os sentimentos que não estão na sua essência. É essa aparente falsidade de situações e posições, tantas vezes explorada, que há necessidade de corrigir, não esquecendo o que somos, o que representamos como elementos