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13 DE DEZEMBRO DE 1960 159

da doutrina cristã, existe e se mantém em todo o seu esplendor.
O aproveitamento da Quinta da Prelada para o Hospital de Convalescentes Traumatizados, transformado mais tarde em Centro de Recuperação, apus os necessários arranjos cie adaptação, é tarefa em marcha, já projectada e bem firmada no valor representativo da sua acção.
A edificação na Quinta Marinho do Lar das Alunas da Escola de Enfermagem, no qual se gastou a verba de 1300 contos, e o projecto de construção na mesma
propriedade do edifício destinado à própria Escola, para o qual se aguarda a comparticipação pedida, representam notável conquista, favorecendo, aquele núcleo, o início da sua valorização, no aproveitamento urbanístico da zona, referida.
Sr. Presidente: a falta de um centro de reanimação neurorrespiratória, bem sentida no Porto pelo Hospital de Santo António, é outro problema grave e preocupante para a mesa da Santa Casa, empenhada como está em resolvê-lo, dentro de uma amplitude de maior acção, na sua comprovada utilidade.
Na verdade, a aquisição do chamado «pulmão de aço» não basta para os diversos tipos de reanimação neurorrespiratória, cujos acidentes surgem, quer na prática cirúrgica pós-operatória, nitidamente ligada à anestesia, quer na prática da medicina, compreendendo a reanimação de urgência e a reanimação prolongada, relativa às diversas neurinfecções e afecções cérebro-medulares, como sejam a poliomielite, síndroma de G. Barre, traumatismos cranianos e medulares, etc., as paralisias .de diferente natureza, tétano e outras afecções; as intoxicações por narcóticos, pelo óxido de carbono e outras e ainda certas insuficiências respiratórias de origem pulmonar. A questão tem de pôr-se como a Misericórdia pretende, não havendo justificação de base sólida para ser criado um centro unicamente para formas de paralisia respiratória, provocadas pela poliomielite, mas sim procurando-lhe função mais completa, seguindo exemplo tirado do centro de reanimação respiratória do Hospital Glande Bernard, do Hospital des Enfants Malades, em Paris, e do Blegdam Hospital, de Copenhaga.
Quando, em 1958, houve, entre nós, um grave surto de poliomielite, a Sacor, numa acção de meritória benemerência bem louvável, manifestou o desejo de oferecer ao Fundo de Socorro Social um subsídio de 325 000$, destinado à criação de um centro de tratamento de formas agudas de poliomielite paralítica, a que seria dado o nome do Sr. Presidente do Conselho.
Uma ideia principiou então a germinar nu espírito dos corpos administrativos da Misericórdia, muito especialmente no espírito do seu provedor: o estabelecimento de um centro completo de reanimação neurorrespiratória.
O Hospital Joaquim Urbano, estabelecimento do Estado, não poderia ser utilizado para tal fim, pelas múltiplas dificuldades que o caso apresentava: falta de instalações próprias, carência de aparelhos e técnicos para determinações analíticas e dificuldades na prática de intervenções cirúrgicas, quando necessárias.
O donativo feito pela Sacor foi então aplicado na aquisição de dois pulmões de aço e de um respirador portátil, idêntico aos usados no centro do Hospital Claude Bernard, dirigido pelo conhecido neurologista Prof. Mollaret - pulmões e aspirador que no Hospital Joaquim Urbano, nenhuma função desempenharam até este momento.
Não poderiam os pulmões de aço ser transferidos para o Hospital de Santo António, onde, pela aquisição de outra aparelhagem, se completaria o laboratório de exploração profissional com o já existente Centro de Estudos de europatologia, dirigido pelo Dr. Corino de Andrade, prestando assistência a todos quantos nos diversos sectores médicos ou cirúrgicos tivessem necessidade da reanimação neurorrespiratória?
Não faltariam no Hospital de Santo António as instalações adequadas, o pessoal especializado necessário e os clínicos que trabalham nos serviços de neurologia e centros anexos, que, como bolseiros, estagiaram em Nancy e em Paris, especializando-se em serviços de tão alta delicadeza e gravidade como são os problemas de reanimação neurorrespiratória.
Para o Governo, e muito especialmente para o Sr. Ministro da Saúde e Assistência, tão justamente considerado, apelamos, chamando a sua especial atenção para, dentro da aplicação das bases que estamos discutindo, dar resolução a problema de tanta actualidade, como salvaguarda devida para muitos dos habitantes do Porto.
Sr. Presidente: dentro dos empreendimentos de que o Porto necessita, que há muito e largamente venho defendendo, encontra-se o estabelecimento de uma delegação do Instituto do Cancro, já prometida, mas não efectivada. Não se compreende semelhante falta em meio tão populoso como é o Porto, considerado o centro do Norte do País, onde essa terrível doença faz numerosas vítimas pela ausência de recursos, a que o centro anticanceroso daria remédio.
Quando, em 1923, foi publicada a lei que criava o Instituto do Cancro em Lisboa, esclarecia o seu conteúdo que delegações desse Instituto seriam colocadas noutras regiões onde, a sua necessidade se verificasse. Assim se procedeu já para com algumas, de menos importância que o Porto, onde u percentagem de atacados pela terrível doença é, com toda a evidência, mais elevada. Aqui deixamos este pequeno apontamento, prometendo voltar a tratar o assunto com mais largueza, tão grande é o contributo que essa instalação representaria no combate a neoformação patológica, com percentagem de mortalidade aterradora.
Sr. Presidente: dentro dos princípios que sigo, quero agora tratar de um problema que diz respeito a Vila Nova de Gaia, senhora de uma população activamente laboriosa, que no comércio, na indústria e na agricultura emprega quase totalmente a sua gente, num progressivo ritmo de engrandecimento do seu velho burgo. Ciosa das suas tradições e dos seus velhos pergaminhos, que remontam à fundação da nacionalidade, a que deu uma parcela do seu nome, tem gozado nos últimos anos de um surto de progresso, que lhe dá, em diferentes aspectos, foros de cidade, com pleno desenvolvimento urbanístico e social.
Justos são os anseios e as aspirações que mantém, uns já realizados, outros a caminho da sua realização e ainda outros bem dignos de serem acarinhados e atendidos. O seu hospital, em adiantado estado de construção, representava uma necessidade que a exigência da sua população justificava plenamente. Caminha a passos firmes para a sua finalidade esse notável empreendimento assistencial, a que um homem, animado pela fé do espírito benemerente, forte e empreendedor nos seus desígnios e distinto nas suas actividades, impregnado de verdadeiro amor pela terra que lhe foi berço, meteu ombros em empresa de tão grande projecção e nobreza, pedindo e conseguindo a colaborarão do Estudo paru realizar o sonho que há largos anos vivia na sua alma: a criação do hospital de Vila Nova de Gaia.
Bem merece Manuel de Barros o louvor que aqui lhe deixo, e neste louvor, que abrange o Governo, vão os votos para que o remate da obra, tão valorizante na caridade para bem dos pobres doentes, que